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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A Saudade Espacial


Península Ibérica (Portugal e Espanha) em imagem captada por Scott Kelly - astronauta da missão espacial ISS (International Space Station) ou estação espacial internacional.

«Portugal e Espanha a brilharem depois de cair a noite. Boa Noite, a partir da Estação Espacial Internacional».
                                                         - Mensagem de Scott Kelly no dia 1 de Dezembro de 2015 -
Portugal calling:
 «Thank you Scott for the wonderful view and image that you send us». Muito obrigado, Scott!

A Ibéria nunca mais vai ser a mesma...
Até pode ser estúpido, palerma ou apenas ingénuo da minha parte, mas sinto-me na obrigação de uma quase fidelização a roçar a patetice - ou a paixão assolapada - por quem anda no Espaço e que, de vez em vez, manda cá para a Terra estas fabulosas imagens que a todos deixa estupefactos e quase sem respirar. E respirando, nos sustemos em comentar sequer por tanta beleza à solta...
Somos tão pequenos, tão ínfimos e tão finitamente mortais que, à semelhança de um qualquer formigueiro planetário (e neste caso, cósmico) eu me veja atabalhoadamente a abrir o computador (de novo!) para parabenizar como dizem os meus amigos brasileiros, este fantástico e mui profissional missionário do Espaço na beatitude estelar de uma solidão ímpar.

A leveza do Espaço, a sua falta de gravidade ou mesmo todos os intemporais riscos de que eventualmente possam vir  a sofrer (desde tempestades magnéticas ao restolho físico de um reumatismo precoce) leva-me a considerar nada invejável, esta sua tão mui digna missão de, pelos ares e em oclusa cápsula hermética, nos ver a nós, comuns e iguais mortais cidadãos terrenos, sob a égide luminosa e, eléctrica, de todas as cidades do Mundo.

É uma paixão; aliás, são duas! Uma, o sentir-me sob protectorado espacial; outro, a observação subliminar do quanto somos apenas e tão-só, um pequeno ponto molecular e atómico (e subatómico) de uma potenciação quase que exclusiva de neutrinos terrestres. Afinal, a conclusão científica de muitos o que estudando ainda a complexidade da mecânica quântica, o não sabem transcrever em toda a sua dimensão, pluralidade e até excentricidade de uma Física tão intrincada quanto admirável no seu Todo. E nós, cá na Terra sempre tão pequenos, tão micro-indefesos, tão micro-organicamente indiferentes a tudo o que nos rodeia. Lamenta-se tal, pois fomos feitos para ser grandes, superiores, alquimistas da nossa própria sorte - e destino - e houvera mais poderes desses, e tudo nos seria ofertado ou sequer reconquistado, pois que as Musas de outrora ou mesmo a Atlântida perdida se já foi e nada mais ficou... ou talvez ainda andem por aí e se não saiba ou se não procure no local exacto...

Scott Kelly não me conhece, nem podia. Seria o mesmo que identificar uma amiba (eu!) e o Grande Buda ou Cristo, Maomé ou qualquer outro grande profeta que tivesse igual missão na Terra de trazer a paz aos homens de boa vontade e não o contrário.
Ser-se Astronauta, talvez seja a mais proeminente missão (muito mais que profissão ou empenho ou até submissão) ao que os deuses estelares por lá vêem, e que só «eles» sabem da tão temível escuridão além as estrelas que só alguns têm o privilégio de ver e sentir.
Por mim, que estou cá em baixo num pequeníssimo ponto de luz sobre uma cauda litoral costeira onde se pontua e situa Lisboa, aceno a este tão garboso astronauta que faz dos seus dias e, noites, a mais mágica de todas as missões: servir o seu território, a sua nação, mas acima de Todas as Coisas, servir um mundo que é seu e que ele vê e observa lá do alto... bem-haja por isso.
Continuando a ofertar-nos tão belas imagens assim em profundo êxtase terreno nosso e, maravilhosa mestria fotográfica sua, apelo a que nunca se deixe tentar por virar as costas a este seu mundo, ainda que não a esta sua nação (desta vez a minha...) em ibérica apresentação nocturna que tanto me envaidece e embevecida me coloca, ante a magnificência planetária indescritível que ele, Scott Kelly, nos dá a conhecer. Obrigado por isso e muito mais, Scott. Bem-hajas pelos momentos de autêntico prazer (como se fosse um delicioso bombom mon cheri a degustar, perdoem-me a publicidade...) em que agora observamos estes céus da Península Ibérica by night...

Esta Imagem da Península Ibérica foi publicada ontem (dia 1 de Dezembro de 2015) no Twitter, a favor dos Internautas de todo o globo - para gáudio geral e, global, de toda uma fanática população cibernética de sequência, seguimento e admiração espaciais.
Scott Kelly - astronauta da ISS (International Space Station), da NASA, está no Espaço há exactamente 249 dias, no que se entretém (supostamente) a tirar fotos de várias outras capitais do mundo ou territórios planetários vistos do Espaço. Uma replicação que entusiasticamente nos vai mostrando toda a pujante beleza desta nossa tão maravilhosa Terra, acrescentamos nós.
A Imagem agora estratificada (em anotação visual aparte o resto do mundo) referencia o litoral português bem iluminado, a minha bela capital Lisboa e de seguida Madrid, em território castelhano. Portugal e Espanha em visualização nocturna de Fados e sardinhas, Flamenco e tapas (que se não observam mas se intui...) leva-nos a um imaginário mundo ainda mais sumptuoso ou alucinogénio do que porventura o da Alice no País das Maravilhas. Como maravilhoso seria de constatar que até o Cristiano Ronaldo se quedaria em tamanha beleza, se acaso lhe fosse permitido aventurar-se nas lides do futebol por entre espaços tão exíguos e não profanos quanto os da ISS, acaso este por lá rumasse de bola na mão ou naquela valsa fandangueira que ele faz com a bola nos pés. Messi ou Neymar também gostariam de o privar, acredito; só não sei se a falta de gravidade os deixaria pontapear um golo certeiro...

Mas a conversa já vai longa e, se porventura Scott Kelly me ler estas palavras (acreditando que anda uma doida à solta na península ibérica, tal como alienígena tresmalhado...) então talvez possa ir dormir em paz, pois que os anjos, os meus anjos espaciais me velam o sono; o meu, e o dos existenciais 7 mil milhões de vidas planetárias que há na Terra.
Talvez só exista em português a palavra «saudade» mas haverá sempre e, em qualquer parte do mundo (sinto-o), aquele igual sentimento indefinível (mas que dói como um raio!) na dor dos que partem ou dos que ficam sós. Com os astronautas não deve ser diferente, acredito. Por vezes, o barulho do silêncio é mesmo ensurdecedor, como afere um prestigiado escritor português de seu nome: António Lobo Antunes. Corroboro e daqui envio saudações lusitanas até ao Espaço. Uma vez mais: «Thank you so much for this, Scott! It`s so wonderful! «It`s More Than Words...». Um Muito, Muito Obrigado e Viva a Espanha, Portugal e o resto do mundo que eu nem sou egoísta. E que a Paz esteja contigo, Scott, e com todos os teus camaradas e amigos da ISS no Espaço. So long, space man!

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