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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A Cidade Lunar


Solo/Cidades/Naves Extraterrestres na Lua

E se foi tudo um sonho? E se, como alguns apregoam enfaticamente, apenas se tratou de uma disfunção comportamental (e quiçá hormonal) de toda uma envolvente alucinação de uma mente em crescimento, ou de uma imaginação sem limites? E haverá crime e castigo por tal se ter recordado? Ou terei sido simples marioneta humana em mãos extraterrestres que, à semelhança de outros, se nos toldaram no espírito, nos esventraram a mente e dispuseram da alma como se sua fosse...?

A Infância
Quando se tem oito ou nove anos de idade pouco se sabe do que se passa no Céu, da amalgama astronómica de planetas, estrelas, galáxias ou sequer pequenos pontos de luz que aparecem e desaparecem - num ápice - sem que tenhamos dado conta.
Comigo, não foi diferente. Até porque, mal se ouvia falar dos avanços espaciais, a não ser claro está, naquele esfuziante dia 20 de Julho de 1969 em que o Homem pisou a Lua...e a Lua essa, sempre tão branca, tão luminosa e tão enigmática quanto distante, fria, intocável e inimaginável de se tocar (pelo menos no ano anterior de 68) em que eu era somente um «anjo» de procissão.
Um anjo lindo! Acreditei. Ou talvez não. Coube-me o farpela mais feia, mais humilde (ou sem graça) de todos os vestidos, túnicas ou mantos que tinham restado após todas as crianças da aldeia se terem aprumadamente composto, uma vez que os meus pais se tinham atrasado, vindos da capital (naquele tempo levava-se um horror de horas em condução automóvel pela óbvia escassez de estradas ou auto-estradas), e como represália - não severa mas ainda assim punitiva em mim - me vi ser arrastada sem glória ou brio para o fim da fila da procissão em amuo latente. Nem lembro da cor do fato. Mas da vergonha de ter sido despojada do que me era devotado sim. Como se isso fosse importante; mas efectivamente era, pelo menos em termos infantis. Mas pensando melhor, se dos humildes se faz  o Reino dos Céus, onde provavelmente nenhum ricaço entra (segundo os critérios bíblicos), então eu iria lá parar direitinha, por me sentir tão singelamente vestida e, vexada, ante os mais ilustres pergaminhos daquela pacata aldeia de origem paterna que rebrilhava a cada anual procissão em honra e homenagem da santa padroeira da terra.

Os meus pais não eram crentes; nunca o foram. Penso que só pisaram o solo de uma igreja, aquando fustigados ou empurrados por algum casório mais proeminente (ou de índole familiar). Daí que tivesse sido perfeitamente normal (para ambos) que nenhum me tivesse vindo ver em desfile garboso e mui religioso, sob umas arcadas de flores (murchas) na cabeça, e uns pés que latejavam de sapatos novos mas apertados que me não davam tréguas de qualquer conforto. Um tormento!
Por isso senti que, por alguma razão que desconhecia, estivesse a ser sancionada. Estava triste e só. Não tinha amigos pois eu era a da cidade, a do nariz empinado, aquela que é filha dos gajos ricos que fizeram fortuna fora daqui; aquela que jamais será nossa amiga ou entenderá das nossas dores, das nossas crenças, das nossas abençoadas tardes no cimo das ameixeiras (ou árvore do conhecimento) ou daquelas em que em círculo se desfolha o milho-rei e se canta, e se beija e se dança, não, aquela não é cá dos nossos e como tal, não partilhamos com ela as suas alegrias ou as suas tristezas.

Ser banido ou ostracizado naquela altura, era o mesmo que ter uma faixa no braço com a consignação de judeu em tempos de Hitler, sentia-o. Não tinha amigos. Não tinha nada de meu; a não ser...a minha luz. Aquela tão brilhante luz!
E aquela luz, foi tudo para mim. Tudo! Ainda ia a meio da procissão, entre o altar de uma Nossa Senhora que entretanto esqueci o nome e o andaime de nosso Senhor Jesus Cristo, Redentor de todos nós, quando o Sol do meio-dia (pensava eu) se me iluminou todo em disco giratório, em fosforescência estranha e pavorosa que mais parecia ter enlouquecido. Podia até ser sugestão (pensei depois) das tantas horas passadas em frente ao velho televisor por meados de Maio, a 13, naquele santo dia em que todos nós (portugueses) festejávamos a aparição da Senhora lá pela Cova de Iria, perto de Ourém, em Fátima. E ai de quem não tivesse já lá ido umas dezenas de vezes, mesmo que para isso tivesse de se empenhar até ao outro Verão ou ficar com rendas por pagar mas sem se pisar aquele santo chão da Senhora de Branco, ah, isso não! Até os meus pais já lá tinham ido...sem grande emoção, convenhamos. E ali estava eu, abismada, aparvalhada de todo, sentindo um zumbido nos ouvidos que nenhum besouro, grilo ou cigarra da Terra poderia imitar - ou igualar. Fiquei zonza e...agoniada.

Se fui levada, não sei. No momento, nada pude fazer para evitar que aquela luz maravilhosa me seduzisse e me tomasse como sua. Hoje, sei que algo cósmico me segurou, encaminhou e perscrutou de uma forma não aleatória mas sim selectiva - e mesmo autoritária - pois que todos somos escolhidos, algum dia e alguns de nós, pressenti-o, ainda que não soubesse das suas intenções e das suas identidades no Céu. E o Céu para mim, naquela tenra idade, era tão perfeito! Era tão magnanimamente perfeito que nem Deus o poderia manchar, tingir ou macular do quer que fosse...
Como se Deus, o meu Deus, o fizesse...

A Puberdade
Não sou um ser à parte, ou seja, não sou especial nem nunca o poderia ser. Ou então Tesla, Einstein ou outros que tais nem sequer teriam existido. Apenas fiquei diferente. Comecei a pensar diferente, a ser mais impetuosa, refilona, agitada e até malcriada. Mas isto é a adolescência, não é...?
Não era. Depois da irreverência inicial, fechei-me. Literalmente. Queria ser freira. Queria ser qualquer coisa que me mantivesse fechada, ainda mais fechada nesse meu mundo que eu nem sabia qual era, se este da Terra se o outro...do qual por vezes me lembrava ter estado. Adoeci.
Podia ser uma novela, um mau folhetim ou daquelas séries de quinta categoria que na actualidade até se misturam com zombies, com seres descarnados, com anjos maus, anjos caídos do Céu...podia até ser tudo isso ou nada disso, em simples pesadelos de uma puberdade mal explicada e muito mal aceite, mas não. Eram os meus sonhos em regressão, as minhas memórias em devaneio, as mnemónicas atordoadas, sentidas e vaciladas de uma purga imensa que doía que se fartava, que me fazia comichão e que os dermatologistas clamavam de sintomáticas dessa mesma puberdade em evolutivo crescimento, sem ser acne, sem ser o processo normal de uma jovem que apenas está a crescer; não era nada disso: era, simplesmente, a perturbação terrestre de quem volta e se readapta de novo. Algo que eu não sabia nem podia saber. Só nos sonhos, nos pesadelos ou nesses tão terríveis momentos em que acordava em lancinantes gritos de uma irrespirável certeza de ter estado, de ter pisado, de ter sentido...um outro mundo, uma outra cidade, uma outra realidade.

Depois dos clínicos gerais, dos especialistas da epiderme e de outros tantos... os psiquiatras. Os psicólogos ainda não estavam muito em voga, daí que fosse logo aviada para o estandarte dos doentes mentais e, do insidioso foro psiquiátrico, em terapêuticas apresentadas e em mim debeladas (pois não nutriam efeito algum senão uma dormência exagerada sem reflexos ou sentidos activos normais) do que estes me queriam imputar de uma adolescência reprimida - ou inevitavelmente ressentida - por todos os poros da minha pele em face a uma sociedade excruciante.
E de novo vinha a luz...e de novo eu era levada. Agora sim, já o sabia. Já o previa e até já o consensualizava em maior aceitação e total entrega de um sentir mais forte que parecia ser o meu condutor, o meu pai ou o meu protector cósmico que me enleava nesse banho de luz divino que eu em criança tinha considerado poder ser a Senhora de Fátima que também comigo quisera falar.
Por muito herege que eu possa ter sido (ou sê-lo ainda...) não mais me refugiei nessa tão imbecil prática de me ver ser endeusada como os pastorinhos de Fátima que desta vida e desta Terra tão cedo partiram (dois deles), ficando a pobre Lúcia com o fardo às costas de fazer acreditar toda uma multidão de crentes e não crentes dos seus tão sapientes segredos que a Senhora lhe ditara. Eu não queria esse feito, essa obra ou essa maldição de me ver arcar com tamanha responsabilidade, no que depressa as minhas dúvidas ficaram desfeitas de que tal senhora se não mostraria, não a mim, não em luminosidade alveolar e pura mas antes, de negro. Muito negro! (ou escuro, muito escuro...).

A Idade Adulta
Naquele tempo...não se ouvia falar de «Men in Black» (Homens de Preto em versão portuguesa) nem coisa que se parecesse. O mais tangível disso, eram por certo os homens das agências fúnebres que percorriam as salas escuras e pouco cómodas dos velórios dos defuntos. Nada mais.
Que sabia eu desses tipos? Nada! Nada mesmo! Nem agora. Por muito espertos que sejamos ou pensamos saber de algo, nada sabemos de facto. É tudo tão imprevisível e tão automaticamente irracional (ou virtual) que nem com as actuais e poderosas tecnologias tridimensionais, se poderá alvitrar essa nossa adesão por mundos tão indistinguíveis e distantes que só em sonhos os percorremos. Mas este, o meu primeiro sonho...não foi muito longe; foi «apenas» e tão-só... até à Lua!

Passados quase trinta anos sobre estas verdades, e só agora vem a público estas elucubrações de alma que fizeram ensandecer muitos e outros tantos enlouquecer dessas mesmas visões, dessas mesmas alucinações de se estar a viver, a conviver, a praticar e a aprender, determinadas acções e missões (físicas e mentais) mas não na Terra. Era assim como uma espécie de treino dos duros, dos SEAL ou de uma outra qualquer força especial de combate, defesa e ataque, como se fôssemos todos soldados da paz e da guerra, das aptidões e dos sentidos, dos deveres e dos direitos mas...dos que tinham sido eleitos. Para quê? Por quem? Com que finalidade? E porquê nós, humanos? E porquê...eu???
As lembranças, as recordações, as situações - e todas essas vivências - vieram todas como lanças espetadas no peito em hemorrágica fluidez de pensamentos, emoções e mesmo sentimentos controversos. Tudo numa onda selvagem -  indómita - que nos gangrena na pele, na carne e até no coração, ao sentirmos que fomos manietados, ensinados, treinados mas também usados e manipulados, consoante os dons ou as referências excessivas de QI ou de poderes extra-sensoriais aptos a qualquer coisa, aptos a cumprir os seus desígnios estelares.

A Lua. A sua cidade ou...as suas cidades. De início não tive essa percepção do quanto aqueles corredores longos, limpos e assépticos, eram uma espécie de ventre materno lunar em espartilhadas secções acondicionadas de suportes de vida sustentável; suportes de vida humana. Haviam mais. De nós. Eram muitos; «eles» e os humanos; mas mais «eles» do que humanos. Não falávamos entre nós. Mas ouvíamos os nossos pensamentos e os «deles» em relação a nós. Tudo uma confusão. Tudo mental. Era tudo muito estranho!
Passei portas. Voei. Respirei o ar da Lua. Não me volatilizei nem entrei em compressão estelar, se é que se pode comungar destes termos lunáticos destes meus sonhos havidos. Não havia gravidade. Não havia magnetismo mas também não havia luz natural. Essa, a pior parte para mim: eu fora iludida por uma luz divina artificial que me colocaria em frente a painéis holográficos e, pontuais, sobre a morfologia e caracteres terrestres como se estivesse a visionar um outro mundo que não era o meu. Lutei sem confrontar, digladiar - ou magoar - num poder cognitivo que «eles» me forçavam a possuir, a receber e...a dar como espécie de emissor-receptor de ondas magnéticas mentais, de telepatia maluca e de tantas coisas que só um louco ou um imortal faria. Mas fiz. E isso eternizou-se por dias, semanas, meses e anos que não vivi...na Terra. O espaço-tempo foi misericordioso; não envelheci, não na Terra mas lá..na Lua, amadureci, cresci e, reacendi, uma chama eterna de felicidade constante, de conhecimento extradimensional, de poderes e sentidos aventados ou advogados por seres superiores e, tudo isso, numa partícula de tempo que não lembro e que não recolhi em mim... Estarei louca? Provavelmente...

A Cidade Lunar
Ao princípio...fiquei extasiada. Maravilhada! Parecia uma prisioneira de Gulag (ou de outro sepulcral presídio) a quem abrem as portas da prisão e dão a liberdade, sem saber muito bem o que se fazer com esta depois de anos e anos de degredo ou daquela outra que vem à cidade grande pela primeira vez, sem se saber nortear ou conduzir. Fiquei estanque. Até porque não nos era permitido emitir qualquer som vocálico. Só o som de um vento glacial que a gravidade parecia ter levado para longe, tal como uma outra em som musical, melodiosa, ténue e doce (como as vozes dos anjos...), que jamais ouvimos ou sentimos, sem ser pelo som das harpas celestiais que em meninos imaginamos poder existir no Céu. Estaríamos a ter uma alucinação colectiva??? Talvez...

Éramos muitos. Foi o que me pareceu de início. Mas depois, seleccionados ou não...restaríamos umas duas ou três dezenas de indivíduos do sexo feminino e masculino com idades compreendidas entre os quatorze/quinze anos aos vinte (por aí...) não sei bem. A imagem não era desfocada nem aquém da realidade. As necessidades básicas efectivas eram sempre registadas por «eles»; os êxitos alcançados também. Havia uma paz celestial que, ou muito me engano, ou será aquela mesma paz cósmica de quando se morre e se vai para o Céu, suponho. Não sei. Senti-me feliz. E isso, ainda foi mais estranho. Eu estava em casa. Senti-me em casa! Os treinos, os sucessos, os ensinamentos, os desejos, as sensações, as não-limitações (pois que as não havia fosse em que sector fosse ou área de conhecimento e estabelecimento do nosso físico e da nossa mente em compleição estruturada de poderes nunca por nós sentidos ou alcançados....na Terra), por onde todos pareciam nem já ter saudades, tal o envolvimento ou discernimento psíquico e telepático - mesmo de uns para outros, entre nós, humanos. Éramos como que uma espécie de Irmandade tal como exímios Templários de uma época ainda por inventar o que agora eclodia entre todos nós, nessa espécie de alma humana conjunta em fabricação pujante e, ascendente, por algo que tínhamos de fazer não só pela Humanidade como por todo o planeta Terra. Algo estava (e estará ainda...) iminente, algo por reagir, activar, suceder e imputar; algo que ainda não sabíamos se bom se mau, mas certamente importante, muito importante e, decisivo, para a continuação ou evolução do Homem na Terra. Porque razão eu sei isto...? Não sei dizer.

A Lua. Depois Marte. E depois...Saturno. E depois ainda...por todos os santos ou deuses do Universo, que tanto há por desbravar...e o Homem não sabe - senti eu, naqueles momentos. E depois esqueci. E depois lembrei. E depois...temi! Temi estar doida. Temi que me internassem no hospício da capital da minha cidade, que me soldassem a cela para onde iria sem mais ver a luz do dia, que me cerrassem e condenassem ao flagelo desta outra cidade da Terra que eu sentia já não ser mais a minha. Loucura não é? Pois devia de ser. Devia...mas não era! Eu tinha viajado. Eu tinha aprendido. Eu tinha uma missão. Tive-a, assumi-a e vitalizei-a como um estomatologista porventura fará a um dente cariado, daqueles que ainda têm esperança de recuperação. Eu estava assim. Só que em vez de um dente podre, eu estava numa balsa inominável de conhecimento, sabedoria, energia e ascensão que jamais sentirei nem que morra aos cento e dez anos de idade (ou não morra nunca)! Eu era um anjo. Eu fui um anjo! Ou seja...eu deixei-me ser um anjo, um deus, daqueles deuses que ouvimos falar mas nunca vimos na realidade. Fui tocada por «eles» e deixei-me conduzir até aqui, até ao nada...até à Terra.

Eu sei. Ainda estou em tratamento. Ainda vou ao psiquiatra que, apesar das dezenas ou centenas de regressões (e progressões) feitas, já coloca uma mínima dúvida se as minhas alucinações não serão verdadeiras, naqueles outros mundos que alguns cientistas já falam poderem existir - ou co-existir - com esta outra realidade que ainda no mundo terreno e terrestre se desconhece. Ou não se quer saber. Mas continuam a duvidar. E...na sombra das mais profícuas profundezas da Lua, no seu outro lado negro, oculto ou mais obscuro de si, e que ninguém conhece (ou só alguns...) lá estará o meu código, o meu número (o meu ADN?) ou... a certificação que por lá passei, que por lá deixei o meu cunho pessoal de terrestre empenhada ou de humana embainhada de fé e esperança que um dia todos na Terra saibam que a Cidade Lunar existe, e é por nós humanos que existe! E por nós será...o que o Homem quiser e deixar que aconteça, pois que «eles» brevemente o assumirão sem que tenhamos de passar por loucos, doentes ou simplesmente indivíduos de mentes aceleradas e, endemicamente patológicas, sem que alguém pare para pensar e sinta que, afinal, até estamos a falar verdade!

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