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quinta-feira, 6 de março de 2014

A Cidade Dourada


Monólito: Dolmen  -  Península Ibérica

Será possível encontrar vestígios de Tartesso, a bela cidade dourada da costa atlântica da Península Ibérica como parte integrante da Atlântida perdida?

Tartesso - A Cidade Dourada da Ibéria
Há mais de 3000 anos, na zona mais ocidental da Europa, ao longo da costa atlântica da Península Ibérica, imperou a poderosa influência de uma cidade real abençoada com incontáveis riquezas. De Tartesso já só hoje conhecemos o nome, nem sequer sabemos ao certo onde foi que outrora se situou.
Será possível então encontrar ainda vestígios desta «Atlântida Ibérica»?

O Reino Desaparecido
Ao contrário da lendária Atlântida, Tartesso não nos é de todo inalcançável. Não foi tragada pelas vagas do oceano nem tão-pouco foi um qualquer tremor de terra que abanou a cidade florescente e, a precipitou nas entranhas da terra. Tartesso, a que a Bíblia chama Társis - e à qual o profeta Isaías (Isaías 23, 1) - se refere como «a animada cidade, de origem tão antiga», fica quase à mão de semear.
O Antigo Testamento refere-se ao povo que nela habitava como «os habitantes daquela ilha», sendo que essa ilha deverá ter-se situado não muito longe da actual Sevilha, no meio do delta fluvial do rio Guadalquivir. Já na década de 1950, o estudioso alemão Adolf Schulten procurou Tartesso nessa região, pois estava convencido de ter sido ela a capital da conhecida Atlântida.
Tomava como base os escritos do historiador romano Juniano Justino, que viveu entre os séculos III e II a. C. e que, havia descrito com considerável detalhe as viagens, as artes e as ciências em que os habitantes de Tartesso se destacavam - fazendo ainda referência a um rei chamado Gargoris.

A Bênção e a Maldição dos Metais
De concreto acerca da origem de Tartesso mais não há do que suposições: talvez essas gentes fossem descendentes dos Tirrenos, estes por sua vez provenientes da Ásia Menor. Quando em 1100 a. C. chegaram à costa atlântica da Península, iniciaram a partir daí um comércio marítimo bastante animado.
As matérias-primas disponíveis nessa região incluíam jazidas de cobre - para além de que nas serras Andaluzas era feita também extracção de ouro e prata. Da Inglaterra recebiam o ambicionado estanho, que permitia aumentarem ainda mais a sua riqueza, já que com ele e com o cobre que extraíam podiam produzir o bronze - a liga metálica mais importante e mais valiosa na Europa da Idade do Bronze.
Schulten avançou com a hipótese de os Fenícios, que a partir da costa do Norte de África haviam organizado um poderoso império comercial, terem sido os responsáveis pela decadência dos ricos e ditosos habitantes de Tartesso, já que viam neles não apenas sérios concorrentes no papel de principal potência comercial mas também invejavam a sua vida de abastança e, os seus tesouros de proporções lendárias.
Os depósitos de ouro e de minério de cobre que por volta de 500 a. C. conduziram à decadência deste reino ibérico da Antiguidade, poderão ainda um dia voltar a contribuir para a sua redescoberta.
Algures na costa ocidental de Espanha, sob as dunas e os terrenos pantanosos, ficam as ruínas de uma metrópole desaparecida e, talvez esses restos de minério, venham a possibilitar aos arqueólogos ou aos caçadores de tesouros - mediante a utilização de detectores de metais - localizar com exactidão a lendária civilização de Tartesso na Península Ibérica (Portugal-Espanha).

Em Busca de Vestígios
O investigador Adolf Schulten procurou Tartesso num ponto do território espanhol - actualmente ocupado pelo Parque Nacional Donana, na zona da foz do rio Guadalquivir. Aí conseguiu encontrar a ruína de uma torre Fenícia que atesta a presença daquela potência naval do Norte de África - mas, ruínas ou fundações comprovadamente pertencentes a Tartesso foi coisa com que não deparou - e até hoje não foram feitos mais nenhuns avanços em termos de investigação, pois nesta região banhada pelo enorme delta do Guadalquivir quaisquer escavações não tardariam a revelar-se demasiado onerosas.
Mais recentemente, a metrópole de Tartesso passou também a ser associada à localidade de Casa Dona Blanca (na costa sul de Espanha, próximo de Huelva) - já que foram aí descobertos pelos arqueólogos Espanhóis, ao longo de vários metros de profundidade, sete camadas distintas de uma cidade, sobrepostas e com sinais evidentes de destruição.

Encontra-se exposta no Parque de Elche, próximo de Alicante, uma esfinge de grés. Foi datada pelos arqueólogos como pertencendo ao século V a. C. Nessa altura, estavam fixados na Península Ibérica não apenas os Iberos como também os Celtas, havendo ainda colónias de Fenícios - um povo de navegadores mediterrânicos, sobretudo na costa sudoeste da Península.
Quanto aos existenciais vestígios muito pouco haverá a denunciar, pelo que já se referiu da imensa e onerosa fasquia que seria esta investigação arqueológica em terras ibéricas; contudo, há muitas outras referências - ainda que não tão exponenciais dessa cultura - em diversos monólitos espalhados pela Península Ibérica, em solo castelhano e português (neste último caso em origens Celtas a Norte do país e dos Iberos no Sul). Quanto aos Fenícios (por lógica de geografia local) no sul da Península Ibérica em vasta corrente mediterrânica como se já relatou. Em secretas e profundas catacumbas provavelmente, poderá estar esta verdade em civilização, cultura e modus vivendi de toda uma cidade robusta e abastada na que foi por certo, a mais bela cidade de Tartesso (ou Társis). Cidade dourada e não esquecida que aqui se regista em prol de todo o nosso abastado também (assim o desejamos) conhecimento. Pois que, a bem desse conhecimento e de toda uma cultura de um passado perdido mas não esquecido, assim se reporte para a posteridade humana. A bem da cultura, a bem da Humanidade!

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