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terça-feira, 7 de abril de 2015

A Quimera do Ouro Negro


Prospecção/Extracção do Petróleo      Arábia Saudita (Médio Oriente)

Que fascinante poder é este, em clímax económico e humano, que leva a que hajam guerras propositadas - e outras invocadas sub-repticiamente - para se alcançar tão magnânimo «Ouro Negro» em quimera ou em desejo desesperado de se comandar o Mundo? Existirá uma contraposição em tudo isto no que, pelas entranhas da Terra, se tenta usurpar de recursos fantásticos que apenas enche o bolso de alguns? Haverá alternativa a este exagerado consumo do «sangue negro do planeta» que tudo faz mover, que tudo faz gerar e recrudescer em indústrias afectas a si? Poder-se-à negar esta continuidade nos séculos que se avizinham? Estará o Homem a sugar (tal como execrável ou asqueroso vampiro) esta poderosa energia de vida da Terra, sem contrapartidas, consequências ou efeitos colaterais de uma operação mal sucedida? Estar-se-à a dissecar o planeta, única e exclusivamente, para o engrandecimento das nações ditas desenvolvidas e outras, que não o sendo, assim o tentam alcançar e, almejar em si? Estará o Homem consciente de estar a matar o planeta em face à sua sequiosa - e gananciosa procura - prospecção, extracção e comercialização de tão soberbo produto industrial no Mundo? Estará este consciente disso mesmo???

Em Busca do Ouro Negro (Crude/Petróleo)
(Como se localizam os Depósitos de Petróleo Subterrâneos...)
O Mundo Industrializado tem uma sede insaciável de Petróleo. Desde que foi aberto o primeiro poço, em 1859, as Técnicas de Prospecção e Extracção têm vindo constantemente a desenvolver-se, assegurando um fornecimento ininterrupto de «Ouro negro».
Actualmente, Geólogos armados instrumentos que medem minúsculas variações dos campos magnético e eléctrico da Terra - e de sismógrafos que analisam os sons reflectidos pelo interior da crusta terrestre - conseguem localizar possíveis Reservas de Petróleo. Contudo, ainda continua a ser apenas através da Perfuração que se pode determinar se existe realmente...Petróleo no subsolo!

A Indústria Petrolífera
A Indústria petrolífera actual, de muitos biliões de dólares, tem as suas raízes em acontecimentos que ocorreram há dezenas de milhões de anos com minúsculos animais e plantas, semelhantes ao Plâncton que encontramos hoje nos Oceanos.
Os Abundantes Resíduos destes organismos depositaram-se nos leitos pobres em oxigénio de plácidas bacias sedimentares, onde formaram uma lama rica em Matéria Orgânica.
Ao Longo dos Milénios, esta lama foi sendo enterrada e, comprimida por sucessivas camadas de sedimentos, onde a Matéria Orgânica se terá convertido numa complexa mistura de hidrocarbonetos - Petróleo e Gás!
O Enterramento fez com que o Petróleo e o Gás saíssem, por compressão, das rochas em que se tinham formado e se deslocassem para as zonas de pressão mais baixa - nas extremidades da bacia sedimentar. Ali, os hidrocarbonetos passaram para os arenitos de grão grosseiro, sendo estes tipos de rocha que actualmente contêm cerca de 60% das Reservas de Petróleo e de Gás Natural do Mundo!
Só se formam Reservatórios nos locais onde estas rochas - contendo petróleo - estão cobertas por uma camada impermeável de Sal, de Gesso ou de Arenito, que contém o Petróleo, evitando assim qualquer subsequente migração.
Nalgumas zonas, a combinação perfeita de fonte - Reservatório e Rocha de Cobertura - deu origem então a campos petrolíferos contendo mais de 500 milhões de barris (um barril tem 159 litros).
Não é nada fácil localizar Depósitos Petrolíferos situados a profundidades que podem ir até aos 5 km. as Fotografias Aéreas - e por Satélite - podem revelar ligeiras diferenças no terreno que indicam assim a presença de um Jazigo de Petróleo.
A Investigação Geológica convencional pode identificar formações rochosas associadas a zonas que contêm Petróleo. Mas, antes mesmo de se começar a perfurar, é necessário ter-se uma imagem precisa das camadas de rocha - ou Estratos - profundamente enterradas. Esta imagem obtém-se por levantamento sísmico - uma técnica que explora as propriedades do som.
O Som gera-se à superfície - quer fazendo-se detonar uma carga explosiva, quer fazendo-se vibrar um grande peso. As Ondas de Compressão de baixa frequência deslocam-se através da rocha, mas são parcialmente reflectidas quando atingem uma fronteira entre dois Estratos Rochosos.
Os Sons Reflectidos são captados por filas de detectores - ou Geofones - instalados numa densa rede à volta do local da explosão. Os dados são registados digitalmente e, introduzidos num potente computador que constrói uma Imagem Tridimensional exímia dos Estratos.

Inversão Sísmica (Levantamento Sísmico)

Diagnóstico Profundo
O Levantamento Sísmico é muito dispendioso e, moroso; ou seja, muito demorado, podendo inclusive ser necessário 6 meses para fazer o Levantamento de uma zona típica de 200 quilómetros quadrados! Mas o tempo e a despesa compensam em parte - ou na totalidade - esse dispêndio, pois vale seguramente a pena, já que o Custo da Perfuração de um poço é da ordem dos milhões de dólares!
Depois de ter sido localizado um Campo Petrolífero promissor, perfura-se então um Poço de Exploração. Nos primeiros tempos da Prospecção Petrolífera, os poços eram «cavados» na terra, deixando-se cair repetidamente uma pesada ferramenta de corte; mas actualmente os poços são perfurados por Brocas Metálicas Rotativas, reforçadas por dentes de diamante.
A Velocidade, a Forma e a configuração dos dentes da Broca, variam conforme o tipo de rocha a perfurar e, em condições ideais, podem atingir-se ritmos de mais de 80 metros por hora.
Os Fragmentos de Rocha são então retirados do poço por meio de «lama» - uma mistura de água, argilas e outros produtos químicos - bombeada para o interior a partir da superfície. Se tal suceder (aquando se encontra o petróleo), abrem-se mais poços de avaliação para medir a extensão do campo petrolífero, assim como a qualidade do Petróleo nele contido.
Os aspectos económicos da Extracção de Petróleo são cuidadosamente analisados antes do poço entrar na fase de produção.

Jazigos de Petróleo
Há muitas Formações Geológicas que podem funcionar como jazigos de Petróleo, sendo que, a maior parte de Petróleo do Mundo encontra-se em Jazigos Anticlinais. Aqui, o Enrugamento da Rocha, forma então uma cúpula coberta por uma camada impermeável que capta o Gás e o Petróleo em migração para cima.
Os Jazigos Anticlinais podem assim ser enormes - com centenas de quilómetros de comprimento e milhares de metros de altura. Embora se encontrem abaixo da superfície terrestre, podem ser detectados por Observação Aérea ou por Satélite. Isto deve-se ao facto de, empurrarem a rocha, sobrejacente, que é erodida de modo desigual à superfície - originando um padrão de anéis concêntricos. A Anticlinal provoca também variações locais no campo magnético da Terra, que podem ser detectadas à superfície por meio de um Magnetómetro.
Encontra-se muitas vezes Petróleo em arenitos onde ocupa os poros da rocha - minúsculos espaços entre grãos de quartzo. Cada Grão de Quartzo está envolvido numa fina camada de água, que funciona como lubrificante, permitindo assim que o Petróleo migre através da rocha.

Uma Boa Prospecção
A parte essencial de uma Perfuração Exploratória de Petróleo, é uma broca com ponta de diamante suspensa de uma longa fiada de tubos de aço. Este conjunto, que pode pesar mais de 100 toneladas, roda a uma velocidade que pode atingir os 200 rpm, accionado por um conjunto de motores diesel, ligados a uma placa giratória.
Cada tubo de fiada tem 9 metros de comprimento e 6-17 centímetros de diâmetro; à medida que a Perfuração prossegue - e que a broca vai descendo mais fundo - adicionam-se novos tubos para aumentar a fiada.
A Grande Torre é necessária para colocar os tubos na posição correcta. Os Tubos de Perfuração em Aço são mantidos sob tensão por golas com balastro, que assim ajudam a dirigir a Broca de Perfuração através da rocha.

O Nascimento/Percussão do Petróleo
O Petróleo foi oficialmente descoberto na Arábia Saudita em 1938 (ainda que tivesse sido anteriormente localizado noutros pontos do globo mas sem a eloquente repercussão inicial desse «ouro negro» que então surgia), e, num local chamado Dammam.
«Os campos eram de tal modo abundantes que os geólogos americanos chegaram a detectar poços enquanto sobrevoavam o deserto de avião!» - Esta, a descrição de um afamado jornalista e escritor português, José Rodrigues dos Santos, no seu ficcional (mas muito correcto e assertivo) livro: «O Sétimo Selo». Continua a sua irreverente analogia em reportagem escrita:
«A Arábia Saudita apresentou um perfil tão interessante que as companhias petrolíferas acorreram em massa e nasceu assim a Arabian America Oil Company, Aramco - cujos accionistas eram a Standard Oil - a Shell, a BP, a Mobil, a Chevron, a Texaco e a Gulf Oil (...). Tudo grandes tubarões, portanto. E vinham todos de dentes afiados. Claro que a Segunda Guerra Mundial pôs o negócio em banho-maria, mas, logo que a guerra acabou, a prospecção recomeçou e foram descobertos mais e maiores campos. A Aramco acabou por ser nacionalizada e os tubarões expulsos, mas a Arábia Saudita já tinha, por esta altura, a sua posição firmemente estabelecida no mapa geo-estratégico.»
Este conceituado e brilhante escritor português, doutorado em Ciências da Comunicação (tendo sido reverencialmente galardoado com dois prémios do Clube Português de Imprensa e três da CNN), afere ainda no seu intenso livro de pesquisa, busca e por certo intensa investigação sobre a louca ânsia do Petróleo ou «Ouro Negro» que, 75% do petróleo produzido no mundo - sendo a Arábia Saudita o maior produtor mundial - provém apenas de 2 campos petrolíferos sauditas: Ghawar e Safaniya. Este último, sendo o maior campo petrolífero «offshore» do mundo, e também o segundo mais produtivo da Arábia Saudita, chamando-lhe a «Rainha da Areia», uma vez que a sua ponta-sul se situa por baixo das praias douradas da costa arábica do Golfo Pérsico.
Safaniya foi descoberto em 1951 e produz sobretudo Petróleo Pesado. No mapa tem o formato de uma gota estreita, com 70 km de uma ponta à outra.
O campo petrolífero de Ghawar vale 60% do petróleo existente na Arábia Saudita. É o único campo petrolífero mega-gigante do Mundo, o maior depósito de petróleo alguma vez encontrado no planeta! Chama-lhe o «Rei dos Reis», projectado num campo longo e estreito, com o formato de uma perna. Concerne mais de 200 km de uma extremidade à outra, com a parte mais larga a atingir quase 50 km.
Segundo Rodrigues dos Santos, no seu livro, a produção de Ghawar tornou-se então um eminente segredo de Estado em 1982 e, a única informação segura que transpirou entretanto é que: «Este Mega-Gigante produzia em 1994, 63% de todo o petróleo da Arábia Saudita (...). A longevidade do campo de Ghawar está no coração do problema da sustentabilidade do petróleo como fonte energética. Qualquer análise da evolução da produção petrolífera global passa inevitavelmente por Ghawar. Se este campo permanecer rico, o abastecimento mundial está salvaguardado (...). No entanto, se por acaso houver problemas em Ghawar...é o fim da linha.» (p.391)

Já não é novidade para ninguém que se concretizou em objectivo e determinação bélicas, toda a orquestrada operação para libertar o Kuwait em 1991 e, de seguida, a invasão do Iraque em 2003.
Aquele líquido pastoso, gordurento, maciço (ou compacto) que impregna tudo onde cai em indivisível substância prenhe de morte, pois que quem nestas amarras viscerais dessa escura massa cai não tem melhor sorte do que sucumbir de imediato (note-se aquelas imagens terríveis de aves e restantes animais que tiveram o azar de se embrenharem em tal, debatendo-se por voarem, debatendo-se pela vida em asfixia e rigidez de movimentos) - é o prestigiado crude, revertido depois no que todos conhecemos por petróleo.
O mais irreal (ou surreal) no meio disto tudo, é mesmo esta matéria-prima, vinda das entranhas da Terra, ser composta de restos de matéria viva: Carvão e Petróleo! O Carvão deriva sobretudo das plantas mortas, enquanto o Petróleo deriva de animais que morreram há milhões de anos! E toda esta exemplar gordura de animais mortos dá a ofuscante matéria final que, desde os móveis das nossas casas à mais alta tecnologia, tudo deste deriva em composição e, afectação, ao que a nossa moderna sociedade hoje exibe em todo o seu esplendor na vida actual.

A ideia de que o petróleo em breve acabará, foi consubstanciada - e outorgada - por muitos cientistas e investigadores mundiais, no que escritores e no fundo todos os interessados nessa brava causa de se não esgotar o tão precioso (e viscoso) líquido que nos faz trabalhar os automóveis, os aviões e até mesmo o pensamento se acaso este falhasse na Terra, onde se suspeita que possa em breve tal suceder. Mas, os tempos actuais dão-nos também a dúvida de que o mesmo possa eventualmente reportar-se. O que há aproximadamente uma meia dúzia de anos atrás se pensava isto ocorrer, agora insurge-se numa contra-corrente deste (o petróleo) estar a ser questionado e mesmo dispensado por outras energias alternativas. Daí que, não é de todo displicente que se não invista nessas energias em detrimento do petróleo e este, no momento, esteja a cair em catadupa no valor do crude industrial.
Como diria o meu conterrâneo de solo e nação, Rodrigues dos Santos, qualquer Geólogo que se preze reconhece a proporção inversa e, inevitável, de que, quanto mais se efectiva uma exploração e extracção de petróleo (à medida que esta vai progredindo...mais e mais), mais a dimensão dos campos vai diminuindo, numa lógica concisa. Mas, havendo outra corrente de energia no mundo, talvez se inverta por sua vez também...este longo e trágico processo de se exaurir os poços de petróleo no mundo. Ou pelo menos em processo mais refreado!

Em 1951, o Irão nacionalizou a Companhia Britânica que operava no seu território - exemplo que foi seguido pelos outros países da região - os quais se juntaram em 1961 para estabelecer a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
No caso do Petróleo não-OPEP há uma igual perspectiva contínua na prospecção e industrialização deste mesmo produto que, se traduz por outros países como os Estados Unidos, Canadá, China, Índia, Rússia e Noruega - sendo este último, o maior exportador europeu.
Havendo novos horizontes de outras energias: Nuclear, Solar, Eólica e tantas outras que se irão desenvolver à medida da nossa necessidade e, urgência de efectivos alternativos, mesmo que estas comportem riscos de forte contaminação (algumas delas  impõem sérios riscos de facto, tais como o nuclear em radioactividade ou resíduos tóxicos em lixo que ninguém quer à sua porta...) por outras menos conseguidas mas que todos temos de trabalhar mais e melhor para esse sucesso alcançar.
Finalizando este tema que já vai longo, poder-se-à apenas acrescentar que, pelo bem da Humanidade em reconhecer novos e melhores proveitos de uma sua energia mais sã e mais liberta de nocivas afectações que nos matam todos os dias, seja instaurada efectivamente essa ou essas produções. E que o Petróleo - ou «Ouro Negro» assim continue, jorrando a plenos pulmões terrenos que não os nossos, mas em franquia suave e terna (e eterna..) de se aproveitar e, consumir, sem danos de maior. Como dirão todos os da OPEP, os não-OPEP e todos os outros que se não querem ver chegados à Idade da Pedra de paus na mão (para fazer fogo) e pés esfolados por tanto andarem na gravilha sem os geniais sapatos europeus que também possuem matéria-prima derivada do petróleo (lembrem-se da alta maquinaria para esse facto), e tudo oraremos como há mais de 900 anos no meu país que em vez de: «Obrigado Senhor e Oxalá Assim seja», fique agora um imenso e, mundial «Inch`Allah»! (oxalá - o que nos ficou em influências arábicas por terras hoje de cristãos!) Oxalá então que assim seja!

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