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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A Ecologia IX (O Abraço da Terra e do Mar)


Gaivotas na Ilha da Berlenga, Peniche                                       Portugal (UE)

As Gaivotas, essas tão indomáveis e extraordinárias criaturas que por nós passam em voos de liberdade só seus. Mas, prolíferas e abundantes nas ilhas, nas escarpas ou nos morros entre a terra e o mar, são a condição máxima de uma espécie que vingou no planeta. Sê-lo-à o Homem, se acaso e, por vias de medidas urgentes de Mitigação, Controlo e Monitorização (à semelhança do que se faz com as gaivotas e outras espécies existentes na Terra), ver-nos-emos supervisionados, registados e igualmente monitorizados por aquém e além-mar - além Terra e além planeta - por outras espécies, outras inteligências tecnológica e sabiamente mais desenvolvidas do que nós, seres humanos???

Havendo a necessidade premente de protecção, cuidados e conservação dos meios naturais dos ecossistemas terrenos, insurgir-nos-emos nós (mesmo convictos que nada nem ninguém tal nos possa imputar, pugnando por uma idêntica medida extrema de cariz estelar) que, tal como espécies ameaçadas do nosso planeta, nós, Humanidade, o venhamos a suportar e, consciencializar, de que também nós somos uma espécie a controlar, a vivificar ou mesmo a «nidificar» em origem humana no que nos é imposto - ou talvez deposto - se acaso extrapolarmos o que nos é devido na Terra???


Forte de São João Baptista - Ilha da Berlenga (Peniche-Portugal) - O perfeito abraço da terra e do mar em surpreendente beleza.

Onde a Terra Toca e «Beija» o Mar...
A Área onde a terra e o mar se encontram é rica em vida e, pujante de toda a beleza planetária que por vezes observamos em êxtase. A água doce mistura-se com a água salgada nos Estuários, onde os rios desembocam no oceano, criando Habitats Aquáticos com teores de sal menos elevados do que no mar alto. Estes habitats diversos - Sapais, Praias, Pântanos e Caniçais salgados - contam-se entre os mais ricos da Terra, de produtividade equivalente às florestas húmidas tropicais. As suas estruturas físicas, como as Dunas, também formam barreiras que protegem a terra, ao longo da costa, das vagas, marés e água salgada dos oceanos.

Em relação aos Rios, estes transportam quase sempre grandes quantidades de Sedimentos e de Matéria Orgânica Decomposta que se depositam no estuário, criando por sua vez Sapais que se estendem mar adentro.

A Água que corre pelos Sapais muda consoante a maré sobe ou desce, como é do conhecimento geral. Trata-se então de um ambiente particularmente exigente. Os seus habitantes ou espécies aí existentes são sujeitos a períodos de imersão, muitas vezes batidos por ondas vigorosas, seguidos de um período de exposição em que podem secar ao ar ou ser atacados por predadores terrestres.

Os Organismos que vivem nesses Habitats têm de ser muito adaptáveis. Embora as condições sejam difíceis, há sempre muitos nutrientes disponíveis onde os Sapais se vêem conter milhões de vermes, camarões e caracóis. As Aves chegam na maré baixa para assim se alimentarem dessas espécies em variedade e abundância.

O crescimento denso da alga marinha chamada «Laminária» em algumas águas costeiras tem sido comparado a uma floresta. Algumas espécies podem crescer até aos 15 metros de comprimento - crescendo um metro por dia - em águas com muita luz e ricas em nutrientes.
As Estrelas-do-Mar são predadores das lagoas formadas pelas marés. Têm pouca tolerância ao ar e encontram-se com mais frequência em lagoas nas zonas baixas das praias onde existe água em abundância.


Sapal da Ria Formosa (de Loulé a Vila Real de Santo António) - Algarve             Portugal          

A Biodiversidade do Sapal
Quando os Sapais aumentam de altura começam a surgir então as Plantas. Nas Zonas temperadas, os sapais são colonizados em primeiro lugar por uma pequena planta chamada «Barrilheira» e depois por outras plantas que toleram o sal. O nível de lama sobe acima do nível da maré alta. Desenvolve-se assim um Sapal Sulcado por canais que levam ao mar que são dominados por certas espécies de ervas. Os Sapais atraem tipicamente uma multitude de Aves que se alimentam de Plantas, de pequenos animais e de Insectos.

Nas Regiões Tropicais, à medida que os lodos se acumulam no lado do pântano voltado para o mar, este é colonizado por Mangues, que avançam na direcção do mar. O Lodo - rico em nutrientes - suporta então uma comunidade local abundante e diversificada,
Os Mangais constituem importantes lugares costeiros de desova de Peixes; o entrelaçado das raízes dos mangues proporcionam dessa forma abrigo aos peixes recém-nascidos. Quando a maré desce, os Caranguejos vêm alimentar-se dos detritos trazidos pela maré.

É comum ver-se nas arribas ou ravinas da terra sobre o mar por onde se pontuam as gaivotas. Na costa nordeste de Inglaterra - assim como em várias regiões costeiras de Portugal - é usual observar-se o que as ondas e os elementos formaram de terraços nessas arribas. São estes os habitats ideais para Aves Marinhas como as Gaivotas-tridáctilas. Esses terraços, em geral, estão ao abrigo de predadores que não voem e aí se assumam, podendo as aves pousar e levantar voo facilmente.
Os Ninhos das Gaivotas-tridáctilas (feitos de algas marinhas) são fixados à rocha com lama molhada. Os jovens dessa população de gaivotas são geneticamente programados para evitarem as quedas por descuido.


Gaivota-de-patas-amarelas (foto de João Almeida Santo) - Cabo Carvoeiro - Peniche            Portugal

Ecossistemas maravilhosos...
As Costas Rochosas proporcionam uma base firme para as Plantas. São colonizadas por algas e outras plantas marinhas, assim como marcadas por zonas distintas de vida a níveis diferentes de altura da maré.
As Plantas e os Animais que vivem abaixo do nível da maré baixa não podem tolerar a exposição ao ar. Prosperam aí Laminárias - e outras algas - que têm talos com vários metros de comprimento.

A Zona Intermareal é colonizada por organismos que estão adaptados à exposição, como as algas a que se dá o nome de «Limos» ou «Sargaços» - algumas das quais podem sobreviver a 80% de desidratação.
A Zona Supramareal é raras vezes coberta pela maré. Possui muitas espécies terrestres adaptadas a um ambiente salgado com espécies marinhas tolerantes como a Couve-marinha e o Azevinho-marinho.

Um Litoral Arenoso evita que as algas se agarrem - a areia está em movimento constante com a subida e a descida da maré. Em seu lugar, desenvolvem-se as comunidades de animais ou espécies que vivem na areia, como por exemplo, os Caranguejos e os Vermes. Estes animais escondem-se na areia durante a maré baixa e só emergem para se alimentar quando a areia está coberta de água.


Ilha da Berlenga - Peniche (reserva natural ou zona de protecção especial (ZPE) em ecossistema único na conservação das espécies e habitats em Portugal).

Mitigação/Controlo/Monitorização
Em Portugal, há muito que se perspectiva um bom augúrio a nível ambiental sobre todos os ecossistemas a cuidar, proteger e mesmo defender de potenciais predadores na eventual eliminação das espécies. O Arquipélago das Berlengas que compõe três grupos de ilhéus, Berlenga Grande e recifes, no que se designa de grosso modo por um pequeno arquipélago situado a 5,5 milhas náuticas (cerca de 10 km) ao largo de Peniche, no litoral-oeste de Portugal.

Existe hoje um critério em convénio de regras altamente instituídas por várias organizações ambientais e instituições locais, que se regem por um acordo mútuo na protecção desta zona.
A Life-Berlengas é uma delas. Algo que se resume pela conservação das espécies e habitats, ameaçados da ZPE (zona de protecção especial) das Berlengas, através da sua gestão sustentável. Algo que faz também conotar outras instituições nesse vector e igual sentido, como é o caso da APA.

Através da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) em associação com outras organizações que se debatem pela preservação do ambiente em especificidade de um maior controlo sobre o Chorão - espécie ramificada na Berlenga que impera reduzir, uma vez que se traduz não por um benefício local mas, antes, para a nociva contribuição incessante do fracturamento granítico no arquipélago - têm-se instaurado medidas nesse sentido. Não evitando também a perda do solo, há que tentar diminuir esta espécie de proliferar, no que se tenta assim realizar (em prioridade e obrigatoriedade) na conformidade com um maior equilíbrio no ecossistema da ilha e ilhéus.


Paisagens soberbas, magníficas, que os turistas aproveitam em lúdica passagem até ao Museu-Forte da Ilha da Berlenga Grande. Esta Reserva Natural merece-nos respeito ante tamanha beleza e inatingível erosão dos tempos que a possam ter feito (algum dia) resumir em fealdade. A beleza está à vista de todos. É o nosso oásis português que beija o Atlântico...

Objectivos a Cumprir
O Mapeamento da Zona, os Censos Regulares, efectuados sobre todas as aves marinhas aí existentes, nidificantes - tanto em terra como no mar - além do reconhecimento dos seus ninhos e outros, os artificiais, que se entabulam na zona, assim como o seguimento electrónico em vigilância, permanência e certamente supervisionamento das Cagarras e o Roque-de-Castro, fazem desta agência nacional e destas associadas organizações um objectivo irrefutável na preservação das espécies.
Há que instituir nesta zona (e noutras a seu tempo) a erradicação de predadores introduzidos ou invasivamente aí inseridos, não se dando tréguas a qualquer outra invasão que eventualmente no arquipélago possa aparecer.

Os esforços que actualmente se têm envidado neste sentido, faz enaltecer e sentir orgulhosos todos os intervenientes em métodos de controlo exímios e, toda uma acção imediata de desvelo e cuidados, sobre todas as espécies aí existentes em seu habitat e permanência. Algo que enobrece, aliás, o seu mais alto dignitário, o jovem doutor Nuno Lacasta - Presidente do Conselho Directivo da APA (agência portuguesa do ambiente). Desde já, os nossos sinceros parabéns pelo empenho, honra e interesse desmedido que entrega a todas estas causas do Ambiente e do extenso litoral português.


As Maravilhosas Grutas da Berlenga: os seus passeios turísticos e a observação subliminar que se faz sobre as espécies aí presentes. Um paraíso em raiz selvagem que estes ilhéus e recifes nos presenteiam numa fragrância única de encantamento e beleza.

As Medidas Urgentes!
O ICNF - Instituto de Conservação da Natureza - aliado ao Life-Berlengas, à Câmara Municipal de Peniche, à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e também à Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar como parceiros, têm-se desdobrado em estudos, esforços e acções conjuntas num projecto ambicioso de protecção e conservação das espécies na Natureza.

Segundo o Life-Berlengas, coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) tem-se concretizado com êxito a efectivação no terreno do que se observou em espécie excedentária das gaivotas numa quase doentia proliferação - ou disseminação destas aves sem precedentes. Notou-se, contudo, após a realização técnica na contenção das mesmas, um decréscimo acentuado na população de gaivotas sobre a ilha e, supostamente, sobre todo o restante arquipélago. Mas, evidenciou-se, não ser todavia surpreendente ou digno de registo, que estas o não façam noutros locais, em nidificação diferenciada ou, ao não-alcance do olhar humano de quem perspectiva estes estudos e toda uma investigação prementes. É de registar também de que, anualmente, são destruídos 60 mil ovos de gaivotas devido à regulação e, controlo dos meios já referidos, tentando travar assim essa sua desmesurada nidificação.

O Projecto Life-Berlengas e todos estes intervenientes acima mencionados, têm a certeza de que irão em futuro próximo ajudar a tirar dúvidas nesse sentido, ou seja, uma vez que está previsto monitorizar as gaivotas, haverá uma maior vigilância e conclusiva abordagem sobre estas, no que foram colocados pequenos aparelhos nas aves que irão assim permitir saber para onde estas se deslocam e se alimentam. Será mais fácil deste modo conseguir mantê-las sob maior protectorado e vigilância - anuência de todos os que nesta incursão fizeram parte.

Assim sendo, tendo em vista a optimização de recursos mas acima de tudo, a protecção ambiental (em face à crescente procura e, visita, por parte da carga populacional humana, na Berlenga) houve também o cuidado desta não se pontuar excessiva sobre a ilha protegida, podendo inclusive - caso se não tivessem tomado medidas nesse sentido - de toda a ilha se ressentir, pondo em causa esse equilíbrio e essa suma qualidade dos seus recursos e valores naturais que se tenta preservar de todos. Para além de toda a experiência recreativa ou actividade turística da zona que, tendo sido limitada (ou mais exactamente regulamentada), se pretendeu assim manter incólume a ilha da Berlenga - ou talvez inoculada - de certos malefícios próprios dos viajantes.


Gaivotas no seu habitat natural (ainda que em cima das estacas que demarcam o território, na Berlenga). As senhoras da ilha - as gaivotas - num reino só seu.

O Life-Berlengas pretende antes de mais, monitorizar a fauna e a flora do arquipélago das Berlengas, controlar as espécies exóticas invasoras e, implementar uma estratégia de gestão sustentável de valores naturais na ilha. Algo que se estipulou que arrancasse em Junho de 2014 (o que já aconteceu) com uma duração de cerca de 4 anos e meio em implementação até meados de Setembro do ano de 2018. Tudo isto obteve um investimento considerável  de orçamento e amplitude financeira que rondou os 1,4 milhões de euros que obviamente teve o apoio imprescindível do Programa Life da União Europeia. Algo que também merece o aplauso da nossa parte nesta brilhante causa da protecção e conservação da Natureza sobre causas maiores no planeta. Desde já os nossos sinceros parabéns; a todos os intervenientes, patrocinadores e conscientes investidores - e especialistas - que de uma forma ou de outra contribuíram para esta ocorrência do sector ambiental e das espécies em Portugal!

Todo este objectivo imparável e, incessante, de recuperar e conservar os valores naturais das ilhas, vai-se toldando e formatando em todos nós, a consideração pela Natureza. Disso não há a mais pequena dúvida. Tenta-se deste modo colmatar algumas anomalias ou perversidades que pontualmente se tenham feito incidir nesta e noutras ilhas (ou noutros locais do globo) em menor consideração ou consciência de que se tem, obrigatória e inevitavelmente, de se tomar medidas (extremas, por vezes) sobre os desígnios de uma Natureza mais pura e mais sã. E, em que todos os seus elementos naturais sejam preservados ou a salvo de outras mais nefastas consequências que foram ditadas ou estropiadas pelo Homem.

Todos os organismos estatais e não-estatais, nacionais e internacionais que aludam a estas causas (no que a Cimeira do Clima agora terminada evocou de se instaurar em regras e princípios sobre a eliminação dos combustíveis fósseis entre outras medidas que façam face às constantes e nocivas emissões de gases com efeito de estufa) que, hoje, se inaugura o primeiro dia do resto das nossas vidas. E por todo esse resto que é no fundo, o todo e o início de muitas outras vidas, que temos de nos forçar a acreditar que o planeta ainda tem salvação - e ainda há tempo - para tudo mudarmos.


Ave em sapal na Ria Formosa (Faro - Algarve) Portugal: quando tudo está a saque, quando tudo está poluído nas águas dos rios e mares por mão do Homem, que ficará, que restará a estas e outras espécies de aves em sapais, em habitats perdidos para sempre...? Não é o caso da Ria Formosa, felizmente, que ainda se mantém intocável (até agora!) de tais dislates humanos.

Haverá futuro para todas estas espécies...? Oxalá que sim.
Hoje, tudo é exposto, resumido e concluído nas mais altas instâncias governamentais (por vezes palacianas e não muito profundas nessa verdade, por outras que se exibem de mais sucessos, como parece ter sido o caso desta Cimeira do Clima, em Paris...) em maior e mais lato esforço de todos contribuirmos para uma Natureza plena dos seus direitos e de todo um planeta em que vivemos. Oremos por isso. Batalhemos por isso. O planeta merece-nos esse esforço, esse empenho. Oxalá ainda haja tempo para tal; é nisso que convictamente quero acreditar - sobre a terra e sobre o mar. Em beijos, abraços e, terminantemente mas não terminalmente sobre os mais altos desígnios planetários (ou exoplanetários) que lá fora alguém nos tenha feito ensimesmar ou proclamar entre nós, o meu desejo é esse: Hoje e sempre!

Há que reconhecer perante a Natureza, a Terra, e tudo o que nos faz mover que, a vida, só nos é concedida por nesta acreditar-mos e, preservarmos, não só pelos da nossa espécie - a Humanidade - mas por todas as outras que connosco compactuam neste nosso maravilhoso planeta azul. Se tivermos isso em conta, já será um passo de gigante; maior, muito maior do que o aquele que foi dado pelo Homem na Lua. E tudo o mais será uma outra história ainda por contar - ou revelar - sobre nós, Humanidade. Sejamos gratos mas também humildes, pois que o Universo na sua infinitude, nos aceita tal como o somos mas, em veemência evolutiva, de sermos mais e melhores do que até aqui. Só nos resta acreditar nisso e fazer por isso...

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