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terça-feira, 23 de julho de 2013

A Prospecção

17 de Junho de 1977 - Base Aérea Portuguesa de Tancos

Detecção de objecto não identificado no espaço aéreo português.



imagem ilustrativa, não referente ao texto

20 de Julho - Nau dos Corvos - Peniche                                                                          

 
A noite estava fria. O que era comum naquelas paragens de um oeste húmido e cavernoso,encorpado por uma faixa costeira tenebrosa de rochas,ravinas e mar. ao longe,mas visível a olho nu,a ilha da Berlenga. A saída com os amigos tinha sido farta mas não faustosa ou mesmo exagerada,no que havíamos ingerido.
Deviam de ser aproximadamente,dez ou onze horas da noite,quando saímos do restaurante. Enquanto o meu acompanhante e amigo se deslocara para ir em busca do seu automóvel que ficara estacionado no parque em frente ao dito restaurante,eu,mingando o passo sorvendo a noite,fui-me deixando ficar para trás. Em instantes que não preciso,um facho de luz em tubo,descendente e inusitado - ao que registei no momento - fazendo-se incidir sobre aquele mar inóspito,revoltoso. Olhei de novo,incrédula. De repente,a escuridão. Após uns milésimos de segundos ao que suponho,de uma retirada abrupta e sem despedida. fiquei boquiaberta e alarmada em parte. Não o poderia dizer a ninguém,até pela simples razão de que me não acreditariam,apelidando de não sóbria pelo evento da noite. Eu era muito jovem e contrapor algo que me pudesse ridicularizar,não estaria nos meus planos. Ocultei de todos o facto,não sem antes o fixar em mim para sempre, sabendo de antemão que assuntos tabus e não muito aceites,se teriam de recolher nos confins do nosso ser. Até ao dia em que pudessem ser expostos,ainda que num registo escrito,muitas décadas depois.

Agosto de 1978 - ilha do Baleal - Peniche
Estava-se em época de veraneio. Desta vez,a noite estava quente. Não lembro bem,mas penso que seria uma noite sem lua. Escura mas terna. O mar calmo e as estrelas,muitas, refulgentes e belas lá no cimo de um céu maravilhoso, reportar-me-ia uma segurança que eventualmente não teria cá em baixo. Muitos desses momentos, de Verão em Verão, foram passados nessa linda ilha composta por casinhas brancas de construção rudimentar e singela - outras nem tanto,sendo pertença de alguns estrangeiros - bifurcando por entre dois mares que se juntavam em oceano aberto, na sua retaguarda e tendo a Berlenga de vigia.
Era uma noite como tantas outras. Viera de um encontro familiar e,por insistência minha que me julgava adulta e sem medos,recusara que me acompanhassem até à ilha onde os meus pais pernoitavam em aluguer de época numa dessas casas que já referi. Ouvi o automóvel partir e com este, todo e qualquer som mais agreste que não fosse o marulho das ondas e, uma ou outra gaivota mais inquieta que por ali houvesse. Naquele tempo,a iluminação e acessos à ilha não eram como os do presente em que esta se encontra, mais ornamentada e embelezada. Era tudo, muito mais selvagem e acredito, muito mais bonito. Mas reconheço os esforços e a certeza de que assim tem de ser nestes novos tempos. "As Pedras Muitas", "A Tromba do Elefante", a praia de Almedreira num enclave desta ilha e Ferrel e,do outro lado, "A ilha das Pombas", esta deserta e capitosa, imponente em mastro maior no canto superior da ilha. E, tudo calmo. Até que...sem audição alguma, ruído ténue ou crepitoso que me suscitasse a curiosidade ou receio, eu distingui um facho de luz esverdeado, depois amarelado e depois...não sei. Engoli em seco. Estava só,de sandálias na mão e a correr ou...querer correr sem que as pernas mo permitissem pois tremiam-me como varas verdes, à semelhança daquela luz estranha que não omitia qualquer som e me percepcionava no ser,algo de muito tenebroso poder vir a acontecer. Queria gritar pela minha mãe que não me valeria de muito, por já estar a dormir à horas e nem sequer dar pela minha falta. Éramos muitos...e eu, em encontros imediatos fosse de qual fosse o grau, pedindo a Deus que me não sugassem no ar em abdução que na época eu nem sabia que esta palavra e acto existiam, e sei que fiquei para ali, entre o maravilhado e...horrorizado. lembro-me que pensei poder tratar-se de algum helicóptero mais afoito em tecnologias mais prementes mas nada disso fazia sentido. Não lhe ouvia nada em bater de pás ou asas suas como tantas vezes os vira em passeios turísticos na praia. Raios, dizia eu, é sempre comigo!...Já parecia perseguição ou qualquer teoria da conspiração aérea, só para me levarem à loucura ou, os pais a negarem-me mais saídas nocturnas, caso eu lhes contasse algo do género, do que me vinha sucedendo de fenómenos nunca vistos ou observados, pelo menos na família normal, honrada e séria que éramos. De um momento para outro, aquela coisa,eclipsou-se. Como a noite estava escura e de algum breu, não consegui discernir muito bem que tipo de nave seria esta, se mais cilíndrica se, mais oblíqua do tipo "charuto acabaçado" como alguns populares alentejanos as definiriam um dia mais tarde em ocasião excepcional destes objectos não identificados por terras onde o mundo começou, alvitram agora. No Alentejo, o mundo poderá ter tido o seu início mas ali, para mim, era ou seria o meu fim, do que considerei não ter maturidade e firmeza para o garantir em mim. Era de facto muito jovem para arcar com tanto conhecimento extra planetário. guardei sempre para mim a sete chaves estes sucedidos, como eu lhes chamo. A quem recorrer...? E depois,ouviria alguns dizer, de que o nosso pequeno país estaria a ser alvo de várias prospecções de ordem temática muito diversa. Não seria petrolífera ainda pois na época, tal ainda se não conhecia de poder existir nas nossas costas marítimas, o tão famoso crude que origina este igualmente tão requisitado produto combustível. Mas falava-se de outras coisas...da hipotética central nuclear que queriam fazer em Ferrel para a mais alargada economia nacional, mesmo que isso fosse ser prejudicial para as pescas da zona e a agricultura em geral. Deu polémica e porrada. Não se falava de outra coisa. Houve quase batalha campal entre a população local e os autarcas regionais que se opunham firmemente aos desmandos do núcleo duro central. Depois,tudo acalmou. Apaziguados ânimos e refeita postura de não se mexer uma palha em prol de toda a região oeste,frutuosa e de bons proventos em frutas, legumes, vinhos e por aí fora num inúmero de actividades hortícolas, piscícolas e outras e tudo estacaria.

Nessa noite não dormi. Jurei a mim mesma, nunca mais na vida sair sozinha. Bem...nem sempre cumpri esta determinação. Fui esquecendo. Tentando esquecer. Posso acrescentar de que senti naquela noite na praia,presenças não físicas e não me peçam para explicar ao pormenor, a razão de tal. A consciência que tive no momento, foi de que estaria a ser observada num imenso olho óptico celeste, captada por algo que me transcenderia como simples humana que sou. Não que eu tenha algum interesse para os tais elementos visitantes nesta nossa linda Terra mas, por que provavelmente - detectando estes uma fonte de calor em corpo em movimento no meio de nenhures...- eu lhes ter em parte estragado os planos na recolha de espécimes terrestres ou marítimos da nossa costa.


Não tenho ideia se existe alguma razão, perceptível ou não, para que estes acontecimentos me tivessem surgido na vida. Só mais tarde pude compreender certos trâmites relacionados com seres de outros planetas, outros mundos. Não sei o que têm reservado para nós mas senti, naquela noite de que nos não hostis ou...eu já não estaria aqui. Pelo menos, esta civilização que perspectivei na presença terrena dessa tão estranha quanto mágica noite. Foi surpreendente. Houvesse uma luz, uma estrela, semelhante á dos Reis Magoa e não sei se a seguiria em hipnose assente...não sei. Só sei que foi magnífico. Se foram aviões telecomandados de tecnologia superior deste ou doutro mundo,pouco me importa. Registei em mim que nada sou, de que todos temos uma luz e um destino. O meu, foi o de presenciar algo que sem o saber explicar, me entraria na alma no conhecimento e sapiência absoluta de que não estamos sós. De que nos vigiam os passos e os caminhos. De que nos guiam e identificam as fraquezas e, as idiotizes, também. Só teremos de lhes provar de que merecemos usufruir e viver, neste belo planeta que não é nosso mas nos é emprestado para uma maior missão persecutória mas ascendente e...feliz. É nisso que acredito. Mais uma vez. É nisso que me empenho e detenho em existencial fé. Porque também nós, somos uns seres magníficos e tão magnânimos quanto eles. Autora dixit!


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