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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A Ecologia VIII (Habitats e Nichos)


Veado Vermelho/Ungulados Silvestres                    (Tapada de Mafra) - Portugal

Sendo os bosques os biomas florestais de toda uma impressionante diversidade de habitats e nichos das espécies na Terra, poderá o Homem, à sua semelhança, ser também e igualmente uma das muitas espécies exoplanetárias que neste planeta (o terceiro a contar do Sol) se instalou?

No início dos tempos, em específicos microbiomas que porventura as espécies terrestres tentaram fazer-se pertencer e, sobreviver, terá o Homem eclodido de forma natural e soerguido de outras tantas formas em nichos próprios de subsistência, evolução e continuidade?

Sabe-se hoje que muitas espécies pereceram ante a gula e a voracidade selvagem não da sua própria espécie mas através do abate miserável que o Homem lhes inflectiu em destino contrário ao que seria suposto numa Natureza planetária abundante. Caso se tivesse identicamente pungido essa matança no ser humano por espécies superiores (desde os extintos dinossauros a outras espécies hominídeas que lhes tivessem feito frente) como seria hoje a nossa civilização humana: existiria, ou limitar-se-ia a subsistir em cativeiro, atrás de grades, atrás de reservas, atrás de um destino que lhe fora coarctado por outros?

E, não estando a salvo (ainda!) de tudo isso, será que teremos recursos, vontades ou habilitações para o mudarmos? Consegui-lo-emos atingir, se nem as prerrogativas globais em cimeiras do clima se impõem ou em nós as estabelecemos - uniformemente ou coesamente unificados num Todo comum - como o seria em face a uma medida extrema de contingência, salvação e sobrevivência neste pequeno ponto azul que dá pelo nome de Terra???


Mamífero sobrevivente através dos tempos: Bisonte (América do Norte) - algo que não se reportou aos Mamutes devido à era glacial do Paleolítico.

Habitas e Nichos
Os Grandes Biomas, como as florestas temperadas, cobrem vastas áreas da Biosfera. No interior de um grande bioma situam-se áreas mais pequenas ou microbiomas. São geralmente os Habitats de espécies particulares de Plantas ou Animais.

Um Habitat é uma área específica com um conjunto característico de condições. Pode ser uma Lagoa, uma clareira dum Bosque ou um Prado.
Os Grupos de Plantas e Animais que vivem no habitat e interagem uns com os outros constituem uma comunidade, como é sabido. Essa Comunidade depende assim dos componentes não-vivos do habitat - os Factores Abióticos - que incluem nutrientes, temperatura e água disponível. Estes determinam, até certo ponto, o tipo de Animais e Plantas que podem viver no habitat.

Mesmo no seio de um Bioma como uma floresta húmida há vários habitats individuais, muito diferentes uns dos outros. Pode existir uma floresta fresca, pouco desenvolvida, coberta de nuvens, a altitudes elevadas e pântanos quentes junto aos rios. Em alguns lugares, pode inclusive haver clareiras nas copas das árvores através das quais maior quantidade de luz pode chegar até ao solo, criando um microclima local com uma comunidade diferente.


Esquilo deliciando-se com uma bolota. Tal como as Aves que constroem ninhos nos ramos das árvores, dispersando sementes pela área, os Esquilos privam com estas o mesmo espaço, ou seja, as árvores, onde fazem os seus ninhos. Mas também privam dos solos em alguns biomas.

Nichos específicos...
No Seio de uma Comunidade, os organismos desempenham muitos papéis diferentes. A sua dieta, o tipo de abrigo, a gama de temperaturas que podem suportar, a quantidade de água e de espaço físico que requerem, a sua actividade diurna ou nocturna representam alguns aspectos desse papel, a que se dá o nome de «Nicho».

A não ser que os recursos sejam abundantes, um Nicho só pode ser ocupado por uma espécie; caso contrário, as espécies estão em competição e algumas podem não sobreviver. Todas as Espécies, portanto, evoluem e adaptam-se para preencher nichos específicos.

Alguns Nichos são altamente especializados e limitam o tipo de habitat em que a espécie pode viver. Numa Floresta Húmida, há uma diversidade tão grande de espécies que muitas só sobrevivem ocupando milhares de nichos especializados em camadas diferentes do crescimento da Floresta, desde o nível do solo até aos ramos mais altos das copas das árvores. Estes Nichos Estratificados permitem assim a existência de muitas outras espécies num habitat pequeno.


Rãs em habitats próprios nos cursos de água que atravessam os bosques. A biodiversidade que nestes se instala, percepciona no fundo o curso de vida multi-plural de espécies que aí habitam.

A Fulgurante Biodiversidade!
Ainda em relação aos Nichos Especializados, há que referir que, quanto mais especializado este for, tanto mais vulnerável é a espécie a qualquer alteração do seu habitat!
Uma Única Espécie de Abelha pode efectivamente polinizar uma única espécie de orquídea; a sobrevivência de ambas está assim interligada.

As Espécies que ocupam Nichos Gerais, como as Baratas, as Moscas e os Ratos, são mais adaptáveis. Há que registar também, em suma existência generalizada no planeta Terra de que, os seres humanos, ocuparam um Nicho Geral durante a maior parte da sua breve história, mas tornaram-se curiosa e indubitavelmente também mais especializados nas sociedades industriais modernas, que dependem quase que por inteiro de alguns recursos limitados. Algo que não se pode obviamente contestar pelo que hoje se verifica na evolução constante de que o Homem oferece.


Veados ou Ungulados Silvestres na rota das Aldeias do Xisto, na Lousã - Portugal

O Mundo Selvagem
Será bom perguntar-se que mundo selvagem estaremos a falar e a retratar: o dos Animais ou o nosso, o do Homem, que tanto espoliou, dissecou e eliminou da face da Terra...?
Sendo os Bosques, Florestas Húmidas ou pradarias por todo o globo, os biomas florestais óbvios de árvores espaçadas, vegetação prenhe e fauna consistente, nada se resume hoje ao que em tempos idos, ancestrais, houve de tanta pujante beleza e abastança.

A miríade florestal em fauna e flora planetárias seriam o maior colosso em Zoo transbordante que tantas espécies confinou em si e tantas outras viu desaparecer impiedosamente.
Mas, salvo algumas excepções, ainda hoje se pode relatar a imensa diversidade de habitats com quantidades variáveis de espaço, luz, cobertura e humidade.
A existência de clareiras, como já se referiu, é de facto muito importante para os animais maiores, desde os Veados aos Bisontes (estes últimos, quase confinados também a reservas norte-americanas numa protecção evidente contra a sua exterminação) - no que a espécie europeia se traduz mais pequena do que a norte-americana e cujos habitats compreendem a área maior do bioma.


Casal de Coelhos: a conhecida proliferação em reprodução. Uma espécie que muito se propagou por ilhas e ilhéus sem predadores de grande porte que os limitasse nessa sua população insular.

Em relação aos Coelhos estes vivem em territórios mais pequenos e requerem terreno relativamente mole no qual possam escavar as suas luras.
Ainda em relação ao ambiente húmido e escuro (situado por debaixo dos troncos caídos de árvores) são proporcionados habitats de Fungos, Vermes, Escaravelhos e Bicos-de-conta. Os Insectos fazem os seus ninhos em árvores ou em sebes. Os Peixes e as Rãs habitam nos cursos de água que atravessam os bosques, como já se definiu; os Patos e os Ratos-d`água nas suas margens. Estes habitats individuais fulguram assim a diversidade e, biodiversidade, da comunidade do bosque.

, Veados, Corços (mamífero artiodáctilo da família dos cervídeos), Cabras Monteses, Gamos, etc. Várias subespécies que sobrevivendo ao genocídio global por parte do Homem, se fizeram vencer nos bosques da Terra.

Os «senhores» dos Bosques Ibéricos!
Veados, Corços (Capreolus capreolus), Cabras Monteses, Javalis, Gamos e Muflões são efectivamente os grandes senhores dos bosques, em particular na Península Ibérica onde se tenta inflamar (no bom sentido!) estas espécies que estiveram à beira da extinção devido não só às alterações climáticas, como à leviandade mórbida por parte do Homem em caça e total perseguição.

Muitas destas Espécies - e subespécies - fazem-se pertencer ainda a uma certa e incólume descendência de imortalizada linhagem nas gravuras do Côa (Foz Côa) em Portugal.
Exibe-se aí, em pinturas rupestres na pedra, algo que ficou marcado do que os nossos antepassados observaram e, comungaram, em partilha de espaço, habitat e propriedade sua na aferição de caça, busca e alimento dos seus povos.


Uma espécie indomesticável: os javalis! Ou nem tanto... apenas e tão-só quando há crias por perto, no que certos caçadores não dão tréguas por ser uma espécie que devasta (por vezes) extensos campos agrícolas. Prolifera indómito e selvagem sobre pradarias e serras.

Na pedra registados ou em pergaminhos medievais, é sempre eloquente observar-se a distinção destas espécies (desde javalis, a corços ou veados). Estes últimos, que se determinam por Ungulados Silvestres, vulgo Veados, foram sendo introduzidos na contemporaneidade vivida (nas serranias) no que se tentou reintegrar em  mais farta ou insistente proliferação e, reprodução, destes animais. Terá havido assim uma maior consciência da não-exterminação destas espécies, pelo que hoje se instiga e, incentiva, sobre uma outra realidade agora embutida e não esbatida sobre prados, florestas, bosques e reservas naturais onde seja profícua esta vertente de vida que não morte e abate imensurável destes animais.


Veado jovem: quem não se lembra do Bambi...? Haverá coragem (ou talvez cobardia...) e odiosa displicência do Homem em relação a esta - e a outras espécies do globo - eliminando estes tão puros seres dos bosques? Não será pura selvajaria o que se faz ainda hoje de abate em caça furtiva - ou mesmo desportiva - em rebates de uma não-consciência de tudo erradicar do planeta?

Ungulados Silvestres
Os Ungulados Silvestres ou Veados, diferenciam-se dos outros ancestralmente domesticados tais como as Ovelhas, os Porcos, os Bois e as Cabras (ou seja, ovinos, suínos, bovinos e caprinos), por terem em comum a característica física peculiar de uma Unha Fendida que forma dois dedos em cada pata. Cientificamente, denominam-se: Ungulados.
A Destruição dos seus Habitats assim como a permanente perseguição humana têm feito reduzir estas espécies, o que se lamenta de facto, pelo que as espécies mais ameaçadas têm sido as Camurças, o Gamo e a Cabra Montês. As Mudanças Climáticas também não têm ajudado nesse sentido numa corrente de eliminação das espécies que muito dificilmente se poderá repor a nível planetário.

Existe uma referência histórica que retrata de que foram os Romanos (entre outros vários monarcas de então) os grandes impulsionadores da introdução dos Gamos nos seus territórios ancestrais, tornando-os em animais de parque e pastagem lúdica. Em relação às Cabras Monteses estas sobreviveram quase que por acaso ou por obra de um destino maior ou de feição sobre si, no que em inversão de outras espécies que não tiveram igual sorte, se fizeram continuar em colonização recente sobre grandes serranias e quase que últimos redutos de habitats seus por solos e terras de Portugal, no único Parque Nacional em território português. A não ser milagre, foi de facto algo extraordinário, o que se observa agora destas espécies em franca liberdade e assumo de vida animal feliz; pelo menos, assim nos apraz confirmar...

O que outrora nos envergonhou, enche-nos hoje de orgulho (pelo menos em circunstâncias locais e, pontuais, ibéricas) no que se tem tentado fazer desenvolver em transversal união de povos (Portugal e Espanha) na proliferação desta espécie de Ungulados Silvestres, assim como do Lince Ibérico e tantas outras espécies que se têm em comum neste espaço territorial de ambos os países.
Muito nos anima que estas espécies prevaleçam e se façam vingar neste imenso espaço físico geo-estratégico de uma comunhão igualitária de esforços ibéricos nessa feliz contenda. Um habitat livre, solto e sem amarras (ou sem o cheiro a pólvora das espingardas dos caçadores ou outros potenciais predadores da espécie), é como se augura um futuro de maior prosperidade sobre estas espécies que, numa reintegração sólida e feliz agora, quase se viu exterminar há cerca de 100 anos atrás.


Veados na plenitude de movimentos, habitat natural e sobrevivência além os tempos...

«Os Senhores do Bosque» (o livro!)
Só como referência que pontualmente se deve de fazer, a bem dos seus próprios autores, há que registar com agrado e interesse sobre estas temáticas e antes de mais, sobre o património natural português, um livro agora publicado (desde 2014) em Portugal, que aborda com precisão e um certo encantamento a história dos Ungulados - Os Senhores do Bosque. Um livro surpreendente! E muito belo!
Este belo livro de Paulo Caetano e Joaquim Pedro Ferreira, traduziu assim em magia e surpresa, todo o universo (em imagem e palavra) da caça e da gestão cinegética destes tão belos animais sobre os bosques, seu natural habitat. Será um deleite folheá-lo e, verificar, o quanto ainda temos por saber sobre esta maravilhosa espécie animal. Entre outras, que mais tarde nos aguçará a curiosidade e empenho de nestas investirmos em maior consciência - e observação - do quanto é fantástico este nosso planeta em biodiversidade e possante beleza!

Nada mais a registar que não seja, metam-se a caminho e observem os Veados das Serras, respirem-lhes a liberdade, sintam-lhes a veracidade do que há muito foi conquistado na Terra de espécies que, povoando e habitando os espaços planetários, se viram prosperar, além a mortandade, além os abates infinitos, e a impiedade de caçadores e oportunistas sobre espécies indefesas.

A Humanidade, podendo estar (um dia) nesse circuito ou círculo vicioso de pertencer à cadeia alimentar ou ao prazer desportivo de outros seres, outras entidades estelares (à semelhança do que fizemos e continuamos a fazer aos nossos animais) haveremos que reivindicar para nós também a absoluta continuidade e não-genocídio de massas, fazendo-nos exterminar em matadouro planetário.

Nunca se sabe que espécies se poderão resguardar e fazer reproduzir, por outras que liminarmente se eliminarão da face da Terra, se não reconsiderarmos que todos somos Um, que todos somos iguais espécies a preservar e não a erradicar. Dentro da Terra ou fora dela, essa verdade e essa consciência terá de se fazer instaurar ou não haverá futuro tanto para os Animais como para a Natureza ou para nós próprios, seres humanos. A opção e o caminho certo estão aí; só é mesmo necessário segui-lo e não negá-lo ou esquecê-lo, pois seremos nós - a Humanidade  - que se definhará, que se limitará, caso esta prerrogativa universal não liderar.


Salvamento de um veado-bebé por um corajoso rapaz, de seu nome, Belal, cidadão do Bangladesh (sul da Ásia) - foto captada e registada por um fotógrafo que no local observaria tamanha proeza com sérios riscos para o jovem que, erguendo uma das mãos, empunharia o feliz contemplado. Surpreendente! É por imagens destas que talvez valha a pena acreditar-se (ainda) na Humanidade!

Os dados estão lançados e a sinalização efectuada, Basta apenas corresponder ao que nos é devido e não o oposto, ou tudo estará irremediavelmente perdido nos séculos vindouros. Nem em Reservas ou Zoológicos os teremos mais (aos Animais) e, talvez, esse grande Zoo que é a Terra (no que certos cientistas já advogam a Humanidade e todas as espécies na Terra lhes serem - aos seres estelares - um imenso, farto e diversificado Zoo planetário) sejamos nós, seres humanos, as grandes presas deles. E isso, a ser verdade, fazer-nos-à coabitar e coexistir com todas as outras espécies nessa mesma obsessiva cela global, de grande e oclusa grade planetária em que todos nos abateremos uns aos outros por uma resquícia subsistência alimentar - e outras - de proveniências duvidosas. Pensem nisso.

A Humanidade só disso terá consciência quando talvez já seja tarde demais... não o esqueçam! E lamenta-se que assim seja. Seria bom acordarmos todos para esta realidade e não nos deixarmos adormecer sobre um planeta que definha e nos morre nos braços a cada dia que passa... pensem nisso também. Se quisermos sobreviver às balas da nossa ignorância, negligência e despotismos planetários, então será hoje o tempo de mudar. Mudar já! O tempo urge... o tempo escasseia...

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