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terça-feira, 26 de novembro de 2013

A Misteriosa Montanha



Será que Buda, absorto na sua meditação em toda a sua postura impassível mas didáctica, nos sugere o caminho do Renascimento?


Borobudur - O Templo de Buda

Borobudur, a misteriosa montanha dos deuses na ilha indonésia de Java, é uma das principais maravilhas do Extremo Oriente. Á distância de uns meros 40 quilómetros da antiga capital do sultanato, Yogyakarta, há mais de mil anos que fiéis budistas erigiram o mais vasto templo de toda a Ásia.
Toda uma montanha foi coberta com quantidades enormes de blocos de pedra, tornando-se assim uma construção sagrada de proporções gigantescas. Numerosas especulações e lendas tomaram forma ao longo dos tempos e até hoje, em torno deste recinto sagrado, levantando inadvertidamente questões acerca da identidade dos mestres que orientaram e planearam a construção, bem como acerca da finalidade desta fantástica obra.

Ressurreição das Ruínas

Quando, no início do século XIX, os viajantes ingleses e holandeses percorreram as planícies de Kedu, cobertas pela selva, apenas tinham olhos para a luxuriante vegetação e, para as cordilheiras vulcânicas diante de si. Borobudur, por seu turno, vira-se até aí envolta num sono de mais de mil anos, situação que se veio a alterar com o início do domínio colonial por parte do Império Britânico.
Sir Thomas Stamford Raffles (1781-1826), então vice-governador de Java, ouviu em 1814 - aquando uma viagem de inspecção - as primeiras descrições, invulgares e inacreditáveis, acerca de uma colina no meio da selva conhecida como Borobudur. De acordo com esses relatos, terá em 1757 o príncipe herdeiro de Yogyakarta visitado o local, tendo aí deparado com um «cavaleiro» aprisionado numa «gaiola». Pouco tempo depois, o príncipe terá ficado doente e acabado por morrer. A partir de então os habitantes locais, passaram a sentir um forte receio pelos efeitos deste lugar e preferiram manter a distância desta montanha amaldiçoada. Sir Raffles decidiu então enviar para este invulgar local, o engenheiro holandês H. C. Cornelius. Aquilo que este descobriu deixou-o extasiado: uma construção escalonada, em forma de cúpula, com seis plataformas quadrangulares - umas por cima das outras, rematadas por outras três circulares - que se erguiam diante dos seus olhos a 35 metros de altura. Galerias e nichos, quinhentas imponentes estátuas de Buda, 1460 baixos-relevos em pedra e, quatro grandes lanços de escadas; bem como cúpulas em forma de sinos que ornamentam as plataformas circulares superiores como se fossem coroas. Tudo isto aponta para o facto de se tratar de um santuário de importância central para o budismo.

A Sepultura de Buda

Até hoje não foram descobertos pelos arqueólogos quaisquer documentos que pudessem prestar mais esclarecimentos acerca deste lugar de culto. Ainda assim, não deixam de ser formuladas hipóteses acerca da importância que este templo terá tido outrora. Pouco tempo passado após a redescoberta deste lugar foi encontrada na plataforma superior, debaixo de um «stupa» (uma estrutura oca semelhante a um sino), uma urna de metal com cinzas no seu interior, selada e com imagens gravadas, o que parecia indicar que Borobudur era uma espécie de gigantesco relicário e que, a urna poderia conter os restos mortais do lendário Buda, os mesmos que o Rei Ahoka - no decurso do século III a. C. - havia mandado retirar do local onde originalmente, haviam sido sepultados na Índia. No entanto, esta sensacional descoberta desapareceu e, estará possivelmente destruída. Apenas ela poderia pôr termo à especulação em torno da possibilidade de Borobudur ser o local de sepultura do fundador de uma das mais importantes religiões do mundo.

Buda

O príncipe Siddharta Gautama, do Norte da Índia, foi o fundador dos ensinamentos budistas. Em resultado da sua vida de renúncia e abnegação, que se desenrolou no século VI a. C., converteu-se num «buda», isto é, um «iluminado». Os budistas acreditam que a infelicidade humana resulta do desejo egoísta e, sem sentido, de obter a riqueza e uma vida eterna. O objectivo deverá antes ser, quebrar o ciclo das reencarnações que mantêm o ser humano preso num mundo de ilusão repleto de sofrimentos.
Os budistas almejam alcançar um estado de não existência (O Nirvana), no qual o indivíduo se reúne com a «Grande Divindade do Universo».

Enquanto o Homem for ganancioso, soberbo e ávido de toda e qualquer ambição em desejo e aquisição material, nada o fortalecerá na dimensão espiritual e de conquista do tal Nirvana. A voragem do nosso mundo actual em captação, sedução e certo «encantamento» pelas coisas óbvias de riquezas mundanas e fúteis da nossa sociedade, têm-nos conduzido para um caminho muito distante e muito diferente do pretendido pelos seguidores de Buda e não só. Todos cometemos os mesmos erros de perdição e sofreguidão também pelos bens materiais que almejamos conseguir na Terra, ainda que por vezes reconheçamos não os levarmos para lado algum na nossa despedida em roupagem corpórea aqui deixada. Vamos pensar nisso e tentar fazer com que os nossos desejos e objectivos de vida nos sejam mais frutuosos e crescentes, mesmo para além do que conhecemos até aqui e julgamos arcar connosco um dia que este solo que pisamos deixar de ser nosso. Buda deixa-nos esses ensinamentos. Vamos então se não segui-lo, pelo menos ouvi-lo e em parte considerá-lo pois só assim engrandecemos física e, espiritualmente. Todas as religiões o mencionam, basta ouvi-las de facto e só assim cresceremos como seres humanos fiéis à nossa raça, género e espécie na Terra. Pois que assim seja!

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