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terça-feira, 22 de abril de 2014

A Unidade dos Opostos


Estátua-Escultura de Lao-Tsé      Monte Quingyuan - Fujian - Região de Quanzhou              China

"Todos os seres transportam em si o calmo Yin e abraçam o agitado Yang. A união dos seus sopros constitui a harmonia." (Tao Te King, livro 2.º, verso 42.)

Sabedoria Transmitida
Para um melhor conhecimento da Filosofia Oriental vejamos esta história bem conhecida nos círculos Tauistas: Pergunta então um discípulo ao Mestre:
"Mestre, porque é o Tau tão cruel? Porque mata, destrói e não ama aquilo que cria?"
responde assim o Mestre: "Quando tens fome, roubas as folhas à planta que as criou com muito esforço. Quando te lavas, poluis a habitação dos peixes; quando caminhas, esmagas muitos seres. Por muito cuidado que tenhas, a tua vida é fonte de destruição."
Remete ainda o discípulo: "Mas não é a Natureza que eu sigo?"
Concilia então o Mestre: "A Natureza do Tau também é destruição. Mas não separa. É!"
                     
Lao-Tsé e os seus seguidores viveram com este espírito; ainda hoje os Tauistas vivem de acordo com estas palavras.

Tauismo - Unidade dos Opostos
No início do século XXI, cada vez mais pessoas dos círculos culturais do Ocidente se mostram insatisfeitas com a sua concepção de vida. Em busca de um fio condutor que as inspire com vista à realização do seu ser, procuram mais do que apenas o sucesso profissional e, a segurança económica. O desejo do bem-estar espiritual e físico leva-as a estudar os modelos do pensamento oriental, antigos e sobretudo, muito acreditados. Além do budismo e do hinduísmo, é o Tauismo que inspira e vai ao encontro dos anseios secretos do homem moderno.

Tudo é Um - O Tau Uno
Enquanto o Cristianismo faz distinção entre corpo e alma, mundo e Deus e matéria e espírito, para o Tauismo é tudo o mesmo. Trata-se de uma filosofia religiosa muito difundida, sobretudo na China - baseada na eleição de um Tau (caminho). É impossível para o verdadeiro Tauista descrever a natureza deste Tau, unidade fundamental - metaforicamente representada pelos opostos Yin e Yang - e responsável pelas situações contraditórias no mundo.
O Yin simboliza a Escuridão, a Terra e o Feminino. O Yang, a Claridade, o Céu e o Masculino. Cada um contém o germe do outro dentro de si. Na concepção Tauista, o Tau-uno e incompreensível, manifesta-se através da interpretação dos efeitos dos opostos Yin e Yang no mundo.

Tudo é Mudança
A Filosofia Tauista baseia-se no seguinte conhecimento: através do Yin e do Yang, o Universo, a Terra e os seres humanos encontram-se num processo dinâmico de constante transformação. A vida na Terra está portanto ligada ao que acontece no Universo e vice-versa.
Tudo é parte de um sistema integral em permanente mudança. Deste ponto de vista, a busca da verdade eterna não tem sentido, pois a vida é mudança. Só quem não tem ambições e se entrega ao fluxo ininterrupto do Yin e do Yang - quem portanto está livre da vontade e do desejo - pode penetrar no mundo oculto do Tau. Diz ainda a Filosofia Tauista: «Quem dá livre curso aos sentimentos, prejudica o espírito; quem se vangloria, esconde a sua realidade.»

O Tau no Quotidiano
Isto não quer dizer no entanto que, o Tauista se deixe conduzir sem vontade. Na sua concepção veio ao mundo com um determinado número de forças que tem o dever de preservar e, eventualmente até, de multiplicar. O que no entanto deve desenvolver durante a vida, é a serenidade e a felicidade no conhecimento da interdependência universal de todos os seres.
Trata-se aqui de fazer as coisas pelas coisas e não, por vaidade pessoal nem para dar nas vistas. Um Tauista quer saber como pode levar uma vida simples, tranquila e natural em harmonia com o Universo. Não quer ocupar o primeiro plano; muitas palavras com pouco conteúdo não pertencem ao seu mundo. Os seus actos são suaves e solidários, nunca intrometidos, perturbadores ou manipuladores.
O seu comportamento é caracterizado pela calma e brandura, compreensão sem palavras, efeito sem acção, ser sem ambição. Só quem não tem ambição e está livre de limitações como o amor, o ódio e a inveja, poderá assim penetrar no mundo secreto do Tau.

O Tau do Amor
Esta noção exprime-se sobretudo no Tau do amor e, da sexualidade. Para os Tauistas, o ser humano nasce abençoado com vários tesouros: «o Ching» (força sexual), o «Chi» (força vital), o «Te» (força emocional) e o «Shen» (força espiritual). A força vital e a sexual podem ser cultivadas, fortalecendo a força espiritual e, a emocional. A sexualidade está assim relacionado com o potencial para o desenvolvimento espiritual.
Nos textos tradicionais, o celibato é um meio comprovado para transformar a energia sexual directamente em energia espiritual. Mas, como este estilo de vida não parecia viável - sobretudo para o ser humano comum - os Tauistas desenvolveram a noção da compreensão perfeita dentro do casal, que conduz ao crescimento espiritual. No âmbito do Yin e do Yang, cada membro do casal entrega aos seu companheiro a parte do outro que existe nele em embrião. Ao mesmo tempo, a união entre o homem e a mulher possibilita uma outra união entre energia masculina e feminina, no que constitui mais um passo na direcção do «verdadeiro eu».

A Cartilha da Sabedoria
As linhas principais do Tauismo encontram-se descritas nos 81 poemas do «Tao Te King», um texto escrito por Lao-Tsé, que deve ter vivido no século IV ou III a. C., embora a sua existência não esteja suficientemente comprovada do ponto de vista histórico.
De resto, além do misterioso Lao-Tsé, o Tauismo não conhece nenhum outro fundador. Os dados sobre outros possíveis pensadores são tão escassos como duvidosos. Os sábios Tauistas pensam que isto é propositado pois, no fim, o que conta na sua filosofia de vida não é a pessoa mas sim apenas o Tau.

Máximas do Tauismo
A Doutrina do Tau: O Tau só pode ser atingido e talvez melhor sentido na tranquilidade ou através da compreensão intuitiva.
De onde venho? Para onde vou? Não existem respostas universalmente válidas. Cada um tem de encontrar a resposta para si próprio.
Morte e vida: A Morte é vista como um regresso à origem e o seu sentido deve ser conhecido à priori. A Morte é o resultado da Vida, sem que sem ela não pode existir.
Contacto com o Tau: Pode conhecer-se e sentir-se o Tau em sonhos. O importante é que o ser humano já se tenha preparado para este encontro.
Natureza: O Respeito pela Natureza é característica de todos os Filósofos Tauistas, que repudiam qualquer atentado violento aos processos naturais.

Tau-Uno em Unidade dos Opostos de Yin e de Yang, Morte e Vida e toda uma Natureza que flui em abundância e crescimento numa coexistência harmoniosa entre as plantas e a água, para além do ser humano. Todas as forças criadoras da Natureza, aliadas a uma energia absoluta e completa nesse ser humano que somos todos nós, iluminar-nos-ia de facto, se soubéssemos respeitar as verdadeiras leis da Natureza e, de todo o Universo. Lao-Tsé, tendo existido fisicamente ou não, reporta-nos para toda essa nossa espiritualidade como humanos, num todo único de forças imensas em unidades conjuntas de sexualidade, vitalidade, emoção e espírito. Sabê-lo-emos merecer? Teremos algum dia consciência exacta sobre a nossa origem, proveniência e futuro augúrio de uma outra dimensão em continuidade e ascensão? Lao-Tsé tentou dizê-lo, argumentá-lo nos seus 81 poemas, por certo. A sua magnânima figura em pedra e escultura bem que o determinam - na gigantesca amostragem do que espiritualmente tentou introduzir nos humanos - e este, talvez, vindo da imensa esfera estelar, querer revelar-nos a todos os seres na Terra que, para além de todas as coisas, seremos sempre imortais quaisquer que sejam as nossas crenças, os nossos ensinamentos e, os nossos árduos ou nefastos caminhos a percorrer na vida.
Penso que Lao-Tsé terá sido uma estrela maior descida à Terra para a divulgação de uma sabedoria e filosofias distintas que, a meu ver, se terá propagado desde há milénios numa certeza porém de nem todos as seguirmos. No entanto, em pureza de espírito e iluminação também ambas creditadas em todos nós, seremos o fio condutor dessa sabedoria e ensinamentos para além dos tempos e que, um dia, todos saberemos finalmente, se Lao-Tsé estaria certo. Daí que ressurja sempre em quase homilia sagrada, que a bem de toda a Humanidade assim possa ser ou continuar a ser. A bem do povo da Terra!

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