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segunda-feira, 13 de abril de 2015

A Poderosa Energia Nuclear


Central Nuclear

Quando os níveis de radioactividade são imensos e toda uma perigosidade instalada nestas Centrais Nucleares, estará o Homem a desafiar as próprias leis do Universo, utilizando uma Energia que se voltará contra si mesmo? Os maus exemplos de Chernobyl e Fukushima (entre outros de menor escala) confirmam-no, mas, poderá haver um outro caminho em tão similar ou idêntica Energia Poderosa que nos dê os benefícios desta? Estará a Humanidade preparada se houver um outro incidente (ou vários) que em nocividade pungente - alastrada e continuada - contamine os solos, os céus e toda a vida subsequente não só em redor destas Centrais Nucleares mas...por todo o território terrestre em volta - mesmo que em longas milhas ou milhares de quilómetros de distância? Estará o Homem consciente dessa inextirpável verdade de violação - e esbulho pútrido - de todos os seus rios, mares, oceanos, planícies e montes, veios freáticos e todas as infra-estruturas envolventes no seio da Terra? Poderemos refrear esse gigante demoníaco que dá pelo nome de radioactividade em consumo voraz de todas as nossas vidas, se acaso não soubermos evitar essas tragédias, por mais que o Nuclear nos seja compensador e, empreendedor, em todos os sectores económicos mundiais? Valerá de facto a pena tudo isso???

Energia dos Átomos
(Como uma Central Nuclear gera electricidade...)
Gerou-se pela primeira vez electricidade numa Central Nuclear em 1951, altura em que, nos Estados Unidos, o Reactor principal EBR-1 fez com que se acendessem 4 lâmpadas!
A Energia Nuclear prometia fornecer «electricidade demasiado barata para ser contada» e, anunciava uma Nova Era de Prosperidade...! Hoje, as cerca de 400 Centrais Nucleares existentes em todo o Mundo, satisfazem 17% da procura global de Electricidade.
Os Reactores Nucleares são potentes (um quilograma de combustível-Urânio produz a mesma quantidade de energia que 11.800 barris de petróleo) e relativamente «limpos»; contudo, as questões de segurança e de custos muito elevados, levaram a que muitos países reavaliassem os seus Programas Nucleares...

Funcionamento das Centrais Nucleares
As Centrais Nucleares funcionam mais ou menos da mesma maneira que as Centrais a Petróleo ou a Gás. Em todos estes casos produz-se e, utiliza-se Energia Calórica, para pressurizar um gás que, por seu turno, faz funcionar Turbinas ligadas a Geradores Eléctricos.
Nas Centrais Nucleares, a Energia Calórica deriva da fissão de isótopos instáveis de metais pesados - a maior parte das vezes Urânio 235.
O Urânio aparece naturalmente em vários minerais. O seu minério mais importante - a Uraninite - também conhecida por «Pecheblenda», é extraído em muitos países.
O Minério é assim triturado até possuir a consistência de areia fina e tratado com solventes químicos, libertando uma mistura de Óxidos de Urânio chamado: Pasta Amarela. Só 0,7% do urânio presente na Pasta Amarela é U-235; a maior parte do restante é U-238, que não serve como combustível.
Pode aumentar-se o conteúdo em Urânio 235, convertendo o urânio em gás - e centrifugando-o a alta velocidade num centrifugador.
Os Átomos de U-238, mais pesados, acumulam-se nas paredes do centrifugador e são removidos; o restante Urânio Enriquecido contém até 3% de U-235. Este é compactado em pastilhas, que são seladas em cilindros ou «varetas» de combustível e, introduzidas no Reactor.

Urânio 235 (U-235)
O Urânio 235 é radioactivo; os seus núcleos dividem-se espontaneamente. originando dois 2 átomos mais pequenos, calor sob a forma de Radiação Infravermelha e dois (2) ou três (3) neutrões a alta velocidade. Se, em seguida, estes colidirem com outros núcleos de U-235, induzem-nos a desintegrar-se, libertando ainda mais calor e neutrões.
Quando a quantidade de U-235 excede uma massa crítica (cerca de 4 kg), inicia-se então uma «reacção em cadeia» e o Coeficiente de Fissão Nuclear aumenta rapidamente, libertando enormes quantidades de Energia. É esta Fissão incontrolada que confere à Armas Nucleares o seu enorme poder destrutivo!

O Coeficiente de Fissão
Nos Reactores Nucleares, o Coeficiente de Fissão é cuidadosamente controlado, fazendo-se com que, cada Neutrão que provoca a Fissão de um Núcleo, seja substituído por um único e novo neutrão.
Consegue-se isto então, introduzindo um material que absorve neutrões, normalmente boro, sob a forma de longas varetas, entre as varetas de urânio.
Estas Varetas de Controlo podem ser empurradas para dentro - ou para fora do combustível - para assim regularem o ritmo da Reacção.
Um Fluido Refrigerante - muitas vezes água - corre entre as Varetas do Combustível, evitando assim o sobreaquecimento do Reactor! O refrigerante transfere Energia Calórica do Núcleo do Reactor para Geradores de Vapor - e o vapor a alta pressão que se forma faz, por seu turno, funcionar conjuntos de Turbinas.
Nalguns tipos de Reactor, o refrigerante também serve de «moderador», diminuindo a velocidade dos neutrões rápidos até um ponto em que provoquem a Fissão com maior eficácia. Noutros modelos de Reactor, o refrigerante (água), é diferente do moderador (por exemplo, grafite).


Central Nuclear «Three Mile Island» - Pennsylvania (EUA)

Alternativas Nucleares
Mais de 70% dos Reactores Nucleares de todo o mundo utilizam água pressurizada como refrigerante. Os Reactores de Água Pressurizada (PWR) contêm um sistema estanque de água pressurizada que é aquecida no Núcleo do Reactor, passando em seguida através de Permutadores de Calor para gerar vapor num circuito externo.
Nos Reactores de Água Fervente (BWR), é a própria água refrigerante que faz funcionar o Gerador; por isso, estes Reactores estão mais sujeitos a fugas de Isótopos Radioactivos.
Os Reactores Reprodutores Rápidos não têm moderador e utilizam neutrões rápidos para provocar a Fissão. Como combustível, utilizam uma mistura de Urânio e Plutónio, sendo este último um subproduto da Irradiação dos Neutrões de Urânio 238. O calor é retirado então do Reactor por um refrigerante de Sódio Líquido.

A Fulminante Descoberta
«Sentimos uma alegria especial ao observar que os nossos produtos que continham rádio concentrado se tornavam espontaneamente luminosos. O meu marido, que esperava ver bonitas colorações, teve de concordar que esta outra característica inesperada lhe deu ainda maior satisfação...(os produtos) foram dispostos em mesas e tabuleiros (no laboratório): por toda a parte podíamos ver silhuetas ligeiramente luminosas e esse brilho, que parecia suspenso na penumbra, despertou em nós novas emoções e encantamento.» - Descrição de Marie Curie em face ao deslumbramento na descoberta do rádio e todo o seu pungente brilho e encantamento, como tão bem ela o define...
Por anos e anos, Marie Curie viveu e conviveu com todo este poderoso agente radioactivo, sem tomar precauções de maior, fosse no seu laboratório químico (nos diversos objectos por si utilizados), fosse nos elementos fora deste em objectos domésticos ou mesmo nas suas próprias roupas. Desde as placas fotográficas ao pó e ar do seu quarto, tudo estava impregnado de uma insidiosa radioactividade como ela própria o reconheceria mais tarde e tão bem explanado foi pela exuberante jornalista e escritora espanhola Rosa Montero, no seu último livro sobre Marie Curie.
Segundo esta exímia escritora, a senhora Curie tivera um longo e fastidioso percurso de «sã» convivência com este malfadado mas mui refulgente produto químico que lhe encheria a alma mas lhe condenaria a vida em anos roubados a si, na evidente nocividade do mesmo. Reporta assim a escritora neste seu livro:
« Estavam encantados, é a palavra certa, ou enfeitiçados, presos ao feitiço do fulgor verde-azulado. Às vezes, depois de jantar, corriam até ao laboratório para apreciarem a visão dos seus pequenos fantasmas luminosos. Até na cabeceira da cama tinham uma amostra de rádio, suponho que para adormecerem com a sua fosforescência, o que me faz lembrar as virgens de Fátima que as minhas tias traziam do santuário: pequenas imagens de uma feia massa esbranquiçada que, ao apagarmos a luz, se acendem como espectros esverdeados. Interrogo-me agora, se essas virgens fosforescentes, que eram muito comuns na minha mais tenra infância, não teriam algum ingrediente perigoso. O rádio foi utilizado durante anos em pinturas para mostradores luminosos de relógios: era o que fazia com que pudéssemos ver as horas na escuridão. E, de facto, entre 1922 e 1924, morreram nove empregadas de uma fábrica norte-americana porque molhavam o pincel na própria saliva para pintarem os números com a substância letal (os maxilares necrosaram).»
Por último, nesta sua analogia muito pessoal Montero questiona então: «Tu achas que no santuário de Fátima se preocupariam muito com os temas de saúde nos anos cinquenta? E se aquelas virgenzinhas eram radioactivas? Embora julgue que, na verdade, continham fósforo, que também é venenoso. Encontrei uma delas na Internet: mede onze centímetros e vende-se por seis euros e oitenta cêntimos.»

Insurge-se dizer que não o façam. De todo! Não tendo sido obviamente analisadas, é humanamente consciencioso que não se adquira estas tais virgenzinhas que Rosa Montero alude no seu livro. Até porque, ninguém supostamente quer colocar-se em risco - e toda a sua saúde - na conquista ou vislumbre destas figuras impregnes de radioactividade. Ou veneno igualmente letal.
Pierre e Marie Curie descobriram o polónio por meados de 1898 (400 vezes mais radioactivo do que o urânio) - e posteriormente o rádio que seria ainda três mil vezes mais potente do que este - no que ambos foram devidamente reconhecidos (algum tempo depois) em prémio conjunto de um Nobel. Esse princípio de vida, esse bocadinho da energia do cosmos ou o fogo dos deuses trazido à Terra pelos novos Prometeus que eram os Curie - como pronuncia Montero - reverter-se-ia numa incomensurável e evolutiva ascensão nuclear no que hoje se reconhece em desenvolvimento e fruição de sistemas poderosíssimos desse mesmo nuclear em Energia a seguir.
Talvez nunca Marie Curie tivesse havido a percepção total (ou talvez sim, quem o saberá...) de toda a dimensão futura desse seu início em que, cozinhou, ferveu e mexeu até à exaustão todas aquelas toneladas de pecheblenda - ou uraninite - na sua mais exacta alquimia de descoberta fantástica.

A Energia Nuclear tem tantos defensores como opositores, nunca se sabendo para que lado a a balança pesa mais - em detrimento ou objectivos concretizados - numa economia que se quer e deseja sempre mais e mais fluente. Haver alternativas é obrigatório, premente, e uma espécie de trabalho incessante em actividade pujante, se quisermos todos também reincidir num futuro bem mais consistente, assim como bem mais saudável. O controle sobre estas Centrais Nucleares sendo efectivo (e por certo exemplarmente muito insistente, infindável e ininterruptamente observado ao pormenor), há que reconhecer o seu grau de perigosidade, senão nunca se teria ouvido falar de Chernobyl ou mais recentemente na fuga radioactiva - precedida após um suposto incêndio - do então registado e fatídico sismo (e sequencial tsunami) que arrasou grande parte desta zona costeira no Japão. E, do qual, ainda hoje se ressente todo o planeta, em particular o Canadá, que já está a sentir em si a perturbação ambiental de todo um ecossistema posto em dúvida agora. Dos mares aos rios tudo é afectado sem clemência alguma de se neutralizar tamanha predominância nociva que tudo arrasa, que tudo mata. E lamenta-se que assim seja. Daí a urgência de uma Energia Alternativa!
Algo que nos faz sorrir pelo satírico/sarcástico (e por demais ignorante) comportamento do desenho animado norte-americano dos Simpsons - na figura de Homer Simpson como funcionário de uma Central Nuclear local - o certo é que, traz ao mundo, essa mesma verdade fosforescente de toda a perigosidade inerente destes químicos em presença e contágio com o ser humano. Para além da divulgação óbvia sobre estas mesmas nefastas consequências.
Lutas e batalhas se têm travado ao longo destas últimas décadas em favor ou desprimor das Centrais Nucleares, tanto em propaganda oficial abonatória como na contrária avença ou oposição à mesma, sob a égide de tumultuadas manifestações populares, assim como de várias associações amigas do ambiente, de entre elas a tão conhecida organização: Greenpeace. Desde a defesa das baleias no oceano até ao efusivo e destruidor nuclear, tudo lhes é devidamente (e insurrectamente) imposto como bandeira na defesa de direitos; dos cetáceos ou de todos nós, nos mares e oceanos ou num todo em planeta viçoso que todos desejamos que assim permaneça. Ou em parte, se o pulmão da Terra que muitos apelidam de Amazónia, em toda a América do Sul, também já não estivesse em parte em declínio - ou em vias de tal. O que se lamenta também. Quanto às energias propriamente ditas, há então que procurar, investigar ou incentivar outras alternativas - ou em breve, muito em breve, talvez não reste muito mais do que a nossa própria chama de vida a extinguir-se, se não nos esforçarmos por alcançar algo que nos seja mais frutuoso, complacente ou de maior beneplácito entre as veias do nosso sangue e, as da Terra que nos viu nascer e verá morrer...um dia. A Humanidade disso necessita, disso espera. Pois que alguém o faça e determine a bem de si mesmo, pelo bem (também) de toda a Humanidade!

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