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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A Visualização Cerebral


Anatomia Cerebral por Tomografia Axial Computarizada (TAC)

Havendo a capacidade de visualizar e identificar as áreas lesadas do Cérebro, poder-se-à hoje ainda ir mais longe nesse conhecimento e, eventual tratamento, com pleno sucesso? Existirão ainda misteriosas zonas do Cérebro ou distintas áreas cerebrais de outras funções, outros poderes, que o Homem ainda não domina também? Será extrapolar ou fazer justiça aos galardoados com o Nobel da Medicina por tão árduo esforço, empenho - e provavelmente intenso trabalho - registado nesta tão fantástica descoberta computorizada designada por TAC?

Início da Ciência Neurológica
(Levantamento das Disfunções da Mente...)
O trabalho do Neurologista é semelhante ao do antigo Cartógrafo (salvo nas devidas diferenças, como é lógico), que, registava então as terras e mares desconhecidos do Mundo.
Os Neurologistas traçam o Mapa do Cérebro quando tratam de doentes mentais e, tentam assim assinalar com rigor a parte afectada. Com estes dados, podem prescrever tratamento específico e, terapias.

Funções Separadas
Pensava-se que, até meados de 1861, o Cérebro actuava como um todo governando as funções do corpo. Mas, nesse mesmo ano, Paul Broca - Anatomista e Antropólogo Francês - descobriu que as partes do Cérebro executam diferentes funções.
Concluiu isto após autopsiar um doente que, durante toda a sua vida, sofrera de um grande impedimento da Fala - apenas podia proferir uma sílaba, embora compreendesse a linguagem.
Como Paul Broca previra, a autópsia revelou lesão numa secção - agora conhecida por Zona Cerebral de Broca - no Lobo Frontal Esquerdo.
Três anos depois, confirmou a correlação da perturbação da linguagem com deficiências situadas apenas no hemisfério esquerdo do Cérebro e, cerca de 80 anos depois, o neurologista russo A. R. Luria, fez uma localização pormenorizada de todas as funções do hemisfério esquerdo do Cérebro - identificando assim áreas relacionadas com o Ouvido, a Visão e...o Movimento Voluntário.

Controlar as Doenças do Cérebro
Os estudos de A. R. Luria em doentes com distúrbios cerebrais, forneceria então um rico manancial para a análise do funcionamento da Mente.
Por exemplo, alguns eram incapazes de caminhar horizontalmente, mas podiam subir escadas ou passar sobre linhas desenhadas no chão. Luria identificou as várias partes afectadas do Cérebro que controlavam estas capacidades.
Neurologistas que assinalaram áreas com lesões menores e mais localizadas, revelaram muito acerca das subtis complexidades do Cérebro. Por exemplo, ferimentos limitados dos centros cerebrais da Fala e da Linguagem - situados na região frontal esquerda - produzem efeitos estranhos.
Há doentes que, embora capazes de escrever, não podem ler as palavras escritas momentos antes pela própria mão, ou que não conseguem falar espontaneamente, mas apresentam «Fala em série», como se dissessem uma oração.

Televisão no Cérebro
(Visualizando o Cérebro Vivo em Acção!)
Não só as imagens de televisão podem ser reflectidas por satélites no Espaço. Agora também podemos obter imagens do mesmo tipo do espaço interior - de dentro do Cérebro!
A TEP (Tomografia por emissão de positrões) funciona baseada no princípio simples de que quando uma parte do Cérebro entra em actividade, ocorre ali um abastecimento maior de sangue para oferecer oxigénio e glicose - extra necessários!

Injecção Radioactiva
Numa TEP, é injectado nos vasos sanguíneos do paciente oxigénio radioactivo ou glicose especialmente preparados. Quando o líquido «tracejante» radioactivo chega ao Cérebro, emite positrões - Partículas Atómicas de carga positiva - que colidem com os electrões das células do Cérebro e, produzem assim minúsculas explosões de energia, as quais são detectadas pelo aparelho da TEP. Aparecem então imagens num ecrã monitor, mostrando as secções activadas do Cérebro em vermelhos, azuis e amarelos que se dilatam ou movem, quando executam uma dada tarefa - Ler, Escrever ou Falar!
Os Exames da TEP são úteis para identificar doenças em que há consumos exagerados de energia. Mostraram, por exemplo, que os Esquizofrénicos têm uma actividade metabólica mais elevada em certas zonas do Cérebro.
Uma equipa da Escola Médica de Washington, nos EUA, utilizou a TEP para descobrir a Sede de, (pelo menos) uma das emoções - o Medo, controlado pelo lobo temporal do hemisfério direito do Cérebro.

TAC - Imagens do Interior do Cérebro
A descoberta dos Raios-X em 1895, teve pouco impacte na percepção do funcionamento do Cérebro. Embora as primeiras Radiografias dessem imagens claras dos tecidos duros do corpo, como os ossos, o tecido mole do Cérebro, sendo transparente aos Raios-X, não se via.
O primeiro avanço na Radiografia do Cérebro, surgiu então em 1919 com o desenvolvimento, pelo neurocirurgião americano Walter Dandy - do método conhecido por Pneumoencefalografia.
Dandy intrigara-se com a observação de um colega acerca de, os gases intestinais, encobrirem muitas vezes as doenças nas Radiografias, pensando de imediato que, se fosse possível introduzir ar nas cavidades do Cérebro - os Ventrículos - o ar seria opaco aos raios e apareceriam os tecidos circundantes.

Radiografias Avançadas
Dandy inventou uma máquina para fazer isto, e descobriu que podia então observar a distorção dos Ventrículos, a sua redução ou desvio para um lado - se deslocados por tecido cerebral doente.
Esta técnica levou ao desenvolvimento da Angiografia - ou injecção de uma substância opaca nos Vasos Sanguíneos - que possibilitou a detecção radiográfica de coágulos de sangue (que causam Tromboses) Tumores e outras anomalias na circulação sanguínea do Cérebro.
Embora a técnica de Dandy fornecesse as primeiras imagens pormenorizadas do Cérebro, o processo revelava-se muito doloroso - e de certa forma perigoso - para o doente. Tornar-se-ia depois completamente obsoleto (de um dia para o outro) pela fantástica descoberta da Tomografia Axial Computorizada (TAC) em 1973 - pelos cientistas Godfrey Hounsfield (inglês), e Allan Cormack (americano) que, com esta realização, ganharam o Prémio Nobel da Medicina.

Absorção da Matéria
A TAC trabalha segundo o princípio de que, tecidos diferentes, absorvem quantidades variadas de Raios-X. Por exemplo, como o fluido cerebrospinal é menos denso do que o tecido cerebral, absorve menor quantidade de Raios-X e, por isso, surge como uma área escura na imagem. Mas como os Tumores são geralmente e quase sempre mais densos do que o tecido normal, aparecem como áreas claras. Para o exame, o Paciente é colocado num tubo metálico rodeado por um aparelho rotativo de Raios-X, que emite feixes de radiações dispostos em leque.
De pouco em poucos graus são feitas medições da absorção dos feixes, enquanto a máquina anda em volta do Cérebro - uma TAC pode reunir 1,5 milhões medições de pontos de absorção - sendo obtida assim uma imagem de uma «fatia» do Cérebro com a espessura de uma hóstia.
Um Computador analisa então outras «fatias» ou sectores - desde a base do Cérebro até acima - construindo uma imagem completa.

Instrumento de Diagnóstico
A TAC, indolor e relativamente isenta de risco, é hoje usada para diagnosticar Tumores, hemorragias e apoplexias - e ainda para se investigar lesões na cabeça ou outros diversos traumas. É, antes de mais, um dos maiores auxiliadores dos Neurologistas na base e desenvolvimento de toda a complexa compreensão (ainda) do Cérebro Humano.
Descobriu-se acidentalmente com a TAC que, as duas metades do Cérebro não são - como se supunha - iguais, apresentando ligeiras variações na formação da área posterior!

Ultima-se boas perspectivas num futuro próximo em todas estas actividades (e novidades) que entretanto vão surgindo na clareira de novas descobertas - ou novas tecnologias de ponta em relação ao mundo da Medicina. É inquestionável o esforço, empenho e muito estudo subjacente de todos os cientistas e homens da Ciência aí intervenientes. Urge de facto essa continuidade - e por certo, genialidade - de todos quanto se debatem e, empreendem, nesta orla tecnológica de avanço e poder supremo na melhoria de condições de vida em saúde e bem-estar no ser humano. Há que insistir, continuar e nunca arrastar, protelar ou mesmo procrastinar (empurrar com a barriga, usar de delongas para não actuar, não executar) como na actualidade tanto se usa afirmar, de quem sempre adia (ininterruptamente) sem nunca querer alcançar. Aqui, não é o caso. Há esforço, há empenho, há determinação e sobretudo - em toda a Comunidade Científica e tudo o que lhe está adjacente - o maior interesse na vanguarda de novas e mais perfeitas técnicas - tanto no tratamento como na causa-efeito em final feliz de, sucesso triunfal; pelo menos, em muitos dos casos, no que a Humanidade agradece. Hoje e sempre! Sê-lo-emos sempre gratos e disso merecedores, pela luta, pela batalha e por uma vitória que em todos se reflectirá em futuro advindo. Pela Humanidade então...assim se cumpra, a bem de todos nós!

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