Translate

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A Heresia III

"A Continuação da Humanidade depende de Ti!" - Sidereus Nuncius (Mensageiro das Estrelas)

 

"Hôlan lácma, d`suncanán iaomána. Metúl diláhie malcutá. Vaháila vateshbúcta láhlám. Almín!" (Faça-nos sentir a alma da Terra dentro de nós, pois assim sentiremos a sabedoria que existe em tudo. Possa o seu amor ser o solo, onde cresçam as nossas acções). Amén!

Oceano Atlântico - (algures entre as coordenadas marítimas das ilhas açorianas)
Ano - 2121

Estou prisioneira de mim própria em sequestro e resgate impossível, perdida no meio do nada por entre ilhas que não conheço numa terra imprópria para o ser humano. Completo os meus dias com as leituras arcaicas em aramaico que «eles» me consignam em estudo e alquimia, dizem-me, para o que vem aí. De início, julguei que me admoestavam por essa imposição de verdadeira tortura pelas leituras fora do tempo - e fora de tudo que considerei ser humanamente possível - de uma tarefa árdua sem sentimento ou divertimento, no que posteriormente tive de admitir, ser urgente eu conhecer. Revelam-me em confidências suas (extraordinárias, ainda que um pouco lunáticas, acredito...) de toda uma panóplia de conspiração e punição sobre mim, se acaso descurar ou sequer negligenciar o que me recomendam para fazer de futuro. E falar-se de futuro, é algo insólito aqui...se nem presente, eu posso reconhecer haver aqui. Coarctaram-me esse direito por outros que «eles» afirmam serem mais prementes e, obrigatórios. Não tenho escapatória possível, pois se nem sequer sei onde estou...talvez perto do arquipélago dos Açores (imagino só em especulativa sensação de desamparo) talvez por querer estar próxima da ilha remota dos meus tetravós paternos, não sei.

Pine Gap - Suscitou-me dúvidas se estaria numa zona neutra ou de conforto alienígena, pelo que já ouvira falar destes paraísos plantados no meu planeta Terra e que «eles» vigilantes e induzidos nestes, afeririam de melhor conhecimento e aprofundamento na finalidade a que se propuseram neste meu planeta. Protegem-me, asseveram-me e eu, tento acreditar. Não está fácil. Seguro na minha mão, um dos poucos pertences que «eles» me deixaram trazer comigo: « a Senhora de Fátima» que está na família há muitas gerações e que me foi deixada em herança maior por uma tetravó que nem imaginando que eu algum dia existiria, se perpetuou no desejo expresso de nunca ninguém desta pequena imagem santa, se desfazer ou cair-lhe-ia em cima todos os males do inferno. Pelo sim e pelo não, cá a mantenho em oração que não sei dizer mas lá vou trauteando em remissão de pecados que não tenho. Ou julgo não ter. «Eles» já me provaram que conseguem manipular o tempo e a matéria mas não a alma humana, suspeitando eu que isso esteja para breve...não sei. São amistosos e «falam-me» em telepatia mas de expressão quase gestual de carinho e afecto. Não lhes reconheço hostilidades até agora. Remetem-na para os homens e mulheres da Terra que não sabem merecer o chão que pisam. Lamentei com «eles» essa grande verdade, tentando compor as coisas da melhor forma, enaltecendo os que se tentam também debelar com essas atrocidades no planeta em associações, aglomerados, convenções e organizações mundiais na defesa do meio ambiente, animal e vegetal. Mas nem sempre tem efeito ou é eloquaz ou, eficaz. Deram-me a ver em espécie de«download», de qualquer período histórico ou acontecimento maior - da ciência, da arqueologia, da filosofia em pensamento e actos praticados na Antiguidade - ou mesmo, das indignidades cometidas sobre cristão, judeus, muçulmanos e toda a comunidade religiosa ao longo dos tempos com os seus muitos profetas e seguidores fiéis. Deslumbrei-me mas fiquei triste por saber que o Homem ao longo de tantos séculos, pouco ou nada aprendera em sabedoria, paz, amor e harmonia. Mais um lamento a acrescentar ao já vasto rol de imprecações humanas nas quais eu era também parte integrante. Tão triste de facto, ter de o reconhecer assim, tão amargamente também.

Mas há esperança: - Disseram-me de que existe uma ruptura no sistema - mesmo de entre «eles», em que se debatem pela raça humana num longo concílio de autonomismo e livre arbítrio nos seus superiores e que hipoteticamente, poderá haver salvação para o ser humano na Terra ou fora desta. Não mo revelam em jeito de confissão mas em sentido referencial e incontestável assomo intergaláctico numa ordem suprema na recuperação do Homem no seu todo e para o qual, eu também contribuirei com o filho que me irá nascer aqui, no seu seio intraestelar (pois que mo afiançaram) em enleios subtis mas velados numa simpatia de recrudescimento e evolução maternas minhas. Assim é, e eu só tenho de acatar. Revelaram-me de que «Herodes» estava vivo na figura, presença e projecto alvo da civilização Arachnids contra eles, Anunnaki. Temi, por mim e pelo meu filho, para logo aquietar-me e aquiescer na certeza inolvidável de que tudo farão para me isolarem desse vil acto da eliminação da minha pessoa e pior, do meu filho que ainda nem sei da cor dos olhos e do seu sorriso que será lindo e magistral, por certo. Entretanto vou lendo em aramaico, na tradução certa de que tantos séculos depois, ainda alguém se vê arrastada para o igual infortúnio de dor e loucura assaz ignóbil, de nos matarem o filho salvador de um ou, mais mundos a requerer. Pela minha parte vou lutar com o que puder, em amor, deslumbramento e...possessão totais numa orla celestial que não faça de novo a humanidade perecer. Luto por isso, ainda que me veja tão só e tão desnorteada pelo amor do meu lado em figura e pessoa do pai do meu filho. «Eles» pedem-me para esperar e ter paciência que esse dia virá. Assim espero. Por tudo o que mais amo: o meu filho, o meu amor e toda a humanidade que «Ele» salvará. Um novo Messias?...Não sei mas espero que o cumpra na totalidade. A bem dos Homens, a bem de toda a Terra. A bem de todos nós!

Sem comentários:

Enviar um comentário