Translate

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A Sabedoria

Será que os homens pré-históricos assimilavam o mundo com sentidos diferentes dos nossos?
Constituirá a sua linguagem simbólica sagrada, um indício de um conhecimento complexo do cosmos e da estrutura das coisas?
 

Petróglifos - As pedras que falam

A Natureza está a vingar-se. As catástrofes naturais confrontam-nos com crescente intensidade pelas consequências dos abusos cometidos em relação à Natureza. A nossa «magia de defesa» consiste na confiança que depositamos nos laboratórios de alta tecnologia, na possibilidade de estes encontrarem soluções para os desastres naturais cada vez mais frequentes.
No século XXI acreditamos no poder dos avanços tecnológicos, mas há milénios não era bem assim. O Homem via-se inserido num mundo dominado por criaturas que podiam conduzi-lo à morte ou, à vida. Através das práticas religiosas, o Homem tentava derrubar a fronteira entre natureza e civilização, entre o aqui e o Além, e assim banir esses poderes incompreensíveis. Os resquícios mais antigos destas práticas mágico-religiosas são os enigmáticos petróglifos, as gravuras e os desenhos rupestres que podemos encontrar por todos os seis continentes da Terra.

Onde os Índios rezavam

As antigas gravuras rupestres índias encontram-se entre as mais conhecidas, existindo cerca de vinte mil desde a costa gélida do Alasca até à Califórnia. Estas gravuras, que chegam a datar de há cinco mil anos eram esculpidas na rocha com artefactos simples de pedra e recorrendo a cores naturais. Para além de símbolos de clãs - que determinavam a pertença a uma tribo - a maior parte dos motivos é do tipo astronómico, mitológico e xamanístico. As representações figurativas mostram serpentes, búfalos, insectos e aves, mas também padrões abstractos.
Face à existência de elementos religiosos nas gravuras, presume-se de que nas imediações haveria também locais de reunião sagrados, onde os sacerdotes conjurariam feitiços para a luta e para a caça. Os índios norte-americanos e sul-americanos, ainda hoje mantêm em segredo alguns desses locais - nos quais sentem campos de força especiais - de modo a poderem estabelecer ligação com os seus antepassados e espíritos protectores sem serem perturbados.

 

Gravuras na Gruta Verde

Nas suas expedições ao Brasil, por volta de 1950, o arqueólogo francês Marcell Homet investigou inúmeros petróglifos na região do Amazonas. A sua descoberta mais imponente foi feita na «Caverna da da Pedra Pintada», um monumento sagrado de pedra com a forma de um gigantesco elipsóide, com cem metros de comprimento e trinta metros de altura. Este monumento de uma civilização já extinta, exibe serpentes sagradas, sapos, plantas, círculos que representam as quatro estações do ano, bem como símbolos solares. As enigmáticas inscrições parecem evidenciar semelhanças com motivos celtas. Se em diversas partes do mundo, distantes entre si, os criadores de culturas pré-históricas inventaram símbolos semelhantes ou se terão havido contactos transoceânicos, eis uma questão que irá permanecer para sempre um mistério.

 

Mistérios Poéticos

Os visitantes de locais de culto megalíticos afirmam sentir por vezes uma aura especial nesses lugares. Em Falera na Suiça, num monumento datado da Idade do Bronze foi de facto constatada uma radioactividade mais forte - e isto apenas junto das pedras que haviam sido acrescentadas à construção. Este fenómeno está também presente noutros locais onde existem menires.
O Filósofo italiano Giambattista Vico (1668-1744) era de opinião que os nossos antepassados possuíam uma «sabedoria poética inata», de modo a decifrarem o «código do mundo». As alegorias poéticas poderiam com certeza ajudar-nos a regressar aos primórdios da experiência humana.

Não se sabe então, se os homens pré-históricos assimilariam o mundo com outros sentidos, diferentes dos nossos. Contudo, haverá de facto a hipótese de ter existido entre si, uma determinada linguagem simbólica sagrada ou mesmo, o tal indício de um conhecimento complexo do cosmos e porventura, da estrutura das coisas. Não se sabe, apenas se supõe ante o que já foi referido. A certeza existe sim, mas na configuração exibida da dita sabedoria poética numa espécie de encriptação sua, em código do mundo delineado ou observado, provavelmente, por estes. Pedras que falam, sabedoria que emerge de si em testemunho efectivo de uma presença e civilização a perdurar no tempo. E nós, registamos. A bem da Humanidade!

Sem comentários:

Enviar um comentário