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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A Pesquisa Mental


O Cérebro Humano

Qual o motivo pela qual nos esquecemos por vezes de acontecimentos recentes e nos recordamos perfeitamente de outros há muito havidos? Haverá uma espécie de «arquivo cerebral» que nos mantenha retida a informação desejada? Existirá em alguns de nós essa capacidade chamada de memória fotográfica em Mnemónica surpreendente que a tudo regista num loquaz impulso cerebral de memória e, recordação de factos passados? E no sono, haverá alguma influência de se absorver informação ou longe disso, sem que se nada se capte enquanto dormimos?...

Gravado na Mente
Existe o registo - por efectivas experiências realizadas - de que as pessoas esquecem por vezes factos recentes, mas lembram-se ao pormenor e com curiosa exactidão, do passado distante. Por muito estranho que à priori possa parecer, comprovou-se tal. Relatemos então uma história de há 2000 anos, ocorrida em pleno Império Romano:
«Ao Jantar, no dia do ano 48, o imperador romano Cláudio, preocupado com a ausência da mulher - A bela Messalina - perguntou porque não estava a comer com ele. Mas Messalina morrera, executada então por adultério em pena máxima e, no cumprimento de ordens dadas por Cláudio, apenas uma hora antes! Ele esquecera-se por completo!»
O Imperador bebia de mais, e o álcool destruíra a sua capacidade de recordar factos mais recentes. Embora seja muito raro uma perda de Memória deste género, muita gente sofre de Amnésia parcial devido ao alcoolismo, danos cerebrais ou doença - ou apenas à idade avançada. Mas acontece que, pessoas sãs de todas as idades, esquecem-se também por vezes de coisas do passado recente. Porque, por exemplo, não fixamos um número de telefone que lemos minutos antes?

Criar Continuidade
Aparentemente, recordamos o Passado em dois níveis bastante diferentes. Afinal, Cláudio não se esquecera da mulher nem de que ela costumava jantar com ele. Apenas a Memória de curto prazo foi afectada pelo gosto - e excesso - de vinho assimilado, na parte da memória que, segundo os Neurofisiologistas, dá continuidade à vida.
A Memória de curto prazo permite-nos recordar os últimos minutos de uma conversa, que a chaleira está ligada - e o número de telefone que acabámos de ler.
Nos Indivíduos sãos, eventos e experiências que os afectaram emocionalmente, bem como factos importantes e conhecimentos adquiridos, são transferidos para a Memória de longo prazo, no que apenas temos um limitado controlo consciente sobre as informações que o Cérebro selecciona para serem transferidas.
O Mecanismo que muda o conteúdo da Memória de curto prazo para um armazém (ou arquivo) permanente de factos, eventos e aptidões....é ainda um tanto misterioso - tal como a capacidade de desenterrar recordações do passado distante.
A maioria dos Cientistas concorda que, a Memória de longo prazo, não é uma entidade única e que, as capacidades mentais, são conservadas de modo muito diferente dos factos. Há casos de pessoas que perdem a Memória, mas ainda podem falar - mesmo que se tenham esquecido do seu próprio nome. Poucos casos de perda de Memória são tão graves como este, sendo muitos deles terrivelmente traumáticos.
Depois de sofrer um ferimento muito grave na cabeça, uma mulher lembrava-se na perfeição da sua infância na Irlanda, mas não se recordava da viagem para a América na sua adolescência, do homem com quem ali casara nem tão-pouco dos filhos que com este tivera.
As Recordações do longo prazo são tenazes, e quanto mais antigas menos provável é que se percam devido a ferimentos, doenças ou abuso de álcool - ou ainda substâncias psicotrópicas.

Recordar, sempre...
(Onde vivem as recordações no Cérebro?)
Os Cirurgiões operam o Cérebro por vezes apenas com anestesia local (a anestesia local é suficiente para dominar a dor da incisão inicial, e como o Cérebro não tem terminações nervosas, os cortes seguintes não causam dor). Foi então devido a este facto que, o cirurgião de Montreal, Wilder Penfield descobriu onde estão armazenadas as recordações no Cérebro.
Um certo dia - nos anos 30 - Penfield conversava com uma doente que estava a ser operada. Ele sondava-lhe o Cérebro com um eléctrodo, assinalando as áreas onde a corrente moderada a estimulava a mexer-se ou falar, para evitar estes locais quando cortasse a zona doente. De súbito, ela começou a descrever o que observava no seu jardim, onde podia ver os filhos e ouvir todos os ruídos habituais da vizinhança. E, reconheceu a cena como um evento do Passado.
A Paciente continuou então a reviver a cena apresentada enquanto Penfield manteve o eléctrodo no mesmo local.

Descoberta Casual
Penfiel compreendeu assim que fizera - por acaso - uma importante descoberta! Até àquele momento não ocorrera a ninguém que, as Recordações, poderiam estar fisicamente fechadas...no Cérebro!
Desde o século XVIII que Médicos e Cientistas encaravam a Memória como uma função puramente mental e...Mente e Cérebro, como duas entidades inteiramente separadas, mas parecia agora que as recordações estavam de facto e, permanentemente, armazenadas nas células do Cérebro!
O Eléctrodo libertara-as assim de uma área chamada: «o Hipocampo», uma parte dos lobos temporais - protuberante de cada lado do Cérebro - mesmo abaixo das têmporas.
Penfield ensaiou a descoberta noutros pacientes. Um deles ficou atónito ao ver-se de novo na África do Sul, rindo e falando com os primos, como fizera realmente um mês antes.
Quando Penfield desligou a corrente do eléctrodo, a recordação começou a desenrolar-se de novo. Todos os doentes testados insistiram então que, a experiência, lhes pareceu mais do que mera recordação ou sonho em estado de vigília: sentiram que estavam realmente a reviver alguns eventos das suas vidas.
A princípio, a Teoria de Penfield - de que as recordações ocupam uma determinada secção do Cérebro - provocou a troça e o descrédito entre os demais. Mas, nos anos 50, cirurgiões fizeram a ablação de ambos os lobos temporais em doentes com casos de Epilepsia grave. Tiveram êxito, mas deixando ao paciente a capacidade de recordar fosse o que fosse - apenas durante escassos minutos! Isto, juntamente com os efeitos na Memória observados em Acidentes Vasculares Cerebrais (vulgo, AVC) e, em Traumatismos Cranianos, no que então convenceram o mundo médico de que afinal, Penfield sempre tivera razão!

Pesquisar a Mente
Havendo muito treino ou certo exercício mental, poderá desta forma requerer-se uma Memória Fotográfica? - Julga-se que não.
O Neurologista russo, A. R. Luria pediu um dia a Solomon Veniaminoff - um jornalista que o consultara como doente pela primeira vez nos anos 20 - que repetisse uma longa série de palavras que lhe lera anteriormente. As palavras não faziam sentido, não formavam uma frase, estavam ordenadas ao acaso e, os significados nada tinham em comum. Não havia motivo lógico para alguém se lembrar delas.
O jornalista respondeu então: «Sim, sim...foi uma série que me deu...quando estivemos em sua casa. Estava sentado à mesa e eu na cadeira de baloiço...o seu fato era cinzento...»
De seguida, Veviamonoff desbobinou a longa lista de palavras desordenadas e, disparatadas, precisamente pela mesma ordem que as ouvira na ocasião anterior. Foi um espantoso feito de Memória - especialmente porque, a «ocasião anterior» ocorrera 16 anos...antes!
A uma Memória Fotográfica como esta, dá-se o nome de «Idílica» (da palavra grega que significa «o mesmo»). regista-se assim que, raras pessoas nascem com Memória Idílica e, ninguém pode ser treinado para a ter. Há, todavia, sistemas para melhorar a capacidade de recordar que são modestamente eficazes, mas todos assentam em artifícios - Mnemónicas - tais como rimas ou simples frases, para assim guardar na mente factos bastante aborrecidos.
No Século passado, uma específica Gramática pretendeu facilitar então a aprendizagem dos advérbios de tempo: «Sempre, nunca, já e agora. Quando, logo, tarde e cedo. Amanhã, jamais e outrora».
Após isto, recitava-se o epitáfio:

"Que repouse sempre plácido
  Ele juntou água no ácido
  O outro, ácido à água
  Não sofreu dano nem mágoa."

Recitando este epitáfio, muitos estudantes americanos do Curso Superior de Química viram-se subitamente ajudados (e recordados), como não provocar uma séria explosão ao diluir ácidos...na sua estadia universitária. Uma Mnemónica perfeita!
Também recordamos por vezes coisas que,resolvemos na Mente - imediatamente antes de adormecermos, mas talvez o facto mais decepcionante em relação á aprendizagem seja este: contrariando a crença popular, não absorvemos de todo a informação enquanto dormimos! Se assim fosse, os estudantes que adormecem nas aulas...teriam, sequencialmente, as notas mais altas da disciplina ou matéria em questão! O que se não comprova, efectivamente!
São bastante previsíveis as coisas que é menos provável esquecermos. Estas incluem as experiências mais agradáveis - assuntos que nos interessam e, factos que temos motivo especial para...lembrar. Mas também recordamos particularmente bem...as coisas que reexaminamos na Mente antes de adormecermos, sendo talvez uma forma de podermos então praticar esse exercício, registando depois os seus resultados. Imparável será sem dúvida, a cogitação ou execução mentais que se poderá fazer ante tamanha actividade, sem que com isso tenhamos depois um sono perturbado. E este sim, imprescindível ao ser humano em plenitude de sossego e paz.
A Pesquisa Mental que leigos ou cientistas possam fazer destas matérias do foro cerebral e neurológico revela-se ainda um grande mistério, não nos sendo totalmente um livre aberto mas, um dia, lá chegaremos. E isto, pela óbvia complexidade - e certa autonomia - como espécie de computador local que nos rege e comanda todo o ser. Há que estudar, investigar e pesquisar de facto toda a dinâmica cerebral que nos limita nas fronteiras entre a vida e, a morte. Sabendo mais, estaremos um passo à frente na Ciência Médica e de todas as eventuais situações anómalas que surjam nestes domínios do nosso fantástico Cérebro Humano! Que a Humanidade prevaleça em conhecimentos de Corpo e Mente e, sobre a sua idiossincrática anatomia do belíssimo ser humano que é na Terra! É o que todos desejamos, efectivamente!

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