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sexta-feira, 13 de junho de 2014

A Cabeça de Elefante


Estatueta de Ganexa

Ganexa - patrono da prosperidade - relacionado com a chuva e o crescimento como deus do Panteão Hinduísta, que mais terá sido em toda a sua glória e indução na Terra? Que origens teve esta figura mítica em cabeça de elefante e postura algo confusa numa provável encarnação do deus Crishna?

Ganexa - O Deus com Cabeça de Elefante
Não se encontra praticamente na Índia nenhum estudante que não traga consigo uma imagem ou um pequeno amuleto de Ganexa - o deus da Cabeça de Elefante - considerado o deus da Erudição.
O deus Brama aconselhou Vyasa (o coleccionador), o lendário autor da grande epopeia Mahabharata, a recorrer ao inteligente Ganexa para escrever a sua obra.

O Superador de Obstáculos
O anão Ganexa tem a barriga saliente e apenas uma presa. Segura nas quatro mãos símbolos da felicidade - normalmente um lótus, um machado, uma presa, um bolo de arroz ou uma corda - um bastão de espinhos e uma coroa de oração. A sua montada é um rato.
Desde sempre que o elefante é considerado um animal inteligente, que remove todos os obstáculos da selva com a sua força e corpulência. Ganexa distribui sabedoria porque é «senhor e superador de obstáculos» (Vighneshvara).
Também o rato é esperto e consegue vencer obstáculos, pois logra entrar nos celeiros fechados. Ambos simbolizam o poder deste deus, que remove todas as barreiras do caminho para a libertação.
Ganexa supera os bloqueios e, protege as capacidades mentais, sobretudo quando se trata do trabalho intelectual. O seu auxílio é por isso invocado no início de todos os empreendimentos, especialmente os literários. São-lhe oferecidos incensos, flores ou alimentos; de contrário, originará resistências.

A Discussão com Rama
Ganexa perdeu uma presa quando estava a guardar a porta dos aposentos do seu pai, Shiva. Levou a sua tarefa tão a sério que impediu a entrada de «Rama com o machado» (Parashu-Rama), uma encarnação do deus-Vishnu. Deu-se então uma briga. Com a trombra, Ganexa atirou ao chão Parashu-Rama, que, furioso, lhe arremessou o machado. Ao reconhecer nele um presente que seu pai dera a Parashu-Rama, Ganexa imobilizou-se e esperou humildemente o golpe, que lhe custou uma presa.

A Origem de Ganexa
Existem muitas histórias míticas sobre a origem de todos os deuses do Panteão Hinduísta. Ganexa não é excepção. Para o observador exterior, talvez algumas delas se excluam mutuamente, mas para o Hindu, que vive com a certeza da transformação eterna de todos os fenómenos deste mundo, de modo algum elas são contraditórias. Não há por isso qualquer problema no facto de, segundo a mitologia indiana, Ganexa ser uma encarnação do deus Crishna.
A figura do deus Ganexa teve provavelmente origem num culto de fertilidade. Em todo o caso, está relacionado com uma sexualidade pronunciada. No Sul da Índia, relacionam-no com a chuva e o crescimento. Este deus tornou-se tão popular que foi elevado a grande promotor da prosperidade. As suas mulheres chamam-se, consequentemente, Siddhi (Bom sucesso) e Radhi (Bem-estar).

Como o Deus adquiriu a sua Cabeça
Na qualidade de filho dos deuses Shiva e Parvati, Ganexa encabeça o séquito do seu pai e protege o sucesso tanto na vida terrena como na vida espiritual. Esta popular divindade corresponde - em muitos aspectos - ao deus grego Hermes e ao romano Mercúrio. É por isso muito respeitado entre os comerciantes.
Conta uma lenda como o deus adquiriu a sua cabeça de elefante:
Parvati tinha tanto orgulho no seu magnífico filho que, pediu a Shani - deus do planeta Saturno - que o contemplasse. Shani é chamado «o do mau olhado», mas Parvati esquecera-se do efeito destruidor do seu olhar, que queimou a cabeça do filho, transformando-a em cinzas. Vendo o desespero da mãe, o deus criador Brama, aconselhou-a a substituir a cabeça por qualquer coisa que conseguisse encontrar rapidamente. Foi uma cabeça de elefante!

Na Província do Rajastão encontra-se num nicho do magnífico átrio do palácio de Udaipur, uma referência em escultura a Ganexa - patrono da prosperidade - e, onde muitos peregrinos vão, fazendo os seus pedidos e remetendo as suas ofertas. Mais uma vez se alude então, a toda uma reverencial veneração hinduísta no que nos sugere ter sido este deus Ganexa em toda a sua dimensão num culto de fertilidade, chuva e crescimento. A sua apresentação em cabeça de elefante induz-nos no que poderia ter sido uma mutação genética ou simplesmente uma deformidade física que, a nada disso se poder obter a conclusão imediata, se reverterá em apenas uma mera especulação através destes novos tempos da Ciência e, da investigação. Como figura mitológica e de grande adoração na Índia, apenas se nos aufere acrescentar que, a bem dos povos e de toda a sua exponencial cultura que assim continue para as gerações futuras. A bem da Humanidade, assim seja!

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