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quinta-feira, 5 de junho de 2014

A Missão-Marte II


Space X - Projecto Mars One - Colonização em Marte

Viver nos antípodas da razão e da consciência, recusando-me a acreditar finalmente, de que tudo não passaria de uma imensa loucura sem retorno e, irreversível às minhas futuras intenções de quebrar esse pacto - que mais parecia do diabo do que de frutuosa tecnologia em entrega e, possível condenação em solo marciano. Poderia fugir? Poderia renunciar - ainda que, sob a pré-selecção de tão jocosa actividade em número tão elevado - rejeitando esse desígnio e, estraçalhando-me toda, perdendo a juventude e pior, perdendo um futuro garantido na Terra? Quanto teria a perder? Ou...o que ganharia com isso? Um nome afixado nos memoriais da História escolar? Uma lápide a título póstumo no Panteão Nacional? Ou nada disso...ficando para essa mesma História nacional e, universal, como a criatura mais idiota e ingénua de que há memória? Lembrar-me-iam os meus pais, os meus amigos...o meu país?

25 de Maio de 2014
Assimilar tudo. Digerir tudo. Não estava a ser uma tarefa nada fácil! Roía as unhas e as entranhas, sentindo estas revolver-me no estômago em total cumplicidade com um nervosismo premente que me enfraquecia o andar e, o querer. O raciocínio e...a determinação que outrora sentira em mim. Ir para Marte não era o mesmo que ir para a Gabela em missão humanitária e solidária para com os mais desprotegidos! Ir para Marte era, antes de mais, o maior acto suicida da História! Mas era visto como a maior elevação de corpo e alma como aquele filme de ficção do Bruce Willis em título de Armagedão com o coração nas mãos - para além do capacete - e, a fiel certeza de conquistar a admiração e o orgulho de todo um planeta por este o ir salvar das garras impiedosas de um meteoro gigante, ou coisa assim.
Por aqui, acho que me safava. Era garboso - ainda que fátuo e breve vaidade a minha - o sentir que me dignificariam para todo o sempre, levando a minha bandeira e o meu hino em anúncio póstumo sobre uma terra vermelha. Até aqui tudo bem. O pior era sentir, igualmente, que me ia fazer trucidar toda por uma honra e uma missão que provavelmente não seriam as que melhor me definiam: eu era uma simples mulher. Que medalhas teria depois? Antes...ou depois de me ver incinerada, esturricada e...volatilizada no ar sem misericórdia alguma por solos marcianos? Que se foda! Se já estou nisto, agora é encarar! Até porque, não vale de nada choramingar e dar com a cabeça nas paredes, reassumindo uma fraqueza imbecil que os meus bravos antepassados navegantes me iriam cobrar por tão maus juízos fazer da brava raça lusitana!
Neste 25 de Maio do belo ano de 2014 - faltando outros dez para a dita missão - que, estando em pleno exercício das minhas funções como simples eleitora, cumprindo a reiteração de ir votar para as europeias, que o meu peito ainda mais se me apertou ao ver umas crianças no jardim infantil a brincar, a sorrir...no fundo, a limitarem-se a ser crianças e eu...tão profundamente desatinada comigo mesma sobre um futuro que me ditaria estéril e, sem proveito de amor e...iguais crianças haver, saídas do meu útero, saídas de mim em amor e continuidade terrenas. E isso, era o que mais me doía. Colonizar Marte? Seria uma piada de mau gosto? Uma idiotice, ou mentira aplicada de um primeiro de Abril - que sempre considerei estúpido haver-se um dia das mentiras...se tantos outros assim se registavam, anuí. Mas consciencializei que sim, que era verdade! Marte...era já uma realidade, estando sempre presente em mim como doença cutânea ou batimento cardíaco que dia a dia se me acelerava mais mas, me dava consistentemente a ideia de estar viva, bem viva para esta então, nova realidade!

O Conhecimento Geral
Platão terá afirmado um dia: "O Conhecimento é o Alimento da Alma!" - Concordo. Só não sei se Platão chegaria à mesma conclusão do que eu: Morri e voltei par cumprir outra Missão! - O que quero dizer com isto?... Nem eu o sabia muito bem...de início! Tal como Platão, senti que o conhecimento dever-nos-ia abrir portas e, condecorações, em alimento efectivo da alma numa sapiência determinante que nos fizesse ser superiores, pelo menos a nossos olhos. O que eu ainda não sabia, era que esse conhecimento me iria trazer a maior tragédia da minha vida, em coincidências e paralelismos tão exactos quanto efectivos desse conhecimento havido. Confuso?...Eu explico.
Tinha acabado de viver um dos períodos mais esfuziantes da minha vida: o meu Benfica ganhara o campeonato nacional e eu ruborizava tanto como a cor da sua bandeira desportiva. Dei azo à minha alegria e à minha boa ventura de jovem que ainda era e, sou! Depois...o abençoado Real Madrid com os meus três mosqueteiros lusitanos em Cristiano Ronaldo, Coentrão e o luso-brasileiro Pepe. Todos fantásticos, ainda que este último, estivesse estado no banco lesionado mas, em igual nervoso miudinho, de ver os companheiros a batalharem pela vitória deste clube madrileno em solo lusitano na minha Catedral da Luz! Até parecia que o mundo se despedia de mim da melhor forma possível, em sugestão e vislumbre entusiástico, do que se podia viver na Terra em comunhão com os princípios básicos de desporto e passatempos lúdicos. Eu estava feliz. Por momentos esqueci-me que estava a prazo numa vida aqui, e agora, já tão distante do que se sonha, do que se almeja como simples criança ou menina-mulher que eu sou. E desejava continuar a ser...por mais momentos assim!
Fui estudar o problema. E o que registei, observei, anotei e...concluí, foi que algo de muito tenebroso se iria passar no meu belo planeta azul! Faltava uma década para a glória de todos os tempos em excursão a Marte no ano de aproximadamente 2024/25. Uma década de preparação e objectividade na logística do Projecto do Mars One em incidências de construção, edificação e totais estruturas de suportes de vida, de armazenamento de alimentos, de instrumentos e utensílios essenciais à manutenção humana e, todo um suporte incomensurável também de produção de atmosfera, electricidade, reciclagem de água potável e toda a consistência responsável pela vivência humana nesses módulos em Marte. Havia tempo, pensava-se!...
Mas seria assim? Haveria efectivamente tempo para que tudo se organizasse?...O que descobri deixou-me atónita. Morta de medo...morta de tudo! Para além de uma viagem maluca e sem retorno, eu sabia que, mesmo havendo essa possibilidade em naves e logística (o que não era o caso!) eu e os meus companheiros de missão - vindos de todos os pontos do globo - não poderiam voltar à Terra. Simplesmente porque...esta não existia mais! E isto, não é uma simples teoria da conspiração, aquiesci em mim. É mesmo verdade!
Afinal, o Armagedão pode mesmo suceder! E quebrantei todas as forças havidas, as que ainda me restavam em suplício, cilício e outras coisas que tais que parecia roerem-me as carnes como pittbul desvairado!

A Investigação Fidedigna
A NASA tinha detectado - pela sua Stardust em Janeiro de 2004 - pequenas partículas do Espaço, capturadas assim em aerogel meticuloso em sucção e preservação destas em si. Estas partículas microscópicas tinham-lhes revelado de que, haveria para mais de 10 mil fragmentos de cometas, levando os cientistas desta organização espacial a verificarem a multiplicidade dos mesmos assim como, uma maior informação sobre o nosso sistema solar. Até aqui tudo bem. Registou-se também de que há cometas suicidas, cometas rasantes que se deslocam a grandes velocidades e que se desintegram ou finalizam a sua actividade de encontro ao Sol. Mas descobriram também - e aqui o secretismo é a «alma do negócio» - de que, de 40 a 40 milhões de anos, um cometa colide com a Terra. Esse Impacte Cometário de explosão enorme e consequências terríveis para o nosso planeta...é devastador! Foi assim em outros milhares ou milhões de anos atrás e sê-lo-à de igual forma num futuro próximo, consideram-no mas...não o asseveram à boca cheia, ou seja, não o consignam por ordem expressa superior de não criar o caos planetário; na Terra, logicamente! Tudo isto é muito polémico mas...real! E aqui, senti-me desfalecer. O sentimento recidivo em mim de temor e medo puro, acometeram-me a certeza porém, de estar perante uma catástrofe global da qual ninguém podia fugir...da qual ninguém poderia sobreviver...a não ser...eu! Eu e...todos os intervenientes de elementos físicos e humanos que me acompanhariam daqui a dez anos - não em loucura, agora sabia-o mas...em total subsistência e, sobrevivência externa à Terra! Fiquei para morrer!
Shoemaker-Levy 9, que colidiu com Júpiter criando-lhe crateras da dimensão da Terra, exortando assim a devastação neste, matando-o, terá perpetrado a maior das crueldades em destruição e corpos gelados à sua volta. Júpiter é um planeta enorme mas...morto! Eu não queria isso para a minha querida Terra! E acho que ninguém o quereria mas...como anular esse efeito? Como iludir esse cometa assassino, homicida em todos nós terrestres, levando uma flotilha ou esquadrilha de bravos homens - suicidas também - em desmembramento de tal? Agora...e no momento, tudo isto me parece um pesadelo e tão grande...como a dimensão do problema! Isto...não é mais um filme de ficção científica, o qual vemos e observamos placidamente sentados numa das muitas cadeiras do cinema ou do sofá da nossa sala...isto, é real! E como dizê-lo...e como autorizarmo-nos a revelá-lo sem criar pânico e dor? E...porquê fazê-lo, destituindo de vontades e alegrias toda a população mundial que neste mesmo instante celebram noivados, casamentos, baptizados e até exéquias fúnebres quando, hipoteticamente, lhe irão fazer parte e com estes em breve reunirem (aos já falecidos) se não forem tomadas medidas urgentes, cirúrgicas de alcance e objectivo na última das missões havidas na Terra...? Estarei louca? Ou subiu-me à cabeça isto de ir para Marte???
Sinto-me mal. Exânime e sem qualquer vestígio empreendedor de qualquer dinâmica em mim. Não posso salvar o mundo nem sequer de mim, da minha enorme dor de ver tudo e todos acabarem mortos!
Voltei para a casa dos meus pais. Tenho de partilhar com eles, esta minha - e sua - última década de vida na Terra. As amigas partiram. Deixaram de o ser - provavelmente porque, o não seriam na sua total e abnegada afeição pela minha pessoa; eu, a Daniela ou...a Bloom - como me chamavam em espécie de alcunha de série infantil e princesa destes novos tempos - em cabelos alongados e ruivos (que eu pintara em irreverência própria de uma personalidade minha assaz indomável...) e, uns olhos cor de água que roubara a uma genética familiar de avó transmontana. Estava no enclave perfeito de uma Jessica Rabbit e essa tal Bloom infantil que faz as delícias da pequenada cá do burgo lusitano. Que coincidência estranha...o vermelho do meu cabelo, aliado ao vermelho do coração desportista do meu Benfica (com uma mancha positiva de Real Madrid!) e...em simbologia agora esquisita para mim, o mesmo vermelho deste planeta que vou encerrar os meus dias, se lá chegar...! Deus tenha piedade de mim e...de todos os que aqui estão, na Terra!
E pensar eu, que apenas era louca por adjectivar memórias e datas coincidentes sobre uma individual teoria conspirativa de: Fátima, Roswell, Phoenix e...agora...algo mais; superior, inamovível e...inextirpável do meu mundo: a realidade do Fim do Mundo! Suspeitava que desde 1917, depois 1947, ainda 1997 e...aguardando por 2017 (centenário da Aparição da Senhora de Fátima) algo me devolvesse a certeza destas ocorrências alienígenas e divinas se terem dado sempre em anos de finalização, em número sete (7). Idiota?...Talvez...mas sempre acreditei nisso! Está sempre subsequente em aparições e avistamentos...este número em coincidência de terminação de número. Será que sete (7) irá ser o mês do dito Apocalipse...de um ano já firmado e, formatado para esse fim...? Ou tudo não passa de ilusão e espécie de esquizofrenia minha em ebulição mental, num teor estrambelhado e sem nexo de um medo visceral de ter de partir para a terra do nunca e, não poder voltar para uma outra que, sideralmente, se esfumará sem um gemido sequer?
O Robô Curiosity da NASA tem perspectivado manobras em Marte - o que me apraz concertar de que, algo eles também saberão...eles todos!...os da NASA e...os «outros», os seres inteligentes. E quem nos salvará? Onde estás Deus?...Por que não nos ouves? Por que não vens em nosso auxílio? Será que nós, Humanidade, não valemos isso...? Deixarás morrer um dos teus filhos do Universo, por mais pequeno e...insignificante que seja? Não são todos teus filhos em iguais circunstâncias de amor, honra e...salvação? Responde por favor! Deus...Tu sabes que és a nossa única salvação...não nos ignores, não nos erradiques da tua condição maior de chefe supremo do cosmos...e, de todos os Universos possíveis!...Estamos à Tua espera. Estamos...nas Tuas mãos! Aceita-nos como somos e saberemos agradecer tal graça...aqui na Terra ou...em Marte! Mas temos de sobreviver e continuar como Humanidade que somos! Tu criaste-nos. Agora só tens de nos consagrar essa continuação e, evolução cósmica. Esperamos por ti! Eu espero por Ti, Deus! Sempre! Até...ao meu último suspiro de ansiedade e...vida! Eu estou aqui! Por favor, ajuda-nos!

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