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domingo, 29 de dezembro de 2013

A Nova Era



A Nova Era ou a Idade de Aquário será de facto o verdadeiro impulso que parte de mundos superiores na busca, procura e reencontro do nosso ser interior?

Nova Era - A Idade de Aquário
Os filósofos da Nova Era defendem que entrámos numa nova época de mudanças fundamentais. A Idade de Aquário, na qual - segundo os cálculos dos antigos Gregos - nos encontramos desde 1950, é marcada por uma nova consciência, em que se combinam várias «consciências individuais» que assim ascendem a um nível superior. Cada um de nós deve ser mais responsável por si próprio, pela Humanidade e, pelo planeta.
As redes globais possibilitam processos mentais no sentido da imagem integral do ser humano. Aos períodos convencionais da Antiguidade e das Idades Média e Moderna, junta-se agora a Nova Era que, no entanto, não designa um determinado espaço temporal, mas sim determinadas qualidades do tempo.
"Chegou o tempo de cada um encontrar o seu mestre interior e, a paz dentro de si, antes de trazer a paz ao mundo", afirma George Trevelyan (n. 1906), filósofo desta corrente.

A Alunagem
Os últimos dois milénios passaram-se sob o signo de Peixes - a Era das descobertas e das invenções - seguida agora pela Idade de Aquário, uma época de energias mentais e, espirituais. O desenvolvimento cronológico não se orienta por nenhuma data concreta, embora haja quem defenda que o nascimento de Jesus Cristo assinalou o início da Idade de Peixes e que, a chegada do Homem à Lua, marcou o início da de Aquário. Pela primeira vez, o ser humano saiu do seu espaço vital, a Terra, e pisou outro corpo celeste.

Pensar globalmente, Agir localmente
Muitas das ideias fundamentais da filosofia da Nova Era, foram formuladas pela escritora norte-americana Marilyn Ferguson, que escreveu no seu livro «The Aquarian Conspiracy» ( A Conspiração de Aquário), publicado em 1983, a seguinte palavra de ordem: "Pensar globalmente, agir localmente." O cerne do seu trabalho assenta numa transformação cultural, numa mudança de paradigma, como lhe chama.
Os valores que marcaram a nossa sociedade no passado, como por exemplo, a ideia da Natureza enquanto sistema mecanicista, devem ser substituídos por pensamentos, percepções, conceitos e valores modernos.
Marilyn Ferguson defende ainda, uma perspectiva ecológica para o mundo, o acesso total à saúde, medicina, economia, tecnologia e mesmo uma nova visão de teor feminista profundamente espiritual.

Capacidades Ocultas
Na China, o conceito de «crise» é composto pelos caracteres que significam «perigo» e «oportunidade»: é uma problemática que M. Ferguson usa como fio condutor do seu trabalho. Quando descreve os vários efeitos de uma mudança de paradigma, recorre à combinação de crise e transformação, de perigo e oportunidade. A sua «conspiração» aponta ao indivíduo os caminhos para uma nova orientação e, a descoberta de capacidades até agora por revelar.
Entre os numerosos pioneiros da Nova Era, encontra-se o britânico George Trevelyan, director de um centro de «Formação Espiritual de Adultos» em Cambridge, o qual remete constantemente nas suas obras para uma simbiose entre os conhecimentos das modernas Ciências Naturais e, as formulações dos místicos.
Também o físico nuclear norte-americano Fritjof Capra abraçou as ideias da Nova Era: na sua obra «The Tao of Physics» (O Tau da Física) procura pontos de contacto entre a experiência mística e, a mentalidade científica. Os paralelismos por ele descobertos levaram à formação de uma nova imagem do mundo.

O Mestre Interior
Nos círculos espirituais, George Trevelyan é considerado o «guru» da Nova Era. Não só é um dos edificadores da Fundação Escocesa Findhorn - que acredita nos espíritos da Natureza e se guia pelas suas recomendações no que respeita ao cultivo dos alimentos - como também se diz que é o conselheiro espiritual secreto do príncipe Carlos, herdeiro do trono do Reino Unido.
G. Trevelyan também ficou famoso pelos seus estudos sobre a doutrina natural Havaiana e, na qualidade de «Prémio Nobel alternativo». Assevera então: "O mais importante é que as pessoas compreendam que a Nova Era não é um plano mental, pensado por alguém que quer melhorar a sociedade. Acreditamos que, é um verdadeiro impulso que parte de mundos superiores, mas de uma maneira que não choca com a liberdade humana. Devíamos aprender a encontrar o nosso próprio mestre interior. Só existe uma pequena parcela do Universo que, o «eu e o tu» controlam: o nosso ser interior!"

Até dar o primeiro passo na Lua, o ser humano teve que dar muitos passos na Terra. As missões Apolo - que permitiram a primeira alunagem, tripulada em Julho de 1969 - começaram em Fevereiro de 1967.
A 11 de Outubro do ano de 1968 teve lugar - após numerosos testes - o primeiro voo espacial tripulado. Por fim, em 20 de Julho de 1969, o primeiro homem pisou a Lua. Como tal, na perspectiva exterior da aventura do Homem fora do que lhe era estabelecido na Terra, ter-se-à criado uma maior libertação em conhecimento e ambição do que até aí este sustinha. Daí, o tal passo gigante para a Humanidade e pequeno, muito pequeno para o Homem, que assim se achou digno em consideração e propriedade do que não era seu nem nunca o seria mas, de todos nós, em mais vasto conhecimento do que está para além das estrelas e tão só, do nosso planeta Terra em satélite lunar. Nova Era, nova mentalidade ou nova abertura de mentes e consensos perpetuado em nós por uma vida mais saudável e mais concisa com o que de nós se espera em pureza, liberdade e autenticidade. Mas isso, será uma quimera ou então uma simples afirmação sobre todos nós também, se nos forçarmos um pouco a que essa mudança se faça e surja em nós como flor a despontar. A Nova Era ou a Idade de Aquário, essa nossa e nova condição para que sejamos mais alegres e, supostamente mais felizes, muito mais felizes. Assim seja então, por esta Nova Era que nos abraça agora!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A Hora do Fim



"No tempo do fim, o mar ficará seco e então os barcos já não irão a Itália. A Ásia, grande e fértil, será água e Creta uma planície."
                                                                                     Profecias Sibilinas (séculos V e VI)

A Catarse Planetária
A catarse planetária ou simplesmente o medo do fim do mundo que, desde tempos ancestrais, os profetas descrevem com imagens de colossais catástrofes naturais. A citação acima referida é um registo do quinto livro das Profecias Sibilinas que datam dos séculos V e VI.

Imagens do Fim dos Tempos
Os modelos em que se baseavam os profetas do fim do mundo assentavam na Natureza que, com as suas tempestades, terramotos, erupções vulcânicas e demais desordem atmosférica ( furacões, tornados e dilúvios), constituía o arsenal do pretenso visionário. Este apenas tinha de elevar os medos a um nível cósmico, coisa que os antigos profetas fizeram eficazmente.
Jeová, nome de Deus no Antigo Testamento, anunciou no século VIII a. C., através do profeta Isaías (13, 13): "Para tanto, sacudirei os céus e a terra será abanada desde os seus fundamentos. É a manifestação do furor do Senhor do Universo, o dia da sua ardente ira."

Quadros Apocalípticos Primitivos
A sensação de que a catástrofe final iminente, acompanha a Humanidade desde há quase três milénios. Actualmente, muitos pensadores e filósofos afirmam que já não existe nenhuma ideia de futuro, mas sim apenas hipóteses de eventuais catástrofes ecológicas, económicas ou bélicas. Estas hipóteses fazem parte dos quadros apocalípticos primitivos, que se enriquecem com o que cada época lhes acrescenta.

A Hora do Fim
No princípio dos tempos, a ideia da destruição do mundo estava associada à certeza mítica de que esta seria seguida de uma nova época de esplendor: o Apocalipse como purga ou indispensável catarse planetária. O medo do fim do mundo era relativo, já que encerrava em si uma certa esperança de renovação. Mas, quanto mais certezas míticas ou religiosas se perderam, mais cresceu o medo da destruição global. O Apocalipse converteu-se - na época das armas de destruição em massa - numa possibilidade real. Ao que parece, já não é necessário nenhum tipo de juízo final divino, pois os humanos forjaram a sua própria espada de Dâmocles.

Uma Profecia de Nostradamus
O final do século XX foi marcado por medos catastróficos e, um clima de «fim do mundo». Uma quadra da obra «Prophéties» (10.ª centúria, 72), do mais popular de todos os profetas, Nostradamus (1503-1566), ainda veio aumentar mais os receios: "No ano 1999 e sete meses/Do Céu virá um grande Rei de atemorizar (...)." Muito foi interpretado a partir destas linhas, desde uma guerra nuclear à queda da estação espacial Russa MIR sobre Paris e, ao impacte de um gigantesco asteróide na Terra. No entanto, como demonstrou o doutor Elmar Gruber, perito em Nostradamus, aquilo que o profeta tinha em mente era o eclipse solar de 11 de Agosto de 1999, que foi visível em muitas zonas do planeta.
De acordo com o calendário Juliano - o que se usava na época de Nostradamus - a data do eclipse seria no dia 29 de Julho de 1999. Uma profecia?...Não. Nostradamus era especialista em calcular e interpretar constelações astronómicas e fenómenos celestes. Naquela altura, já se conhecia o «saros» - um calendário periódico - segundo o qual, os eclipses do Sol e da Lua se repetem ciclicamente ao longo de vários milénios. Gruber demonstrou que Nostradamus não usou quaisquer artes proféticas, mas sim a sua habilidade, para chegar àquele resultado.

Sinais Precursores Ameaçadores
Os fenómenos celestes insólitos, como os cometas, os eclipses e as constelações astrologicamente «temíveis», são desde a Antiguidade sinais de uma catástrofe iminente. Os Astrólogos observavam continuamente o firmamento e, anunciavam com regularidade, desgraças do alcance universal. Não houve nenhum século em que o Homem não acreditasse que o fim do mundo estava prestes a acontecer.

Profecias Falhadas
O medo das profecias de catástrofes colectivas não é justificado. Nunca aconteceram. Se houve alguma, não tinha sido prevista. Vejamos um exemplo: o parapsicólogo francês Eugene Osty (1874-1938) analisou as manifestações de pessoas sensitivas, relativas aos anos imediatamente anteriores à Primeira Guerra Mundial. Nenhuma delas a tinha previsto. Felizmente, os profetas do fim do mundo não merecem muito crédito.

Profecias de Guerra
O parapsicólogo holandês W. H. C. Tennhaeff (1894-1981) descobriu nas suas análises das profecias de guerra que algumas predizem a morte violenta de pessoas individuais que, viriam efectivamente a ser vítimas dos conflitos. Mas os videntes não detectaram acontecimentos que afectassem colectivos inteiros: só circunstâncias que se relacionavam com pessoas específicas. Ao que parece, apenas o destino individual favorece os raros fenómenos de augúrio espontâneo.

Pessimismo Cultural
"A nossa cultura europeia move-se , há já muito tempo, no meio de uma tortura de tensões que crescem de década para década, como o desencadear de uma catástrofe: inquieta, violenta, impetuosa como um rio que se precipita para o fim." Estas palavras, escritas pelo filósofo Friedrich Nietzsche em 1888, reflectem o clima apocalíptico do fim do século. Quando o rio não chegou ao fim, mas pelo contrário se derramou sobre o belicoso século XX, o filósofo e psicólogo Ludwig Klages falou assim em 1929 da vontade de autodestruição dos seres humanos: "A essência do processo «histórico» da Humanidade (também chamado «progresso») é a luta vitoriosa em curso do espírito contra a vida, com o previsível final da destruição desta última."

Profecias, temores e reiterado medo pela desgraça colectiva ou individual na Terra, tudo isso possuímos em doses maiores ou menores, consoante as circunstâncias admitidas ou vividas por cada um de nós. Mais cépticos ou menos cépticos, racionais ou medrosos, todos nós cumprimos a nossa parte sub-humana em fragilidade e pouco poder sobre as catástrofes naturais que se vão registando ao longo dos tempos.
Não temos de ser heróis mas também não temos de dar o corpo às balas para que façam de nós, meros «enchidos» sem valor e sem voz, mesmo na adversidade em que teremos de ser mais solidários uns com os outros, caso se venha a reportar uma tragédia a nível global ou sequer, perto da nossa porta. Há que sublevar sentimentos audazes mas confiantes e altruístas e não, resguardar o que ainda detivermos na ganância dos dias de hoje em acumulação de bens e proventos não perecíveis sem os confinarmos à nossa própria despensa mas a outros bem mais necessitados do que nós. E não estou a falar de comestíveis mas...do auxílio presente, frequente e, iminente, caso se registe de facto essa ocorrência de calamidade. Ou não. Seremos sempre mais úteis na paz e na bonança do que propriamente na desgraça e na desventura nos outros e, em nós, como é evidente! Então que a paz permaneça e todos nós possamos sonhar com um futuro em glória e em felicidade e nunca por nunca, pelo fim dos tempos, pelo fim do mundo sem hora marcada para acabar sobre nós. Pois então que assim seja! A bem de todos nós!

A Força dos Elementos



A teoria dos Elementos (Ocidentais e Orientais) mobiliza na Terra processos de terapia, princípios, mundividência e mesmo cura. Estaremos perante a verdadeira essência do Céu e da Terra em corpo e alma, físico e espírito, matéria e pensamento?

As Qualidades Primordiais
A concepção do mundo desde a Antiguidade até à Idade Média, via o ser humano como estando no ponto de intersecção dos elementos: fogo, água, ar e terra. Estes Elementos - que nada têm em comum com os elementos da moderna química - serviam como uma espécie de símbolos de orientação, como que para interligar diversos sistemas entrecruzados. Hoje em dia possuem todo o caso ainda, uma importância teórico-filosófica. Os Elementos são também associados aos quatro pontos cardeais e, a diferentes cores, bem como às chamadas qualidades primordiais: assim, «seco» e «molhado» representam um princípio activo, ao passo que «frio» e «quente» integram um princípio passivo. É da sua combinação que, de acordo com correspondências alquímicas, resultam os elementos propriamente ditos: «seco» e «frio» resultam na terra, «seco» e «quente» no fogo, «húmido» e «quente» no ar e, «húmido» e «frio» na água.

A Harmonia como Objectivo
Técnicas de tratamento antigas, como a aplicação de ventosas - que ainda hoje é utilizada por certos curandeiros - têm como objectivo proporcionar a harmonização dos elementos no ser humano, de modo a que nenhum deles seja permitido um domínio absoluto que pudesse prejudicar o necessário equilíbrio.
Assim, os Quatro Elementos são mobilizados quando se procede a uma terapia e o ar, o calor, a terra e a água são aplicados nas mais variadas situações de problemas de saúde, por exemplo distensões musculares.
De acordo com a medicina tradicional chinesa, estas situações são resolvidas através da aplicação de calor.

Os Princípios Primordiais da China
A mundividência chinesa, que tem como base os princípios primordiais «yin e yang» - energias femininas (o princípio passivo, receptor, sombrio, frio e húmido) e masculinas (o princípio activo, criador, luminoso, quente e seco) que se complementam e, interagem - não concebe os pontos cardeais como sendo apenas quatro mas sim, cinco; uma vez que o «meio» é considerado um ponto central. Os Elementos são para os Chineses a água, a madeira, o fogo, a terra e o metal. O ar, não é tido em conta.

O Fogo
Nas artes medicinais antigas, o fogo representa a estação do Verão, a bílis amarela, o fígado e, em termos de tipologia da personalidade humana, o carácter colérico. Paralelamente, simboliza também todas as forças geradoras de vida, todos os processos etéreos, bem como a qualidade do brilho e irradiação. Este Elemento aparentemente vivo, consome, aquece e ilumina, porém traz consigo a dor e a morte. O fogo é frequentemente utilizado como um símbolo sagrado do lar, do fogo doméstico, simbolizando a inspiração e o Espírito Santo que, aparece aos Apóstolos no Pentecostes sob a forma de labaredas.
O fogo é o único elemento que o ser humano tem o poder de criar por si mesmo, daí que julgasse por isso, ter obtido poderes divinos. O domínio que o ser humano passou a ser capaz de exercer sobre o fogo marcou o início da evolução cultural. O Elemento fogo reúne em si as forças negativas da destruição, a simbologia do fogo do Inferno, do relâmpago, do fogo vulcânico, dos grandes incêndios. Enquanto chama purificadora, o fogo pode aniquilar o mal, e disso mesmo as perseguições às bruxas na época medieval e, a sua condenação pela Inquisição à morte na fogueira, dando assim a sua demoníaca prova. Por fim, de acordo com a doutrina cristã, é no fogo do purgatório que todos os pecados são purificados e, expiados.

A Água
Na sabedoria médica dos nossos antepassados, a água sempre surgiu associada ao Inverno, ao muco, ao cérebro, à cor branca e aos indivíduos fleumáticos. Simboliza as forças intuitivas e o movimento. Embora seja a fonte de toda a vida, a água é ao mesmo tempo o elemento em que tudo se dissolve e se afoga.
Nos mitos da criação das mais diversas culturas ocorrem dilúvios que destroem todas as formas de vida, cujo comportamento não era do agrado dos deuses. Símbolo ambivalente, a água pode por um lado representar fertilidade e uma fonte de vida, mas por outro lado pode igualmente ser um sinónimo de morte e declínio.

O Baptismo e o Pecado Original
Como Elemento purificador, a água permite aos cristãos - na cerimónia do Baptismo - limpar a mácula do pecado original e, sob a forma de água benta, ser usada pelos crentes para se benzerem.
A água possui também um significado especial para o Reino dos Mortos: é nas águas dos mares a oeste, que todas as noites o Sol se põe, para durante a noite fornecer calor aos domínios do Além. Em muitas culturas, os charcos, as lagoas, bem como os lagos alimentados por rios e nascentes, são locais onde residem «ondinas», «ninfas» e, espíritos das águas. O costume de lançar moedas para as fontes ou poços, constitui uma oferenda simbólica aos seres que habitam as águas, capazes de realizar os desejos que se acalenta.

O Ar
O ar corresponde à Primavera, ao sangue e ao coração, representa cores brilhantes e claras e é associado ao temperamento do indivíduo sanguíneo, inconstante e facilmente irritável. O Elemento ar nesse indivíduo é caracterizado ainda, pela força das ideias e, pelas qualidades de comunicação e ordem. Desde cedo que a importância do ar para a respiração foi reconhecida, mas hoje em dia temos ainda um melhor conhecimento do importante papel que a atmosfera desempenha ao nível da conservação do calor e da protecção das radiações cósmicas em relação à vida na Terra. Na Astrologia, os signos Gémeos, Aquário e Balança correspondem a inquietude, distracção, curiosidade e, condescendência.

A Terra
O Elemento terra tem a ver com o Outono, com a bílis negra, com o órgão denominado baço e, com a cor cinzenta do chumbo, dos quais resulta o temperamento taciturno do indivíduo melancólico. O Elemento terra, representa também as forças da realização na forma, os processos de materialização e, a qualidade da ligação à terra. Nas concepções do mundo antigas, a Terra surge personificada numa deusa-mãe: Geia para os Gregos, Tellus para os Romanos ou Nerthus para os Germanos. O «Casamento Sagrado» entre o Céu e a Terra é celebrado em diversos rituais primitivos, sempre com carácter de cultos de fertilidade. Quando a terra treme (ainda hoje, para muitos povos) tal é visto como um sinal das forças divinas, capazes de pôr em perigo a ordem cósmica e tendo por isso de ser apaziguadas.
O progresso nas Ciências Naturais relegou os elementos fogo, água, ar e terra para um plano em que mais não têm do que um valor simbólico, já sem qualquer possibilidade de ser conciliados e harmonizados com os conhecimentos de disciplinas como a química ou, a física.

A Terra - como Matéria-Prima Mítica
De acordo com a tradição islâmica, Alá enviou os seus Anjos em busca de terra de sete cores diferentes. Quando a Terra se recusou a ceder um pouco de si, o Anjo da Morte tratou de roubar as tais terras de diversas cores. Só depois da morte dos humanos, é que a Terra recuperaria aquilo que lhe pertencia por direito. Alá criou então Adão, e a partir deste desenvolveram-se as diferentes raças humanas: os brancos (por exemplo, os Europeus), os negros (os Africanos), os castanhos (Mulatos), os amarelos (Asiáticos), os verdes (os Indianos com tom de pele castanho-esverdeado), os seminegros (Nubianos) e os vermelhos (os povos Índios).

Os Sólidos Geométricos
O filósofo grego Platão (427-348/7 a. C.) fez corresponder os 4 Elementos a determinados sólidos geométricos: "À Terra atribuímos a forma de um cubo, pois este é o Elemento mais imóvel e mais plástico...á água, por sua vez, atribuímos dos restantes sólidos o mais difícil de movimentar (o icosaedro - com vinte faces, compostas por triângulos equiláteros iguais), ao fogo atribuímos o que mais facilmente se movimenta (o tetraedro - com quatro faces triangulares iguais) e ao ar, aquele que se encontra entre os anteriores ( o octaedro - um sólido com oito faces)."
Depois de o filósofo grego Empédocles (c. 483-430/420 a. C.) ter apresentado a tradicional teoria dos 4 Elementos e, da sua interacção, Platão e Aristóteles (384-322 a. C.) vieram acrescentar o «éter», a matéria primordial da vida, como quinto Elemento, para além de conceberem os Elementos como sendo intermutáveis.

Por conclusão em que desde a Antiguidade até aos nossos dias se tem criado uma determinada interacção destes Elementos com o ser humano na Terra, se pode efectivamente assumir a verdadeira influência astral, cósmica e sideral do que ainda desconhecemos para além da própria Terra como planeta.
Existirá de facto uma espécie de união matrimonial ou de aliança firmada entre o Céu e a Terra, podendo muitos de nós sentir essa sensitiva correspondência, até mesmo nas nossas vidas quotidianas do dia-a-dia. Mais fervorosos ou menos interessados na dita ciência astrológica, tudo nos encaminha e leva a pensar da real essência dos efeitos que signos, astros, estrelas e planetas nos podem de facto interpelar e mesmo reiterar (em desvio ou caminho bifurcado...) do que fazemos das nossas vidas. Há que respeitar e esperar também que novas luzes e novos trilhos se nos registem para que um dia reconheçamos que estamos simplesmente a seguir os passos que «alguém» nos determinou lá de cima, das estrelas e do Céu. E que, cá em baixo na Terra, só temos de prosseguir e, continuar, até que a morte nos separe do físico ao espírito, do corpo à alma e, da matéria ao pensamento ou consciência que esta sim, nos acompanhará para sempre. E assim será! Se Deus ou o Uno do Universo isso nos desejar!




quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A Terra



Será a Terra um ser vivo na sua composição física e química, correlacionadas num processo evolutivo capaz de se auto-regular?

Geia - A Terra como um ser vivo
O planeta Terra é um enorme organismo vivo, povoado por uma grande quantidade de outros seres vivos e que demora 365 dias a dar uma volta completa em redor do Sol. E, do mesmo modo que centenas de vasos sanguíneos intrincadamente ramificados cobrem o nosso organismo, uma rede invisível de linhas abrange todo o globo. No final da década de 1960, o estudioso britânico das Ciências Naturais James Lovelock desenvolveu uma teoria segundo a qual, atribuiu o nome de «Geia» a este organismo vivo - que compreende a Terra e todos os seres vivos - que ao abrigo da sua atmosfera nela habitam.
Esta teoria tornou-se a a base de políticas alternativas que, encaram os seres humanos, como parte integrante e, como tal, co-responsáveis pela manutenção de um ambiente saudável, encontrando um pouco por todo o mundo tanto o reconhecimento como a rejeição.

A deusa da Terra e a teoria de Geia
Na Antiga Grécia, a deusa da Terra recebia o nome de Geia e era venerada como uma divindade afável, feminina e protectora. Simultaneamente tratava-se também de uma divindade contrária a todos os seres vivos que não demonstrassem a capacidade de viverem em equilíbrio com a Terra. Segundo a teoria de Geia, a vida e o meio ambiente constituem uma unidade. Os organismos do planeta - bem como a sua composição física e química - estão tão intimamente ligados entre si que juntos, formam um processo evolutivo capaz de se auto-regular.

Ilha da Vida
Só as viagens espaciais tripuladas tornaram pela primeira vez possível, a fixação em imagens da noção de Geia: a Terra retratada como uma ilha de vida na escuridão imensa do Universo.
A Terra - um super-organismo, vestido de azul - constitui um sistema fisiológico de validade universal, possui uma existência que se pode considerar viva, pelo menos no sentido em que, tal como qualquer organismo biológico, é capaz de regular os seus «processos metabólicos» e a sua temperatura, mantendo-se dentro dos limites mais ou menos estreitos que possibilitam a existência da vida. Daí a questão: haverá, como complemento à estrutura e à forma visíveis do planeta, um padrão invisível de distribuição de energias que cobre a totalidade do globo terrestre? Os adeptos da «Geomancia» (conhecimento das linhas de força da superfície da Terra) defendem que, já há muitos séculos, havia conhecimentos de uma tal rede de energias e que, estas noções foram tidas em conta, na escolha dos lugares sagrados e locais de culto. Também para o desenvolvimento de cartas geográficas de grande detalhe, os conhecimentos acerca das chamadas «leylines» demonstraram ser úteis. Assim, existem na Europa determinados pontos marcantes na paisagem que, ligados entre si, passarão a delimitar triângulos ou pentágonos, de resto invisíveis. Para citar apenas um exemplo, a Catedral de Aachen, a Walhalla em Regensburg e a cidade de Basileia - cujo nome significa «cidade de Baal, deus do Sol» - formam um triângulo.

Torrentes de Vida
As «leylines» são hipotéticas «torrentes de vida» que inspiram e apoiam vigorosamente o mundo animal, vegetal e humano. Os templos e os círculos de pedras - e mais tarde, as igrejas e as catedrais - foram erigidos nas zonas de intersecção de diversas leylines, com vista a libertar forças transformadoras.
Pessoas particularmente sensíveis deverão ser capazes de apreender estas energias tão delicadas. O esloveno Marco Pogacnik (n. 1944), especialista em Geomancia, descreve a Terra como um corpo vivo, por detrás cuja forma física visível se revelam os verdadeiros segredos: um sistema de «chacras», linhas de força, órgão sensíveis, pontos de acupunctura, órgãos de equilíbrio ultra-sensíveis, pontos de respiração e sistemas que mantêm operante a ligação entre o Céu e a Terra.

Condição/Consciência
Para se obter uma consciência de acordo com os princípios da teoria de Geia, será necessário pôr em prática um modo diferente de lidar com o nosso planeta. Aplicações concretas dos novos velhos conhecimentos poderão ir da arquitectura ao urbanismo, passando pela protecção da Natureza e dos recursos hídricos, ou mesmo por novas formas de ocupar os tempos livres e de praticar turismo.
Tal como os ensinamentos chineses do «Feng Shui», também as teorias acerca de Geia e das leylines, deverão ser vistas como indícios de uma nova consciência que aceita também as dimensões mais subtis do nosso planeta: afastamos-nos assim, de uma relação de dominação sobre a Terra para uma de comunicação com Geia.

Geia em Perigo
Durante o infindável processo de desenvolvimento da vida na Terra ao longo dos últimos 3600 milhões de anos, as condições - pelo menos até agora - têm-se mantido de tal modo, que esta tem tido condições para existir. Se uma espécie viera a prejudicar o ambiente a ponto de este se tornar inabitável para os vindouros, a sua permanência neste sistema deixará de ser sustentável.
James Lovelock formulou esta questão do seguinte modo: "Será a própria Geia a eliminar esta espécie!"
De súbito, chega-se à indubitável conclusão de que, é a própria espécie humana que tem vindo a assumir esse nefasto papel. Catástrofes ambientais provocadas pelos seres humanos, como é o caso do acidente com o reactor nuclear de Chernobyl em 1984 ( e mais recentemente na central nuclear em Fukushima no Japão), constituem exemplos que justificam plenamente esta teoria.

Geomancia
Geomancia ou o conhecimento das forças da Terra, era originalmente uma arte de adivinhação cultivada pelos Chineses e pelos Árabes, segundo a qual se lia os significados de linhas e figuras traçadas no solo.
Os geomantes dos nossos dias, ocupam-se sobretudo, com os hipotéticos padrões das linhas de força que supostamente cobrem toda a superfície da Terra, como uma rede invisível.
Os rabdomantes, apreendem por meio de varas de vime a presença de veios de água subterrâneos. É frequente recorrer-se às capacidades destas pessoas, quando se pretende encontrar o local certo para instalar um poço ou, fazer um furo para extracção de água.

Sólidos Platónicos
Ao longo de canais dispostos em linha recta, os Chineses lograram conduzir as correntes de energia que se movimentam serpenteantes pela Terra, dirigindo-as para o palácio do Imperador. Apelidadas de «veredas dos dragões», estes canais serviam para concentrar o poder e, para o fortalecimento espiritual do governante. Ao longo de algumas destas veredas foram construídas estradas, outras porém, deixaram de ser reconhecíveis, denunciadas apenas aqui e ali por pequenos templos, estátuas e obeliscos que aí eram erigidos. Também na China foram fabricadas esferas de jade que, encadeadas umas nas outras, representavam a consciência pura, mas ainda não formada.
Outros povos representaram igualmente as energias da Terra de forma simbólica. Descobertas arqueológicas feitas na Escócia, apontam para o facto de já por volta de 3000 a. C. serem fabricados objectos com a forma de dodecaedros. Tantos os Celtas como os Romanos, integraram nas suas culturas esta tradição. A razão e o objectivo que presidiram à produção por parte dos seres humanos de objectos de acordo com os chamados «sólidos platónicos» permanecem ainda hoje um verdadeiro mistério.
O pentagrama descrito por cada uma das doze áreas geométricas é um símbolo mágico muito divulgado e que, para os Gregos, constituía a expressão máxima de harmonia e divindade.
Na tradição medieval, esta figura geométrica é usada nas fórmulas mágicas e, deveria exercer um domínio sobre os espíritos elementares. Sob a forma de um pentágono estrelado era também utilizado como um sinal de defesa contra o Mal, razão pela qual Johann Wolfgang Goethe põe o seu Fausto a dizer para Mefistófeles: "Ah, foi no Pentagrama que esbarraste?/Mas diz-me, infernal criatura,/Se ele te impede, como foi que entraste?" (Fausto, versos 1396 a 1398.)

O Pentagrama, segundo os conhecedores da Antiguidade ou...provavelmente agora, na actualidade o Hexagrama, segundo a NASA. A Geomancia lá saberá explicar na sua análise científico-realidade. O que para muito é evidente, para outros será uma miragem - ou mera imaginação - sem bases científicas que o possam explicar e, evidenciar. Pouco importa. Temos muito a aprender com as narrativas, relatos e documentação (ainda que, por meios de uma natureza sui-generis) nas provas que essa própria Natureza nos vai revelando aquando se revolta, aquando se debilita pelo mal enorme que o Homem lhe faz e concede sem piedade. Vamos mudar isso. Vamos mudar tudo ou não teremos a mínima hipótese de sobrevivência a longo prazo. Vamos ser coerentes em nós próprios e, assistir a uma verdadeira consciencialização de recursos humanos maiores e mas naturais com o que esta Natureza nos advoga de pureza e autenticidade. Vamos respeitar a Geia como se fosse uma nossa irmã, mãe ou filha que temos de acarinhar, dar colo, amor e continuidade em seio mundial, tanto na longevidade como na potencialidade ad eternum. Que Deus ou o grande Uno nos admita isso e seremos felizes para sempre! Assim seja então!  

domingo, 22 de dezembro de 2013

A Última Noite



Se pudesse definir numa palavra a tua ausência, diria: dor. Mas teria de acrescentar igualmente: raiva, ódio, loucura, solidão e...nada! Absolutamente nada, depois que partiste e me deixaste só com essa dor e a angústia da tua morte. Nada mais!

Ano - 1980       Algures numa praia de Portugal
A dor: nada é mais corrosivo e execrável do que aquela dor que nos rói as entranhas como ratazana medonha, ímpia de sonhos e pesadelos malditos. Com a tua vida, foram atrás todos os sonhos e toda a esperança de mudarmos o mundo e corrermos caminhos que mais ninguém percorria. E, sermos um só, para a vida toda. Ou parte dela. Emparedei-me numa embolia de sentimentos tumultuosos e irascíveis de dor excruciante como Jesus na cruz, suponho. Revoltei-me. Amaldiçoei Deus e toda a sua corja de discípulos na terra, para logo depois me penitenciar tal como Judas na árvore, em clemência sacrificial ou mera auto-flagelação, não sei. Sou humana, não sou perfeita e não nasci para sofrer e muito menos para te ter visto partir sem sequer me despedir de ti. Socorri-me de tudo que estava ao meu alcance para que pudesses voltar ao Reino dos Vivos e não, ter-me deixado padecer em lamurias idiotas, especificamente por ninguém as ouvir ou talvez experimentar na dimensão de cilício terminal em que me depus e revi ao longo destas semanas, meses, anos, séculos. Sinto que te perdi há séculos e dói-me a alma, sim, porque a alma sofre, pena e fenece à semelhança do meu físico em esmaecimento permanente. Não tinhas que me deixar! Não tinhas de partir sem mim! Tinhas prometido, tinhas jurado por ti, por mim e pelo que mais consagravas que era a tua liberdade e, dizias, o teu amor por mim. Já nada resta agora...e eu, morro em mim, não vendo chegar a hora de te abraçar, de te colar a mim, de te sentir o cheiro, o sabor, a tua essência de menino-homem que eras e ainda és no meu coração; para sempre. Para sempre...

A Catarse
Naquele noite, disseste-me que me amavas e eu acreditei. A nossa última noite sem estrelas e sem luar mas que tu me iluminaste como se fosse sempre dia e eu, deixando-te ir em mais uma concretização pessoal que me dizias ser perene e pontual na profissão e empenho que exibias com o teu mais belo sorriso de então. Eras ostensivamente garboso tanto do que fazias como da farda que te suportava a demanda máxima de uma força militar que compunhas em espaço aéreo no transporte de vidas e almas, como a tua que esqueceste para trás e se colou na minha como excrescência doentia que nunca mais de mim se soltou. O serviço não era teu mas trocaste-o com um colega de profissão que tinha o filho febril necessitando de desvelos e cuidados paternos. E tu, prontamente, acedeste. Sem saber que o fazias pela última vez e, pela tua própria vida. O maior acto altruísta da História, sem dúvida, se to tivessem reclamado ou tu o tivesses sabido em vida. O Cesna em que voavas despenhou-se. Tu e todas as almas que contigo iam no pequeno avião pereceram. Fim da história. Para todos. Para alguns...mas não para mim que definho e não consigo viver sem ti, nunca mais! Decidi hoje. É véspera de Natal e não suporto mais ver os sorrisos das crianças, a alegria dos adultos, dos idosos, de todos sem que eu possa sorrir também, ainda que saiba ser este o meu derradeiro e último estertor de egoísmo que deixarei na Terra. Oiço canções de Natal e dá-me vontade de gritar, gritar ao mundo para pararem com tanta felicidade, tanta alegria, tanta esperança de vida. É hoje que vou morrer! Vou afogar-me nas ondas do mar na praia que nos viu ser felizes. Vou asfixiar tudo o que em conjunto aqui vivemos em união e sublimação do que desejávamos para as nossas vidas. Vou acabar com tudo! Agora! Tal como Maria Madalena, no seu despojamento, no seu sofrimento e mesmo no seu ascetismo fervoroso mas doentio em parte, de fugir ou ficar. Eu vou, não sei é...para onde.

A Salvação
A água do mar, gélida. Entrei. O meu vestido em bojo de enfunar como vela quinhentista sem vento nem lamento e eu, lavada em lágrimas, perdida de tudo, perdida de mim fui morrendo aos poucos naquelas águas frias em quase hipotermia latente. Vacilei mas não recuei. A praia estava deserta e o meu salvamento uma miragem, se acaso desejasse retroceder no acto impuro, insano, de me suicidar sem pejo nem glória, nem ninguém que me salvasse daquela agrura endemoninhada em que me investira. Estava só. Os pescadores há muito que haviam recolhido as redes do mar para a faina, não dia seguinte - pois seria Dia de Natal - mas, para que poisassem em segurança no cais desavindo de espuma e ondas revoltosas em véspera de Noite de Natal. E a consoada, ali tão perto...quase podia sentir o cheiro das filhoses, dos sonhos, das rabanadas, do vinho do Porto, do bacalhau com batatas, da perna de peru no forno (que tão deliciosamente bem a minha mãe confeccionava em todas as festividades do Natal...) e essa lembrança sufocou-me a lembrança e, o vómito de espuma, água salgada e dor, muita dor que senti encher no peito em último resquício de lamento, compaixão e ternura pelos que mais amava no mundo. Como estava a ser egoísta, Santo Deus (senti) mas era tarde para voltar atrás, muito tarde...e latejei. Pendendo a cabeça como criança recém-nascida, dei-me às ondas do mar, à sua incomensurável força divina de mestre timoneiro que tudo comporta em rebelião, motim ou simplesmente bonomia vigente em orla costeira traiçoeira mas digna de si. O ar salgado misturado com a água, cavernando-me os pulmões em total devassidão, ainda me deixaria recordar as palavras de Fernando Pessoa: "Ó Mar salgado, quanto do teu sal, são lágrimas de Portugal!"

O Milagre
Acordei no hospital. Pensei estar inicialmente nalguma antecâmara da morte em fila de espera de São Pedro ou outro qualquer Anjo divino. Só depois lembrei. Só depois compus o estranho puzzle em que me vira enredada como golfinho ou tartaruga nas redes pesqueiras e estas, talvez, bem mais nefastas ou mesmo cruéis pelo que tinha ainda de recordar e, explicar. O que recordei foi magnânimo. Feérico e digno de um conto de fadas infantil ou, simplesmente, a verdade nua e crua do que me foi revelado: do cataclismo individual, passando pela depuração ou purificação da minha alma, Deus e os Anjos abençoaram-me com uma segunda oportunidade de vida. Deram-me a mão. Eram Anjos lindos, puríssimos de vestes sacrossantas e alvas numa nitescência celestial que nunca eu havia visto em observações terrenas ou outras. A estúrdia desses vários anjos era tanta, que a melodia que compunham me soava a um jardim proibido de tão proeminente e espectacular na divindade assente ali. Soube mais tarde que foram uns quantos pescadores de ócio tardio ou labuta prolongada que, tendo-me observado em lânguida passada mas determinada mar adentro, se induziram na minha salvação se não de alma, pelo menos de corpo, terão julgado por si. E salvaram-me a vida! E eu, devo-lhes isso!

A Mensagem
Os Anjos falaram-me das Escrituras, dos Evangelhos e da encriptação dos Mandamentos que o Homem ao longo da sua História de vida ia consecutivamente alterando à sua condição e interesses. Contaram-me do macrocosmos em que habitavam e, de toda uma panóplia celestial ou mais exactamente, sistemas solares diversos em que viajavam e rumorejavam por entre várias civilizações suas conterrâneas e outras. Insinuaram-me de que a Terra estava em transformação e que, a breve trecho, estaríamos prontos para a terceira e quarta dimensões a que, nos tínhamos de adaptar e...transmutar. Que a conexão era uma só em espaço-tempo e matéria totais e que tudo fazia parte de um grande e imenso plano de Deus na união e pacificação dos povos extraestelares. Fizeram-me ver Cristo renascido e ouvir da sua mente as palavras: "Abwun A d`bweshmaya, Ameyn!" (Livrai-me de todo o mal, Amén!)

A Continuação
Não enlouqueci, mas quase. Estava viva e tinha de agradecer aos «deuses», aos Anjos, a Deus por isso! E acima de tudo, aos velado e prestáveis pescadores que se terão enregelado em convocação insólita para me sacarem das águas gélidas daquele mar de Dezembro. Agradeci. E respeitei o luto; não o meu, mas o que tinha de fazer pelo meu maior sonho de vida que partira de mim e, de toda a minha existência. Não entendi logo, aquando os pescadores da faina em visita hospitalar me concederam os parabéns, oferecendo-me botas de lã para bebé e eu, sem nada saber ou sequer suspeitar. Estava grávida e uma vida em mim a despontar que se salvara da minha incúria, do meu padecimento ignóbil de contar só com a minha pessoa em extermínio marítimo por vontade própria. Não tinha esse direito e muito menos de o perpetuar em pecado a título póstumo sobre a minha hipotética campa terrestre. Os Anjos afiançaram-mo mas com uma dignidade e sorrisos tais que mais parecia eu ter feito uma obra de benemerência e não, a terrível deformação humana de pensarmos que somos donos e proprietários das nossas vidas. Fiquei mais calma, mais sensibilizada com a causa extraterrestre e melhor, mais consensualizada com uma outra verdade, a de que não estamos sós, nunca estaremos, e só por isso vale a pena continuar com as nossas parcas vidas terrenas. Sobre a minha cama hospitalar estava um quadro que dizia: "Lacta Alea Est!" (os dados estão lançados!) e, onde soube posteriormente, ter sido oferta de um paciente judeu que, em gratidão e singela oferenda, aí se consagrou em perpétua mensagem sua do que ainda está para vir, do que - em hebraico - nos anuncia do que eventualmente já se consolidou na Terra em início ou fundação dos alicerces de uma outra verdade. A minha, é começar a viver. Por mim e...pela vida que possuo em mim. Para sempre!

sábado, 21 de dezembro de 2013

A Mensagem Divina



Mensagem, protecção e vigília são as correntes por que seguem os Anjos e Arcanjos no ser humano em atribuições que incluem o nascimento, a paz, a justiça, a cura, a inspiração, o amor e mesmo a morte, mas, saberão eles se todos esses seres humanos o merecerão?

Arcanjos e Anjos
No Novo Testamento são descritos Anjos de aspecto mais simples, que envergam vestes brancas: são eles, Miguel, Gabriel e Rafael, os três Arcanjos.
Os Arcanjos são uma espécie de mensageiros de Deus, sendo responsáveis por transmitir as mensagens divinas aos seres humanos. Isabel, mãe de São João Baptista, é avisada por um dos Arcanjos que irá dar à luz uma criança e, qual o nome que deverá dar-lhe. Depois dos Arcanjos, estão os Anjos comuns, aqueles que estão mais próximos dos seres humanos e, entre os quais, se contam os Anjos-da-guarda.
Os Anjos comuns ocupam-se das plantas, dos animais, dos elementos e dos seres humanos. As suas atribuições incluem, entre outras coisas, o nascimento, a paz, a justiça, a cura, a inspiração, o amor e a morte. São mensageiros de Deus em protecção e vigília nos seres humanos; nos bons e, nos maus.

Anjos-da-guarda
Muito embora os Anjos-da-guarda se situem na parte inferior da hierarquia divina, assumem um papel de grande importância para as pessoas que neles acreditam. De acordo com uma opinião bastante difundida, é durante a infância do seu protegido que os Anjos-da-guarda exercem maior influência e, se empenham mais. Após trigésimo ano de vida, a intervenção destes ajudantes divinos começa a escassear, sendo esta gradual e progressivamente substituída pela livre vontade do ser humano adulto. Ainda assim, os Anjos-da-guarda nunca abandonam os seus protegidos, estando sempre a postos quando se lhes pede ajuda.

Encontros com Anjos
No Novo Testamento, o evangelista Mateus relata como em sonhos apareceu a José um Anjo que lhe ordenou que pegasse na mulher e no filho e, fugisse para o Egipto. O Anjo apresentou também razões para esta partida repentina: Herodes, que então governava, planeava encontrar e matar Jesus. José obedeceu e só depois da morte de Herodes é que regressou com a mulher e o filho à Galileia.
Não é, porém, apenas na Bíblia que existem descrições de encontros com Anjos; também ao longo da História se deram e, nos dias de hoje, continuam a suceder estes fenómenos.
Joana d`Arc (1412-1431), a «Donzela de Orleães», terá combatido em 1428, na sua incursão militar com vista à libertação de Orleães, lado a lado com o Arcano Miguel contra os inimigos ingleses. Esta batalha fez parte da Guerra dos Cem Anos, que já em 1337/1339 fora desencadeada pelas disputas entre Ingleses e Franceses pela coroa francesa.
Miguel surge como um jovem e valoroso guerreiro junto a Joana d`Arc. Após a sua vitória triunfal, a jovem não se cansou de anunciar que, um Anjo havia combatido a seu lado. Veio depois a pagar um preço elevado, a infeliz, por esta sua revelação, pois a Donzela de Orleães - tendo sido acusada de heresia - acabou por morrer queimada na fogueira.

Anjos para todos
Também São Francisco de Assis (1181-1226), o fundador da Ordem Franciscana, teve um encontro com um Anjo. No decurso de uma visão avistou um Serafim, entre cujas asas se encontrava um ser humano pregado a uma cruz. Depois desta visão, as mãos e os pés do Santo começaram a sangrar: após o encontro com o Anjo, Francisco de Assis passou a exibir as chagas de Jesus Cristo.
Na década de 1970, o pregador baptista americano Billy Graham relatava no seu livro: «Anjos» - Os Agentes Secretos de Deus que um médico de Filadélfia certa noite foi acordado por uma menina. A criança pediu-lhe para a acompanhar e socorrer a sua mãe, que se encontrava muito doente. Quando o médico chegou perto da mãe da criança, concluiu que a senhora sofria de uma infecção pulmonar bastante grave e, que não lhe restava muito tempo de vida. O médico tomou providências para que a mulher fosse transportada de ambulância e felicitou-a desde logo pelo desvelo e, resolução, da sua filha. A mulher olhou então para o médico espantada e disse-lhe: "A minha filha morreu há mais de um mês!"
No armário, a mãe e o médico foram dar com as roupas que a menina envergara durante a sua excursão nocturna à casa do médico: a roupa ainda estava quente.

Em nome da Ciência
Desde a década de 1970, têm sido publicados muitos livros sobre Anjos. Numerosos relatos sobre visões de Anjos povoam boa parte desses livros. Aquilo que os seres humanos aí descrevem tem pouco a ver com a materialização concreta desses seres celestiais. Ao invés disso, os relatos apontam mais no sentido de que quem produz o relato terá sentido ou tido a certeza de que nesse determinado encontro (ou visão) houve a presença ou a participação de um Anjo. Em rigor, os Anjos podem estar presentes em todo o lado, pois a quantidade de dados concretos disponíveis para a ciência é limitada.
Relativamente às visões de Anjos, os psicólogos costumam resumir a questão à acção da fantasia. Assim, já o psicólogo suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) dizia que, no nosso subconsciente estão gravadas imagens de Anjos e Demónios, Diabos, Fadas e Extraterrestres. Se depararmos com algo que não seja normal, recorremos a estes arquétipos para explicar o invulgar.

Não sei se Carl Gustav Jung tem razão. O que lhe assiste dizer - e deixar para a posteridade no seu cepticismo técnico de psicólogo que era - da não admissão de qualquer tipo de visão ou sequer encontro com Anjos pela racionalidade destes não existirem pura e simplesmente. Registamos. Mas, aludimos também - os que em oposição, defendem essa outra teoria de registos concretos das suas presenças - em total disponibilidade de se estudarem cada vez mais este tipo de fenómenos. Pessoalmente, já tive a minha quota parte de visibilidades, presenças, cheiros, poder sensitivo e outros que, a mostrarem-se assim, me deram a percepção exacta de uma outra dimensão (que não sendo corporal ou física, se autenticavam por revelar numa espiritualidade intensa) onde pude sentir quase um contacto (físico), o que me deixou no momento deveras perplexa e mesmo agitada pelo inexplicável da situação.
Todos precisamos de Anjos. Todos devemos ter essa noção quase obrigatória em respeito, desvelo e autenticidade mesmo para os que não acreditam em nada do foro espiritual e esotérico. Perfeitamente legítimo se nos não arredarmos da magra consistência que nos comporta em saber na totalidade de onde viemos e, para onde vamos. Eu já sei. Irei para a luz, para as estrelas e, para o meu caminho percursor de mais uma outra vida a repetir, a respeitar, a continuar. Isto é, se Deus, os Anjos e os Arcanjos considerarem que me portei bem na Terra e mereço uma segunda, ou terceira, ou quarta (ou as que sentirem que mereço...) oportunidades de poder voltar, neste ou noutro planeta qualquer. É nisso que acredito e que, o meu bom Anjo Muriel (que ele me diz não ser este o seu nome, mas lá vai deixando que eu o trate assim) me continue a seguir os passos, a vigiar o sono e, a acreditar tanto em mim como eu nele. Assim seja por todos nós e, em todos nós, que os Anjos nos velem dia e noite para todo o sempre!

A Glória dos Anjos


 

Serão os Anjos, mitos do nosso imaginário, seres divinos que nos visitam nos sonhos ou somente seres de luz vindos do Espaço?

As Visões de Anjos
Os Anjos podem ser considerados um dos maiores mistérios da História Mundial. São-nos apresentados desde cedo na Bíblia, estão organizados em diversas hierarquias e possuem diferentes atribuições.
Existem relatos de testemunhas oculares que afirmam ter visto Anjos. As visões de Anjos mais conhecidas aparecem descritas - sobretudo - no Antigo e no Novo Testamento dos cristãos mas também no Islão há relatos de encontros com Anjos.

Figuras Celestiais
Desde os encontros com Anjos que surgem narrados na Bíblia - por exemplo, o do Arcanjo Gabriel com a Virgem Maria - que lhe anuncia a concepção e o nascimento de Jesus, os seres celestiais passaram a fazer parte integrante da fé das religiões cristãs. De acordo com a concepção destas religiões, os anjos são seres espirituais sem existência corpórea, criados por Deus para, entre outras coisas, lhe servirem de portadores de mensagens dirigidas aos humanos. A maneira mais comum de representar Anjos, é através de seres alados, muito embora os Anjos também surjam representados sob outras formas.
Testemunhas oculares relatam encontros de natureza muito diversa - ao que parece, os mensageiros de Deus adoptam o aspecto que melhor lhes convier: têm sido visto Anjos em sonhos, em visões, assumindo o aspecto exterior e o rosto de pessoas já falecidas ou mesmo, como seres etéreos vestidos de branco e dos quais emana luz. Por vezes também aparecem e se apresentam como pessoas perfeitamente normais.

Mensageiros Cristãos
Nos livros bíblicos, nunca os Anjos são mencionados em associação a uma manifestação de Deus, no entanto os profetas e os Evangelistas, descrevem frequentemente o seu aparecimento.
A partir destes textos, os teólogos foram ao longo dos tempos desenvolvendo uma teoria sistemática dos Anjos, a Angelologia. Uma das conclusões a que este estudo chegou, é que os Anjos existem apenas em religiões monoteístas, nas quais se organizam numa determinada hierarquia.
Uma primeira organização hierárquica dos Anjos foi proposta por um certo Dionísio Areopagita, cerca de 500 anos após a morte de Cristo. Dividiu-os em diversos grupos, de acordo com a proximidade que têm de Deus.

Querubins e Serafins
Os mais próximos do Criador são os «Querubins» e os «Serafins». De acordo com Dionísio Areopagita, compõem-se de luz em estado puro que pode condensar-se em matéria.
Os Querubins são mencionados na História da Criação como sendo os guardiães do Paraíso. Uma descrição mais pormenorizada desses guardiães é fornecida pelo livro de Ezequiel, do Antigo Testamento: "E cada um tinha quatro faces: a face do primeiro era a face de Querubim; a face do segundo, uma face humana; o terceiro tinha face de leão; e o quarto, face de águia" (Ezequiel 10, 14 e seguintes).
Ezequiel descreve de seguida que, cada Querubim, para além das quatro faces, possui também quatro asas. Sob as asas encontrava-se algo que se assemelhava a mãos humanas. O profeta Isaías teve a honra de ver os Serafins divinos. Na hierarquia celeste, estes encontram-se ainda acima dos Querubins, uma vez que estão ainda mais próximos do trono de Deus. O seu papel consiste em louvar a Deus. O seu canto de louvor ressoa a todo o momento na esfera celeste. É do seguinte modo que Isaías descreve os Serafins: "Cada um tinha seis asas. Com duas asas cobriam o rosto, com duas asas cobriam o corpo, com duas asas voavam. E clamavam uns para os outros: "Santo, Santo, Santo é o Senhor do Universo, toda a Terra está cheia da sua Glória!" (Isaías 6, 2 e seguintes).

Os Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael
Miguel, quer dizer em hebraico: «quem é como Deus», sendo este também considerado o mais poderoso dos três Arcanjos. No livro de Daniel é profetizado que, Miguel descerá à Terra, quando a destruição desta estiver iminente.
Gabriel, é o mensageiro entre os Arcanjos. Foi ele que anunciou a Maria a chegada do Filho de Deus, Jesus. É no entanto também conhecido dos cristãos, pela sua faceta de combatente. É particularmente temido na medida em que, é ele quem - com implacável dureza - efectua as punições aplicadas por Deus aos homens indignos.
O mais brando entre os Arcanjos é Rafael. O seu nome significa em hebraico: «a cura de Deus»; e é representado como alguém suave e bondoso. Diz-se que Rafael erra pela Terra de sandálias e, de cajado em punho a espalhar a palavra de Deus.

Anjos e Arcanjos, Querubins e Serafins, todos eles em comunhão e anunciação na Terra de algo muito magnificente por mão do seu superior, Senhor e Criador do mundo: Deus. Seis asas possuem eles, seis elementos supostamente as siglas por que a Terra se rege, concluo eu: «água, terra, ar, fogo e...(Terra e Céu?) ou algo ainda mais místico, mais exuberantemente digno destes seres de luz, seres divinos, seres do Universo? Compõem a Terra-Mãe em planeta azul que se autentica numa forma hexagonal e não taxativamente circular ou redonda como até aqui percepcionávamos numa dimensão restrita e científica do que nos era dado estabelecer em estudos feitos. A NASA prontificou-o há pouco e a nós, só nos cabe retê-lo em memória e sapiência multidisciplinar do que fazemos agora em nosso maior proveito de pesquisa e autenticidade. Será coincidência este número seis (6) em asas de capa de rosto, corpo e voo com a sintonia ou mais exactamente simbologia terrestre nos seus desígnios geográficos, matemáticos e em certa medida extra-galácticos na visão exterior de um planeta Terra no seu todo? Poder-se-à extrapolar esta similitude em consistência, investigação e divulgação, ou será apenas e de novo, um outro mito criado por tantos de nós que só querem abranger o leque (ou as asas...) de um maior conhecimento, tanto em fé como em ciência? Pensemos nisso. Afinal, todos temos um Anjo perto de nós...ou gostamos de acreditar que assim seja. Eu acredito e só por isso, já me sinto mais feliz. Que assim possa ser então, se isso nos reportar felicidade, pois só isso importa. Assim seja!


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A Seita Orgiástica



Terá de facto existido o curioso e estranho ser híbrido chamado Abraxas como divindade venerada pela seita gnóstica de Basilides?

A Seita Gnóstica
Gnose: o anseio pela pureza de espírito. No início da Era Cristã, desenvolveu-se uma forma de religião que se espalhou por todo o Império Romano. Muitas das ideias que davam forma a esta manifestação religiosa foram desenvolvidas na cidade Egípcia de Alexandria, o centro intelectual daquela época, onde as tradições asiáticas tomavam contacto com a filosofia Helenística. Era a partir daí que, irradiavam as inúmeras facetas do movimento religioso subordinado à noção de «gnose» (conhecimento), ameaçando mesmo sobrepor-se ao Cristianismo.

Dualismo Radical
Os Gnósticos estavam convencidos que a criação se devia a um Deus mau e, às criaturas inferiores amaldiçoadas pelo Deus bom, os «Arcontes». Em virtude da influência dos Arcontes e Demónios, tudo o que é material, é mau. O Deus bom, o Deus verdadeiro, existe para além de tudo o que foi criado.
Nas diferentes seitas gnósticas, recebe o nome de «o outro», «o estranho», «a profundeza», «o abismo», «a não-existência». Na alma do ser humano havia sido colocada uma centelha deste espírito divino. Reconhecê-lo, constituía assim um acto de gnose, o primeiro passo no sentido da conversão.
Os Gnósticos concentravam toda a sua ambição nesta centelha divina interior que, deveria ser alimentada.

Rejeição dos Aspectos Materiais
Os Gnósticos rejeitavam radicalmente o corpo e tudo o que fosse terreno. Ao tornar-se carne no corpo terreno, o espírito esquece a sua origem. No corpo, esse «produto do esquecimento», o verdadeiro ser humano - o ser humano espiritual - encontra-se como que encarcerado. A libertação dessa prisão é possível através da tomada de consciência, a recordação da verdadeira morada do espírito é chamada de gnose.
Deus constituía o impulso, rumo ao fundamento da própria alma e o pretexto para o ser humano se elevar ao «Reino do Espírito» puro e verdadeiro. Toda a acção dos Gnósticos visava a libertação do cárcere da materialidade. Desenvolviam diversas práticas místicas para atingir a evasão desse estado de catividade no mundo terreno: estas envolviam desde a ascese - em que desprezavam o próprio corpo - até à expulsão do mal, mediante excessos orgiásticos.

Tradição Gnóstica
Com base nas suas concepções e o seu entendimento do mundo, os Gnósticos reclamavam para si a condição de pureza. Apenas poderia ser manchado pelo pecado, o corpo que fosse um produto, uma criação do Deus mau. Por essa razão, determinadas seitas dedicavam-se à prática de condutas sexuais excessivas. Cultos orgiásticos tinham como objectivo purificar o mal terreno. Para outras, a nudez era testemunho da sua conquista e do quanto haviam progredido na superação do sentimento de vergonha.
Desde a Gnose - passando pelos Cátaros da Idade Média - parece correr uma linha de tradição que nos leva directamente aos Adamitas do século XVIII, uma comunidade religiosa que, numa representação da inocência paradisíaca, celebrava as suas cerimónias em completa nudez.
A verdadeira existência desta seita não se encontra, porém, historicamente documentada de modo seguro.

Abraxas
Para a seita gnóstica liderada por Basilides - um dos principais gnósticos de Alexandria por volta de 130 d. C. - Abraxas era tido como a divindade suprema. De acordo com o sistema de numeração grego, a soma do valor dos números a que as letras que formam a palavra «Abraxas» correspondem, perfaz 365 como se vê de seguida:    A = 1   /   b = 2   /   r = 100   /   a = 1   /   x = 60   /   a = 1   /   s = 200 = Soma 365.
A «divindade» é assim associada a um símbolo da totalidade, o número de dias de um ano.
Abraxas era representado como um ser híbrido com cabeça de galo ou de burro e, serpentes, no lugar das pernas e pés. Desde a Antiguidade até à Idade Média as gemas, pedras semipreciosas artisticamente lapidadas, em que Abraxas surgia representado e onde era gravado o seu nome, «Iao Abraxas», eram tidas como amuletos bastante poderosos.

Quem teria sido exactamente este estranho ser híbrido - a ter existido na realidade - e de onde terá vindo em origem e proveniência na sua génese total? Impõe-se de novo esta e outras questões em aberto: terá sido este ser, disforme, horrendo de certa forma, exterior a tudo o que era conhecido até então no mundo terreno e, terrestre, um ser provindo do Espaço? Algo ou alguém que, expulso ou banido do seu hipotético Reino Celestial, veio criar território, doutrina e seguidores da mesma sobre o que de si exalava em anormalidade ou comum para a época? Ou simplesmente alguém deveras ardiloso e de mente pouco escrupulosa que arrastando muitos atrás de si em interesses seus, se viu ser venerado e endeusado por obras pouco dignas mas ainda assim, correligionárias por tantos outros ao longo da História?
                         

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A Fonte Cristã



Terá Jesus Cristo fundamentado a sua doutrina cristã nos ensinamentos e fonte de inspiração budista?
Terá Ele seguido as doutrinas de Buda em fonte cristã numa espiritualidade incomum, cuja mensagem se baseava no amor e, na tolerância? Ou terão sido provenientes de um espaço extraterrestre?

Nome Próprio ou Título?
Não sabemos sequer se «Jesus» era o seu nome verdadeiro. Na Galileia - um território hoje dividido entre o Líbano e Israel - havia no tempo de Jesus forte agitação e rebeliões contra a ocupação e o domínio romanos. O povo Judeu estava esperançado que aparecesse o Messias, aquele que os libertaria do jugo da ocupação romana. Muitos dos profetas que andavam por estas terras, faziam referência a Josué como o grande modelo mítico da figura do libertador. Josué foi o sucessor de Moisés e, coube-lhe a tarefa de comandar as tribos israelitas, na conquista da margem ocidental do Jordão. Conduziu os Israelitas contra Canaã, provocou a queda dos muros de Jericó sob o som das trombetas e, com o povo de Israel e a Arca da Aliança, atravessou o Jordão sem que ninguém se molhasse, pois as águas separaram-se.
Todos estes profetas atribuíam a si mesmos o nome de Josué. O nome «Jesus» não é mais do que a tradução grega de «Josué». É até bem possível que naquela altura, o nome Jesus fosse utilizado não como nome próprio mas antes, como uma espécie de título, para designar todos aqueles que afirmavam ser o libertador animado pela vontade de Deus. Talvez os seus discípulos o chamassem assim, por esperarem dele não apenas uma libertação espiritual mas sim, uma libertação efectiva, uma libertação das penas do mundo real. Que Jesus ou Josué era então este?

O Evangelho Perdido
Onde poderá então ser encontrado o verdadeiro Jesus? Estarão as suas palavras autênticas, perdidas para todo o sempre? É possível que não. Ao que parece, essas palavras encontram-se nos Evangelhos Canónicos e, em alguns escritos dos seguidores de Jesus que não foram integrados no Novo Testamento.
Só a moderna investigação histórico-crítica foi capaz de revelar estes dados: descobriu, por exemplo, que os evangelistas Mateus e Lucas, haviam retirado boa parte do conteúdo dos respectivos Evangelhos ao texto de São Marcos. Para além disso, Mateus e Lucas deverão ainda ter-se socorrido de uma colecção de aforismos e sentenças de Jesus que não era do conhecimento de Marcos e, da qual, ambos retiraram citações idênticas. Este texto hipotético é referido pelos especialistas abreviadamente como «Q» e é uma espécie de Evangelho primitivo, uma solução proposta pelos estudiosos alemães Lessing e Eichhorn e que é, a inicial de «Quelle» (fonte). A forma que esse texto apresentaria, foi reconstruída a partir dos escritos do Novo Testamento e, através da análise dessa colecção de aforismos, os investigadores terão pretendido assim de chegar às palavras que, efectivamente, Jesus terá proferido e dirigido aos seus discípulos.

Um Outro Jesus
Nem todas as declarações constantes nesta colecção de aforismos podem ser atribuídas a Jesus. Alguns historiadores da Religião, crêem ser capazes de reconstítuir as declarações de Jesus autênticas.
Observadas em conjunto, produzirão depois uma imagem de Cristo inteiramente nova e diferente daquela que, os Evangelhos pretendem transmitir. Nada nas verdadeiras palavras de Jesus, aponta para o facto de este se sentir como o Messias. A doutrina que pregava, também não atacava o Judaísmo, como frequentemente se afirma. As poucas palavras autênticas de Jesus, são antes pautadas por uma forte inspiração de ideias orientais e, evidenciam surpreendentes semelhanças com as doutrinas budistas, sobretudo com os discursos de Buda.
As fontes para os milagres em concreto, que são tidas como «características» da doutrina cristã, foram também localizadas pelos investigadores. O conhecido milagre dos pães e, o acto de caminhar sobre as águas, foram extraídos de fontes budistas. Milagres idênticos - até nos mais pequenos pormenores - foram séculos antes de Jesus, atribuídos a Buda.
Outros episódios da vida de Jesus, resultam também comprovadamente de modelos budistas, como é o caso da tentação no deserto, o diálogo com a Samaritana junto ao poço ou, o comentário acerca do óbolo da viúva. Os seguidores de Jesus, entre os quais circulava esta espécie de Evangelho primitivo, não entenderam a sua morte como um acontecimento divino ou sequer, como um acto de redenção. Ninguém acreditava que Jesus tivesse ressuscitado para reinar então, sobre um Novo Mundo. Tomavam Jesus antes, por um Mestre Espiritual invulgar, cuja mensagem de amor e tolerância lhes tornava mais fácil a tarefa de lidar com a vida naqueles tempos difíceis.

O Jesus Autêntico
O seminário de Jesus no Westar Institute em Sonoma na Califórnia (USA), é a principal associação de investigadores que se dedica a procurar registos dos discursos autênticos de Jesus. Também estudiosos independentes, como o investigador bíblico austríaco Herbert Ziegler (1916-1998), chegaram a conclusões semelhantes. De todas as declarações atribuídas a Jesus no Novo Testamento, menos de 5% terão sido efectivamente proferidos pelo próprio Jesus Cristo. Apenas algumas palavras do sermão da montanha, algumas referências aos Fariseus - membros de uma seita Judaica antiga que, seguiam rigorosamente e à letra, a lei moisaica - algumas palavras e certos aforismos são autênticos.

A ressurreição de Jesus Cristo é também ainda hoje posta em causa por muitos estudiosos e historiadores da Religião. Investigações do foro da medicina e da fisiologia, que tinham como objectivo esclarecer qual a causa da morte mais provável de alguém que fosse crucificado, permitiram chegar à conclusão que, tendo em conta o modo como Jesus foi pregado na cruz, teria demorado mais do que um dia até que ocorresse a sua morte. Uma vez que, de acordo com os Evangelistas, não passaram mais do que algumas horas até Jesus morrer; os investigadores julgam que a morte de Jesus terá sido mais um desfalecimento - uma morte aparente - do que propriamente um falecimento. Uma outra prova, de entre muitas mais, que refuta a teoria da ressurreição, é-nos fornecida pelo próprio evangelista João: "Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Porém, um dos soldados abriu-lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água." (João 19, 33-34).
Se efectivamente o sangue jorrou do corte, tal significa que, ao contrário do que acontece nos mortos, ainda a circulação sanguínea se fazia e daí o mistério ou veracidade nos que contestam a sua ressurreição de vida após a morte em anunciação de anjo-homem. Ou então, por milagres de uma sua natureza divina que não humana ( ou extrapolando um pouco...extraterrestre) se terá declinado na morte anunciada, reportando-se de novo em vida, revivificada ou não; corporal e espiritualmente.
Teorias estas ou, a verdadeira dimensão do que historiadores e estudiosos na matéria vêm apregoando nas suas muitas investigações e descobertas. Jesus ou Josué, mito ou ser divino; mito ou ser extraterrestre que em prol da Humanidade nos veio remeter a anunciação da salvação ou quem saberá, da eternidade...pois que assim seja de facto e estaremos todos em boa harmonia e felicidade, mesmo que Ele, Cristo, não tenha perecido na cruz mas lá para os lados dos Himalaias, do Afeganistão, do Paquistão ou da Índia. E mesmo por cá em Portugal, tenha deixado a sua relíquia em quinto Evangelho, mesmo que perdido por entre as catacumbas de algures, lá para os lados de Tomar. A bem da Humanidade, que a verdade se assuma! E que assim possa ser! Para sempre!

A Outra Alma



Jesus Cristo: o homem e o mito entrelaçados do que possa ter sido divindade, mensageiro das estrelas ou simplesmente um mais profeta, sábio e quiçá milagreiro de entre tantos outros na época? Será heresia podermos questionar os limites de um e outro, como homem ou de facto o Filho de Deus?

O Homem e o Mito
Talvez nenhuma outra personalidade tenha marcado tanto os espíritos das pessoas de há dois mil anos a esta parte como Jesus de Nazaré o conseguiu. Nenhum outro deverá ter sido objecto de tantos livros nem de tantas discussões apaixonadas. Não obstante, a figura histórica de Jesus permanece envolta nas sombras do mistério. Aquilo que dele ficamos a saber através da Bíblia, são em grande parte lendas, que muito devem ao culto de que Cristo foi objecto, e histórias possivelmente ficcionadas.

Falta de Provas Históricas
Aos historiadores seus contemporâneos, deverá Jesus ter passado completamente despercebido ou, pelo menos, parecia pouco digno de lhe ser feita qualquer referência. É surpreendente que este indivíduo, que toda a cristandade adopta como referência, tenha merecido fora da literatura cristã um estatuto semelhante ao de uma mera nota de rodapé num compêndio de História.
Filon de Alexandria (20 a. C.-50 d. C.), um contemporâneo de Jesus, escreveu cerca de 50 obras cuja temática abarca a História, a Filosofia e a Religião. Jamais fez qualquer referência ao Filho de Deus.
Acerca de Pôncio Pilatos, porém, encontra Filon muito para dizer. Só por volta de 115 d. C. é que, pela pena do historiador romano Tácito (55-116) é feita referência à «supersticiosa seita» dos cristãos, que derivam o seu nome de um tal de Cristo. Plínio, o Moço (62-113), escreveu acerca de Cristo na Bitínia, uma região na Ásia Menor, que foi entregue aos Romanos já em 74 a. C. e que, até 395 d. C. se manteve como parte integrante do Império Romano. Suetónio (70-140) descreve a expulsão de Judeus de Roma levada a cabo sob o Reino do Imperador Cláudio (41-54), pois sob influência de um tal de «Chrestos» estes haviam causado distúrbios.
Numa obra do historiador judeu Flávio Josefo (37-c.100) Jesus é apresentado como capaz de operar milagres e caracterizado como um bem-sucedido mestre que transmite ensinamentos. No entanto, esta conhecida obra, o «Testimonium Flavianum», não foi na realidade escrita pelo próprio Flávio Josefo. Trata-se de uma obra que lhe é atribuída, mas que deverá ter saído da pena de um copista cristão do século III, como recentemente veio a comprovar-se.

Um entre Muitos
Ao que parece, durante o curto período de notoriedade pública de que Jesus terá gozado na Palestina, pouco se deverá ter destacado dos numerosos pretensos profetas, sábios e milagreiros que julgavam então desempenhar uma missão divina. Os milagres que são atribuídos a Jesus, foram pelos autores dos Evangelhos aproveitados dos relatos que então circulavam, e que faziam referência aos feitos de taumaturgos famosos que anteriormente haviam existido, tais como Epiménides (século VII a. C.), Pitágoras (século VI a. C.) e Empédocles (século V a. C.). De Empédocles, contava-se de que havia curado gente doente, que ressuscitara mortos, que afastara tempestades e, conseguira mesmo predizer o futuro.
As semelhanças com os milagres atribuídos a Jesus, são por vezes surpreendentes. O episódio em que Jesus ordena a Pedro que uma vez mais este lance as redes à água (Lucas 5, 1-7) é aproveitado de um relato acerca de Pitágoras que, em Cróton, vaticina aos pescadores a quantidade de peixes que eles apanharão se voltarem a lançar as suas redes ao mar.
Também a biografia de um enigmático mago, Apolónio de Tiana, um contemporâneo de Jesus, revela numerosos paralelismos com as histórias que sobre este último aparecem narradas nos Evangelhos: também Apolónio proferia vaticínios, curava doentes, esconjurava demónios - chegando a chamar uma morta de novo à vida - e, escapou-se de modo inexplicável da prisão, sendo que, após a sua morte, foi venerado como um herói ou mesmo um deus.

Jesus, um Cínico?
Para o doutor Burton L. Mack, um especialista em História da Religião, o verdadeiro Cristo poderá na realidade ter sido um filósofo cínico. Os partidários da escola filosófica fundada por Antístenes, um discípulo de Sócrates, eram na Antiguidade Clássica conhecidos como cínicos. Desprezavam todos os valores e convenções religiosas - e públicas - e, cultivavam a sobriedade.
As posições extremas de Jesus relativamente às convenções, os seus desafios: ("Deixai os mortos enterrarem os seus mortos"), as suas declarações em tom de crítica social: ("Se alguém te quiser tirar o casaco, dá-lhe também a camisa"), tudo isso faz lembrar as posições adoptadas pelos filósofos cínicos, a sua simplicidade e modéstia, o seu descaramento, o seu desprezo pelas convenções.
Jesus usava uma linguagem hermética, com sentenças breves, máximas, aforismos e parábolas. Os cínicos faziam igualmente uso - e aperfeiçoaram estas fórmulas retóricas - no sentido de estabelecer regras de vida sérias que servissem de orientação para o comportamento, apresentando-as numa roupagem alegre.

Todas estas alegorias e vertentes filosóficas de que Jesus terá estado imbuído e, em parte calcinado, dá-nos a livre percepção dos actos assertivos que ele desejaria «impor» na população da época. O pensamento poderia até ser questionável no radicalismo que Jesus apelava a que todos cumprissem numa maior racionalidade e também seriedade. Muito à frente do seu tempo ou, iluminação exterior das estrelas ou mesmo de um Reino seu que só este conheceria, muito se especula ainda hoje também, sobre a sua proveniência divina e de útero materno virgem. É passível de o fazermos, de o contestarmos em ciência (não muito exacta ainda...) e de, uma certa orquestração documental que ao longo dos tempos se foi verificando em alteração e certos consensos abstractos ou mesmo contraditórios. Hoje tudo é questionável, até mesmo a fé, essa mesma fé que tantos possuem em si, sendo igualmente inexplicável. Homem e mito, a acoplagem perfeita para que o possamos seguir em ícone perfeito ou, de uma perfeição que nós próprios queremos e desejamos atingir na Terra. Por isso, como sempre afirmo de que por um maior e mais lato conhecimento humano, possamos ser dignos de tudo isso ou apenas em parte e, a bem de todos, assim possa ser!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A Doutrina dos Puros



Os Cátaros - Designação Grega: «Puros»
Terão sido os Cátaros, na sua eterna demanda  pela consolação divina, os guardiães do Santo Graal na sua fortaleza de Montségur?

A Doutrina dos Puros
No século XII foi tomando vulto nas zonas em redor do Reno e no Norte de Itália, mas sobretudo no Sul de França, uma irmandade cujos membros se autodenominavam «Cátaros» (da palavra grega que designa «puros»). Em referência ao nome da cidade de Albi, no Sul de França, onde a sua influência se fez sentir com mais importância, os Cátaros são também conhecidos como Albigenses.
Os Cátaros são, por assim dizer, os sucessores dos gnósticos do fim da Antiguidade. Tal como estes últimos, os Cátaros defendiam um dualismo rigoroso: o Deus bom, acompanhado do seu filho Jesus Cristo, opõe-se ao Deus mau, com o seu filho Satanás. Os «puros» desprezavam tudo o que era material e terreno, pois consideravam-no produto do Deus mau e de Satanás. O Antigo Testamento era por eles tomado como equivalente ao Mal, uma vez que era o livro do criador da matéria, do Deus mau.

A Ascese como um Ideal
Mediante a ascese, os Cátaros pretendiam afastar-se da corrupção provocada pelo mundo material. Os seus dirigentes viam-se como perfeitos, como tendo já sido iniciados e, como se nada os pudesse demover do caminho rumo ao espírito. A iniciação consistia num ritual especial, a que se dava o nome de «consolamentum» (consolação). O sentido desta iniciação residia em ficar-se preparado para a vinda do Espírito Santo, enquanto consolador.

Crença na Transmigração das Almas
Os Cátaros adoptaram uma atitude provocatória em relação à Igreja dominante. Os seus bispos viviam em exclusivo para a sua fé, sem quaisquer bens, posses, pompas, prebendas ou terras.
Rejeitavam os sacramentos e os cultos sagrados, bem como a imagem de Jesus crucificado. Acreditavam numa espécie de reencarnação que implicava a transmigração das almas e em que estas podiam mesmo vir a ocupar o corpo de animais. As almas só seriam libertadas desta viagem constante - de um corpo para outro - quando encarnassem no corpo de um Cátaro, um desses seres perfeitos.

Os Hereges são Exterminados
Em 1179, o Papa Alexandre III proclamou a anatematização dos Cátaros. Quem matasse um Cátaro, receberia em troca uma remissão de dois anos de pecados e, seria colocado sob a protecção da Igreja, à semelhança de um Cruzado.
Vinte anos mais tarde, o Papa Inocêncio III fez publicar as suas terríveis leis contra os hereges. Os Cátaros não se defenderam, pois consideravam a guerra um acto contrário à conduta de um cristão, acabando por ser brutalmente aniquilados. A 12 de Março de 1244, na fortaleza de Montségur, nos Pirinéus, os últimos Cátaros renderam-se àqueles que os cercavam e, entregaram-se à morte pelo fogo.

O Enigma do Graal
No decurso dos séculos, os corajosos Cátaros, na sua eterna demanda pela consolação divina, viram-se associados a uma enigmática função: ter-se-ia tratado de sábios iniciados que, na sua fortaleza de Montségur, haviam guardado o Santo Graal.
De acordo com uma outra teoria, deve, ao invés do cálice em que fora recolhido o sangue de Jesus, ter sido o sudário em que o crucificado havia sido envolto, após a deposição da cruz (e no qual misteriosamente se imprimira uma imagem em negativo da forma do corpo e, onde subsistiam manchas de sangue) que por eles foi guardado.

O Papa Inocêncio III (1160-1216) foi um dos sumos-pontífices mais poderosos da Idade Média. Ampliou os domínios do Estado Eclesiástico, reformou a Cúria Romana e o Clero, e lançou os fundamentos da Inquisição. Sob o seu pontificado (1198-1216), os Cátaros foram cruelmente perseguidos e, extintos.
Cátaros ou Albigenses, em doutrina inversa à dos Papas vigentes, perseguidos, torturados e mortos na fogueira, vinculariam na história medieval um cunho deveras elevado de prestação divina que, tal como o nome indicava, de consolação e nunca de batalhas ou guerras anunciadas. Mas por terem havido a «ousadia» de desafiarem a Igreja instituída, pagariam com a vida em túmulo aberto de cinza e fogo mas que a própria História - a dos homens - haveria de fazer ressuscitar em alquimia de reposição e verdade dos factos. Guardiães do Santo Sudário, do Santo Graal ou...de outra qualquer relíquia religiosa e cristã, o certo é que, não o tendo conseguido na totalidade, o tentaram até às últimas consequências e só Deus saberá se de facto terão sido bem sucedidos ou não.
Que segredos guardará a fortaleza de Montségur nos Pirinéus? Será que, enterrados e em sepulcro autenticados, estará o tão falado Santo Graal? Ou...o verdadeiro Santo Sudário? Ou ainda, quem saberá...o elixir da eterna juventude, da imortalidade, da sabedoria e afins? Muitas perguntas sem dúvida que não estando ao nosso alcance, ainda assim nos permite na liberdade de pensamento e curiosidade históricas, enaltecer em imaginação fluente. Que um dia a verdade se saiba e se nos revele. A bem da Humanidade, assim possa ser!





A Eterna Sabedoria



Castelo de Tomar - Portugal
Como poderá a gigantesca frota naval dos Templários ter-se pura e simplesmente evaporado?

O «Cristal da Eterna Sabedoria»
Os Templários construíram castelos em muitos países europeus. Em Portugal, por exemplo, possuíam uma fortaleza em Tomar. Ainda hoje se mantêm vivos rumores, acerca da existência de uma enorme rede de corredores secretos subterrâneos. Certas pessoas com dotes esotéricos acreditam encontrar-se aí um «cristal da eterna sabedoria» ou talvez, um quinto Evangelho, cujo autor teria sido ninguém menos que o próprio Jesus. Os Templários designavam-se a si mesmos «cavaleiros do Templo de Salomão», pois fora no local onde se situavam as fundações desse templo, em Jerusalém, que a Ordem teve a sua primeira sede.
Foi uma cópia desta igreja que os Templários erigiram na sua fortaleza em Tomar - o que torna todo o complexo ainda mais enigmático. Até aos nossos dias as autoridades não autorizaram a realização de quaisquer escavações, pelo que este castelo dos Templários continuará assim por muito mais tempo a alimentar lendas. Impõe-se a questão: será de facto uma lenda...?

O Mito
Os Templários continuam ainda hoje associados ao sombrio vazio dos segredos. Em missas negras, deverão eles ter adorado divindades pagãs com três cabeças, mediante rituais horrendos terão celebrado as práticas sexuais mais desviadas, chegando mesmo a sacrificar crianças. Até mesmo de praticar a feitiçaria foram eles acusados, afirmando-se que obrigavam mulheres a abortar. Para além disso, teriam ainda venerado uma divindade chamada «Bafomé» e, espezinhado a cruz. Mito ou verdade?
É certo que nem todos os cavaleiros terão sido santos, mas de pecados e delitos semelhantes eram também outras ordens acusadas sempre que se queria denegrir e limitar a preponderância de uma delas. Ao executar buscas nas instalações dos Templários, a Inquisição não deparou com quaisquer provas que pudessem sustentar e justificar a acusação, mas ainda assim permanece uma aura de mistério a envolver os cavaleiros da Ordem dos Templários. Para quem estivesse de fora, os Templários teriam com efeito exercido um certo encanto enigmático, pois a verdade é que estes estavam obrigados por um voto de silêncio absoluto.
Os seus rituais de aceitação na Ordem, assemelham-se a ritos de iniciação. Associados aos rumores de que a cruz era desrespeitada, o beijo fraterno de aceitação na Ordem, foi entendido como um gesto revelador da homossexualidade e, de práticas proibidas.
Com a grande quantidade de acusações e calúnias de que foram vítimas, o destino dos Templários estava traçado: em 1312 deu-se a dissolução oficial da Ordem. Com a imolação pelo fogo do grão-mestre Jacques de Molay e do preceptor da Normandia, Geoffroi de Charnay em 1314, a Ordem parecia definitivamente arredada dos palcos da História. Ainda assim, a Ordem não deixou de existir, permaneceu viva nem que seja por muitos séculos ainda, na nossa fértil e proveitosa imaginação.

Lendas dos Templários: o Tesouro
Os tesouros da Ordem, como paradeiro desconhecido, desenvolveram um enorme poder de atracção (e cobiça, dizemos nós...). Na noite anterior ao grande golpe desferido em Outubro de 1307, os membros da Ordem terão sido avisados, pelo que um «comboio» de carros de transporte terá então deixado Paris - onde a Ordem tinha a sua sede principal - rumo a parte incerta. Desde então, apenas há rumores acerca do paradeiro daquele lendário tesouro, que se julga poder estar no castelo de Gisor, nas imediações de Paris, mas também no Sul de França, em Espanha, em Portugal ou na Escócia.
Com efeito, alguns templários lograram fugir para o estrangeiro, levando consigo toda a sabedoria acerca do mistério da Ordem, por isso talvez um dia, indícios até então escondidos, possam mostrar o caminho que conduz aos seus tesouros sagrados.

A Frota dos Templários
Daí a pergunta inicial: como poderá a gigantesca frota naval dos Templários ter-se pura e simplesmente evaporado? Sabemos hoje que em Portugal a Ordem dos Templários mudou de nome e adoptou a designação de Ordem de Cristo. Até mesmo o símbolo da Ordem - a cruz vermelha sobre fundo branco - se manteve inalterado. Os descobridores que mais tarde se aventuraram até novas paragens ainda por descobrir, navegaram sob os auspícios deste símbolo, tanto os homens do Infante Dom Henrique como Cristóvão Colombo. Colombo terá tido à sua disposição velhas cartas de marear da Ordem de Cristo, ao pretender navegar até à Índia e ter descoberto a costa da América. Por essa razão, os investigadores partem do princípio de que essas cartas - com grande grau de correcção geográfica para a época e, dotadas de informações valiosas - teriam sido um legado dos Templários, que já conheciam a América e para lá haviam fugido.
Esta, é uma hipótese que não deverá ser excluída, pois no Estado norte-americano de Massachusetts foi encontrada uma imagem do século XIV que representava um cavaleiro com uma espada. É bem possível então, que o imponente tesouro dos Templários nunca possa ter sido recuperado pelo simples facto de, ter sido levado pelos cavaleiros da Ordem para o local mais seguro de então, a América, com a qual os seus perseguidores ainda nem sequer sonhar podiam.

Círculo Secreto
Perto da cidade escocesa de Edimburgo, em 1446, Sir William St. Clair lançou a primeira pedra para a construção de uma enigmática igreja. A capela de Rosslyn está repleta de sinais enigmáticos.
Sir William era descendente de uma família de linhagem nobre e com diversas ligações aos Templários. Os St. Clair deverão ter estado ligados à fundação de uma loja maçónica secreta, através da qual foram transmitindo a sabedoria adquirida pelos Templários. Para além disso, há indícios de que em 1312 houve Templários que se refugiaram na ilha escocesa de Mull, onde terão fundado uma Ordem Secreta.
Com efeito, na simbologia maçónica encontram-se numerosos aspectos da simbologia dos Templários. Um dos símbolos centrais é, por exemplo, o Templo de Salomão.

Este negro Outubro de 1307 até à extinção da Ordem dos Templários em 1312, ficaria registado na História como um dos períodos mais sangrentos de perseguição e maldição sobre esta instituída organização do foro religioso e cristão. A sua extinção não nos fará de modo algum deixar de continuar a sua senda - não em atitude igualmente persecutória - mas em busca da verdade e, muito provavelmente para os entendidos, de todo o seu espólio, dito almejado tesouro dos Templários. Mais que não fosse, por uma certa veemência histórica em apresentação dos factos e de uma realidade ainda sonegada a tantos de nós sobre o que terão sido verdadeiramente estes senhores da Ordem dos Templários. Eram eruditos, senhores da palavra, do conhecimento e da razão. Se por alguma razão, terão tido comportamentos desviantes, não o sabemos mas como já foi dito atrás, quem poderá julgar algo ou alguém por um todo que, caído em desgraça, arrasta todos atrás de si.
Quanto ao tesouro em si e, a todo um seu percurso desviado pelos seus fugitivos cavaleiros da Ordem, haverá hipoteticamente a orla de se pensar este poder estar «sepultado» em França (algures) em Espanha (este, o sítio mais improvável pela circunstância da Eminência Inquisição aí ser sede...), Portugal (em Tomar) e finalmente na América pelo já relacionado com o conhecimento dos Templários na existência desta.
Penso que me é dado opinar que, «dividir para reinar» terá sido o lema. Daí que este tão afamado tesouro dos Templários, possa estar espalhado tanto pelo território europeu como americano. Sem esquecer a Escócia pelo que também foi relatado e como espaço interno também, imbuído desta crença e deste colo ou regaço dos Templários em refúgio e secreto esconderijo do que tentaram preservar para a História de si.
No que me diz respeito, em espaço lusitano por terras de Tomar em Portugal, anuncio de que seria com muito agrado que se fizessem escavações arqueológicas e outras, sobre as catacumbas da fortaleza do castelo e mesmo do Convento de Tomar (onde se regista igualmente essa influência dos Templários) e dessem à luz esses novos factos que, mesmo sem grandes tesouros luzidios, nos poderiam elucidar mais. Contudo, a haver a descoberta do dito «cristal da eterna sabedoria» ou o quinto Evangelho escrito por Jesus ( e estes sim, os verdadeiros tesouros da Ordem, acredito) seria a última maravilha do mundo em consonância com tantas outras que por cá detemos. Por agora, só nos resta esperar que mentes lúcidas, transparentes e despojadas de qualquer interesse económico ou outro que não seja unicamente de cariz histórica e científica, autorize um dia essas escavações para que todos possamos ter mais certezas do que dúvidas. Devemos isso aos Templários e, à sua magistral obra do que ainda certamente recolhemos por mão de Reis e Infantes na sapiência marítima e que, uma vez mais, induz a que Colombo tivesse ido precisamente para onde o nosso Rei o terá mandado, para a América e não para a Índia...mas isso, é outra história.
A Eterna Sabedoria dos Templários não será esquecida. A bem de todos, assim possa ser!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A Secreta Cruzada



Que terá sucedido de tão liminar e crucial para que os Templários, anteriormente tão apreciados e dignificados pelo Imperador, pelo Papa e por toda a Cristandade, tivessem sido perseguidos e, exterminados, de modo tão excessivo?

O Poder e os Segredos dos Templários
Um dos capítulos mais sombrios da história da Europa é a aniquilação da Ordem dos Templários. Estava-se em 1314 quando, após sete longos anos de cárcere e tortura, o último dos grão-mestres, Jacques de Molay, perdeu a vida numa fogueira sob os constantes gritos fanáticos da multidão e, nas imediações da Catedral de Notre-Dame, em Paris. Fora acusado de blasfémia e de sodomia e condenado à morte. Não tivesse ele negado a confissão que lhe fora extraída à força, e teria sido poupado. Ante a inevitabilidade da morte, amaldiçoou o Papa e o Rei de França, que haviam perseguido a Ordem sem quaisquer escrúpulos.
Passados poucos meses, a maldição provou ter sido eficaz, pois surpreendentemente os seus dois adversários morreram. Poder da maldição ou mera coincidência, o certo é que a inevitabilidade do destino por palavras anunciadas do mártir Jacques de Molay se cumpriu. A questão fica então aberta: que terá ocorrido de tão pungente para que os Templários, anteriormente tão apreciados e dignificados por todos, tivessem sido perseguidos e exterminados de modo tão excessivo?

Combatentes pela Causa de Deus
Uma aura de segredo místico envolve os Templários desde a fundação da sua Ordem. Vive-se a época das Cruzadas, quando em 1119 Hugo de Payens, acompanhado de alguns cavaleiros, parte da região francesa de Champagne rumo a Jerusalém, com vista a aí organizar - de modo militarmente rigoroso - a protecção dos peregrinos que se aventuram a visitar a Terra Santa.
Balduíno II, Rei de Jerusalém, apoia esta irmandade de pequenas proporções, que recebe uma parte do palácio real, sobre os terrenos do velho Templo de Salomão. Daí resulta o nome «templários».
A Ordem empreende então uma ascensão prodigiosa. Oferendas feitas por diversos países tornam-na uma Ordem rica, para além de receber numerosos privilégios - como por exemplo, a isenção do pagamento de portagens e de quaisquer impostos. A fundação da Ordem acaba por ocorrer em França. Bernardo de Claraval, fundador da Ordem de Cister, torna-se o grande patrono da Ordem e, os cavaleiros membros, fazem votos de dedicar a vida à Ordem e de viver de acordo com os estatutos desta: a castidade, a obediência, a pobreza e a luta contra os infiéis.

Ascensão e Queda dos Templários
Em 1139, o Papa Inocêncio II emite uma bula em que fica estabelecido que os Templários não se encontram sob a alçada de nenhum outro poder secular ou religioso que não seja, o do próprio Papa.
Começa então o período sangrento da vida da Ordem. Muitos jovens nobres haviam ingressado naquela irmandade, entregando à Ordem as suas riquezas, de modo a poderem cumprir o mandamento que requeria a pobreza. Deste modo, os Templários obtiveram numerosos e valiosos bens e mesmo terrenos. Alcançaram uma posição de poder e influência tal que nenhum governante secular ousaria coarctar.
Após a conquista de Jerusalém (1187) e de Akka (1291) pelos exércitos muçulmanos, em 1303 os Templários viram-se forçados a abandonar a Terra Santa. Destituída do papel que até então desempenhara, a Ordem viu-se privada da razão da sua existência e teve de encontrar uma nova esfera de actividade.
No Sul de França, quase toda a região de Languedoc se encontrava sob a influência dos Templários. Tal tornara-se possível graças às boas relações destes com os Cátaros, um movimento religioso que não tardou a ser encarado  e, sangrentamente perseguido, como um grupo de hereges.
Os Templários tornaram-se assim pouco estimados junto dos detentores do poder religioso, bem como dos governantes que detinham o poder secular, chegando mesmo a ser alvo de suspeitas. Sobretudo os incomensuráveis tesouros de que dispunham, despertaram em Filipe IV de França grande ambição. Unido ao frágil Papa Clemente V, a 13 de Outubro de 1307, é desferido um rude e mortal golpe contra a Ordem: todos os Templários são aprisionados e mais tarde apresentados diante de um tribunal. São acusados de condutas impróprias e de proferir ensinamentos secretos heréticos. Muitos deles foram torturados até deles se obter a confissão da prática de tais actos. Ironicamente, foi isso mesmo que tornou possível a imortalidade dos Templários nas inúmeras lendas a que deram origem.

Segredos Misteriosos
Na epopeia do Graal, os Templários parecem servir de modelo para os cavaleiros do Graal e, não será com certeza um acaso, que o primeiro autor de uma história do Graal (por volta de 1180), Chrétien de Troyes, fosse - tal como o nome indica, de Troyes - um importante centro dos Templários.
Estranho, é já o facto de o auto de doação do castelo de Cera (Tomar), assinado por Dom Afonso Henriques (Primeiro Rei de Portugal), conter um criptograma que tanto pode ser lido «Portugal» como «Por Tuo Gral» («pelo teu Graal») - isto, décadas antes de a primeira epopeia do Santo Graal haver sequer sido escrita...temos assim: Portugal - « Por Tuo Gral» - Pelo teu Graal.
Não deixa de ser estranho também, que os Templários tivessem em Jerusalém recebido um pedaço de terreno tão sagrado (o local onde antes se erguera o Templo de Salomão) para aí sediar a sua Ordem.
Consta que procederam aí a escavações em busca da enigmática Arca da Aliança que continha as tábuas com os dez mandamentos e cujo paradeiro, desde a saída dos Judeus do Egipto, era desconhecido. Relatos parecem confirmar que, conseguiram encontrar aquilo que procuravam e que a Arca da Aliança foi trazida para França.

Quantos mistérios, quantas deduções, especulações e mesmo cogitações entre tantos - da Idade Média aos nossos dias, supostamente - sobre as secretas cruzadas da Ordem dos Templários e seus fundamentados princípios cristãos que os terão levado à morte. E quanto secretismo e quanta omissão de factos que poderiam ver a luz do dia em Santo Graal, Arca da Aliança e tantos outros mistérios por desvendar...em França, em Portugal, em Jerusalém. Um dia, algo irá suscitar das trevas e, dos esconderijos subterrâneos de castelos, conventos e templos que terão guardado os segredos dos Templários ao longo dos tempos. Catapultados nessa glória real que um dia veremos (ou não...) em sepulcro lacrado, acreditamos que se faça justiça em descoberta da verdade e honra ou homenagem, aos bravos cavaleiros de outrora. Pelo nosso conhecimento, pela verdade e pela Humanidade, assim seja!  

A Luz do Graal



Será o Graal o cálice utilizado por Cristo na Última Ceia?

Santo Graal - O Cálice de Cristo
Vários investigadores têm-se questionado sobre esta vertente simbólica do Graal em que este possa ter sido utilizado por Cristo na Última Ceia. E, é precisamente sobre essa mesma vertente simbólica do Graal (que se deve ao escritor da corte Robert de Boron) a que apresenta fundamentos menos sólidos. Deverá basear-se na crença medieval nas relíquias, pois nem Chrétien de Troyes nem Wolfram von Eschenbach fazem qualquer menção a este elemento cristão. Limitam-se a falar de uma «coisa», uma «pedra preciosa do Céu».
Robert de Boron, por seu turno, descreve o modo como José de Arimateia recolheu o sangue de Cristo crucificado com um cálice. Este recipiente era pois capaz de transmitir grande felicidade interior a quem o detivesse e José, que chegou a Inglaterra com o dito cálice, pusera-se aí a pregar a fé cristã, fundando uma espécie de Igreja acima da Igreja. O Evangelho de Nicodemo - um escrito considerado pela Igreja como apócrifo - serviu-lhe de base. Em todo o caso, os misteriosos relatos em redor do cálice de Cristo, serviram para aumentar ainda mais o significado místico da Eucaristia, preenchendo-se assim um vácuo de fé com o qual a Igreja se via a braços. Desde então, diversos foram os cálices apresentados como o «verdadeiro» Graal.

A Linhagem do Graal
Os autores Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln conseguiram mesmo, a partir de lendas francesas, traçar uma «linhagem dinástica secreta do Graal».
Descendentes de Jesus e Maria Madalena, ter-se-iam tornado os guardiães do Graal. Este precioso legado teria sido mantido até hoje uma sociedade secreta, a «Prieuré de Sion». Documentos comprovativos estariam escondidos na igreja de Rennes-les-Châteaux, nos Pirinéus, para que o Vaticano os não pudesse mandar destruir. Esta teoria, porém, quase não possui factos concretos em que se possa sustentar. O argumento linguístico de que a palavra «graal» teria surgido a partir de «sangreal» (isto é, «sangue real») foi no ano de 1900 identificado pelo professor Paul Piper, um estudioso da literatura, como sendo uma construção posterior, do fim da Idade Média. Também as fontes a que os autores se referem, se afiguram dúbias e, até hoje, faltam factos averiguáveis que possam confirmar estas pretensões.

A Iniciação do Graal
As diversas possibilidades de interpretação e aspectos do tema do Graal, constituem até aos dia de hoje, na actualidade, um dos motivos do fascínio exercido por este misterioso recipiente.
A Lenda do Graal é por uns vista como «uma demanda das origens remotas»; para outros, trata-se de uma «fonte de eterna juventude» ou, de «comunhão com Deus».
O caminho espinhoso que leva ao castelo do Graal, é interpretado como um rito de passagem entre o profano e o sagrado, da morte para a vida, da Humanidade para a Divindade, o que por fim conduz à tomada de consciência daquilo que Deus é e, de como o micro e o macrocosmos surgiram.
O Templo do Graal é visto como representação do microcosmos do Universo; a Luz do Graal é tida como símbolo da iluminação. Como metáfora do princípio feminino reprimido e, da integração do aspecto feminino na hierarquia masculina da religião, é entendido o papel da casta guardiã do Graal que zela pelo cálice no castelo de Munsalvaesche.

Segredos Cósmicos
O Graal é uma relíquia de origem extraterrestre. Foi a esta controversa conclusão que chegaram dois cientistas alemães, o doutor Johannes Fiebag e o doutor Peter Fiebag. Os dois irmãos investigaram os registos históricos referentes ao misterioso artefacto e chegaram a consultar documentos com 3200 anos.
Assim, no Zahar - um escrito judaico secreto que foi sendo transmitido por tradição oral desde a travessia do deserto levada a cabo pelos Israelitas (c. 1500 a. C.)  e que só na Idade Média passou a ter registo escrito - é referido um objecto que deverá ser idêntico ao Graal. Também o Talmude parece referir-se ao Graal quando se aplica o termo «schechina», como demonstrou o filólogo A. Hauck em 1900.
Wolfram von Eschenbach descreve o modo como o Graal foi deixado na Terra por um «bando» (em alemão Schar, que, tal como em português, pode designar um grupo de aves ou pessoas), retomando este logo de seguida o seu voo de regresso, rumo às estrelas.
Para além disso, são também feitas referências a outras aparições que se deram nas proximidades desse artefacto, possivelmente os efeitos de uma qualquer radiação.
Um dos relatos mais antigos acerca do Graal, parece ter origem no construtor do Templo de Salomão, o fenício Hiram-Abi. Diversas passagens bíblicas que fazem referência a objectos que se encontravam no Templo de Salomão, em Jerusalém, sugerem possíveis semelhanças com o Graal. Mantém-se, pois, a possibilidade de o misterioso recipiente lá haver sido guardado.

Assim sendo, a Luz do Graal como símbolo da iluminação e o templo -  como representação do microcosmos do Universo - ambos em uníssono de um metaforismo feminino reprimido (como já foi referido) e, da sua integração na hierarquia masculina da religião, o papel da casta guardiã do Graal tem maior relevo talvez, pela ascensão e poder na figura da mulher. Quanto ao exponencial extraterrestre em que Deus não está excluído - na dimensão do microcosmos e macrocosmos num todo - a especulação do Graal nunca terminará, pela óbvia razão deste poder ter existido de facto e ser proveniente das estrelas em potencial magia sua ou «simplesmente» portador de uma qualquer radiação, conhecida ou desconhecida por nós, seres humanos. Todavia, a Luz do Graal na sua magnificência em designação similar de Santo Graal (povoando a nossa imaginação e delírio mental sobre as suas enormes qualidades...) será sempre uma eterna busca em procura e descoberta de um cálice, um simples cálice de origem divina. Ou...extraterrestre!?...
Seja como for, bem-vindo se um dia for encontrado, se um dia, os senhores das estrelas nos obsequiarem com um mais desse magistral cálice, taça ou santidade feito objecto que nos eternize a alma e se possível, o corpo também...mas isso, já é pedir muito; demais até...talvez. Que Deus ou os seres inteligentes das estrelas nos permitam tal. Assim seja então!