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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Top 10 AMAZING Facts About PORTUGAL

Golazo de Cristiano Ronaldo - Real Madrid vs Fiorentina 2017

CRISTIANO RONALDO FEZ 1 GOLAÇO E FOI EXPULSO 1 MINUTO DEPOIS CONTRA O BA...

Obrigado, UEFA!

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Cristiano Ronaldo em beijo solícito mas nunca submisso ao que lhe devotam, no bem e no mal. Pelo bem, consagra-o a UEFA, em todo o seu máximo esplendor de Melhor Jogador de 2016/2017. Pelo mal, as muitas vozes que contra si se levantam na audácia que possui, na riqueza que ostenta ou simplesmente na beleza tão saudável a que alude; e pior que tudo isto, é um gajo português!

«This is the Man»!
Portador de uma pujança física invejável, belo e muito rico (ainda que admoestado pelo Fisco ou confisco espanhol) e, dotado de uma exemplar configuração de corpo e mente indescritível, Cristiano Ronaldo vê-se a braços não só com mais um troféu merecidamente ganho, como, com uma outra vitória em seu reino de homem de família que é, ou quer ser, e muitos lhe renegam pelas decisões apresentadas e factos consumados.

Cresceu e multiplicou-se. E isto, numa atitude comportamental atípica ou assaz inatural que não imatura ou convencional, segundo o próprio, de sacar do ventre alheio (ainda que com o seu sémen, supõe-se) um bem maior na colheita obrigatória sobre uma incubadora quase sempre desconhecida, mas que, lá dá  ou já deu, os seus frutos, em regaço aberto de braços igualmente inocentes mas mui acolhedores do Cristianinho (Cristiano Ronaldo Júnior) a seus irmãos gémeos.

Eva e Mateo, ou seja, Eva Maria e Mateo Ronaldo, os nomes escolhidos em estranha originalidade e alguma confusão: (Eva, compreende-se; talvez em honra ou homenagem à primeira mulher da Terra, segundo os cânones católicos, mas já Mateo deixa-me reservas, pois que Mateus seria bem mais português e faria jus ao nosso vinho mais famoso do mundo, o Mateus Rosé...) mas enfim, isto sou eu que sou meio-maluca e continuo a acreditar que se deve continuar a legitimar os nomes lusitanos que não os anglo-saxónicos ou itálicos ou o que quiserem, numa miscelânea vulgar e sem ordem - ou sem base nem fundamento - para se chamar uma criança do sul da Europa com um nome nórdico impronunciável ou, um esquimó de Joaquim Manuel.

E como em tudo na vida há que haver bom senso e algum patriotismo, talvez o próximo rebento de CR 7 e de Georgina seja o de uma pacificação ibérica que traduza que também em tempos idos (não tão distantes assim...) as nossas infantas portuguesas casavam com os reis espanhóis e vice-versa; sem azo a grandes distúrbios fonéticos e onomásticos que atrapalhassem a verbalização ou simplesmente a distinção real de uma ou outra fronteira...

Quanto à prole de CR 7 estamos todos muito felizes; mais os portugueses que os espanhóis, pelos vistos, que continuam a sentir que ele é um estrangeiro, um forasteiro, um devasso e um matreiro que lhes rouba o Orçamento Geral do Estado (na pendente dívida fiscal ao estado espanhol que orça os 14,7 milhões de euros numa grossa fatia financeira) e lhes não dá cavaco no Facebook, apenas de quando se lembra de lhes recordar que é português e vai «encomendar» mais uns filhos...

Mas Espanha vinga-se. E humilha-o. Esventra-o no seu bem mais precioso em lazer e companhia: A família! E, invade-lhe o iate, com a família dentro, como se nele tivesse escondido o líder máximo do Daesh ou o Osama bin Laden reencarnado, ou talvez ressuscitado... como o Elvis...

A Autoridade Tributária de nuestros hermanos armada até aos dentes, revela-lhe que não está para brincadeiras e, tal como barão da droga ou perigoso assassino, procurado e perseguido pela Interpol, dá consigo nos tablóides internacionais além Ibiza ou Formentera, por meados de Julho, que isto de se defraudar as finanças não é para todos. E CR 7 suporta mais esta invasão. Entre outras que lhe vão surgindo, mediante as barrigas de aluguer que se lhe ressoam, acusações de fraude fiscal e o que mais aí virá, pois que é um português da Madeira que não foge mas também chora...

Quanto ao Fisco pouco há a rematar. Ninguém está acima da lei mas também não pode ser alvo de persecutória investida, caso se venha a comprovar a sua inocência. Quanto às barrigas de aluguer, a coisa é outra, nada nem ninguém o pode fazer mudar de opinião: «Mãe há só uma, a minha e mais nenhuma!» na sua módica opinião de que mãe só faz falta quando está...

Mas isto faz parte do mundo de Cristiano Ronaldo e só ele sabe ou pode dizer por que o faz, como faz e todas as outras razões por que se resume «fora da caixa» como agora se diz. Porém, em premonitório futuro ou visionário destino de origem embrionária e fetal, digo-vos eu, será muito provavelmente a fabricação/gestação de muitos dos seres humanos que irão povoar a Terra nos séculos próximos (não tanto em barrigas de aluguer, acredito, mas mais em incubadoras artificiais...) e aí, sem novidade, afronta ou agrura desses novos tempos, haverá quem lembre de quem o iniciou sem prestar contas a ninguém...

«Men`s Player of The Year, 2016/17»
Aos 32 anos, 32 lindas primaveras, como se diz no meu país (ainda que estejamos em pleno Verão), fizeram de CR 7 o Melhor Marcador da Champions, segundo a agência Lusa rematou à baliza online - com 12 golos em 13 jogos, atingindo um recorde de 106 golos no total das suas participações - para gáudio de todos os que amam Cristiano e até os que o odeiam, pois que isto tem as suas nuances e até contrariedades.

E mais vos digo: ou não fosse o Barcelona estar todo em guerra (o clube, ainda que a cidade não esteja melhor, infelizmente), e tudo isto é triste e tudo isto é fado ou flamenco, pois que por ora se baila em português que não em castelhano e, o tempo apesar de não ser de alegria, cantam-se as romarias de Agosto e as visitas dos emigrantes - e também as almas vivas (certamente vívidas) de quem sabe ser português, de coração e praça - sem o esquecer de bandeira empunhada, içada e hasteada, sobre sorrisos e muita luta ou labuta, pouca pacatez e alguma altivez, olé!

E sim senhor, são mesmo 32 anos de luta, de esforço e muita garra, mas também muita irreverência e alguma impulsividade nem sempre à prova de bala - ou de choque, segundo o que poderá acrescentar o árbitro empurrado por ele - e CR 7 não cala, não consente, e muito menos cria subserviência mesmo sobre quem lhe é superior ou acima de si está em lei e em grei de um outro país, de uma outra nação que não a sua, mas, aonde tem obrigações fiscais. E se é ou não perseguição, só Deus o saberá...

Eleito pela terceira vez como «O Melhor Jogador de Futebol» pela UEFA (além de designado como o melhor avançado da época, em que ajudou a equipa espanhola a conquistar a Liga dos Campeões), Cristiano Ronaldo terá, porventura, um lugar no Céu ao lado dos melhores craques do mundo até hoje (além o do seu próprio pai que sempre o vigiará e conselhos lhe dirá). Mas, acima de tudo isso, terá supostamente o sorriso, o beneplácito e a medalha da Ordem de Cristo dados pelo nosso primeiríssimo Rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, assim que este pisar o Éden Prometido...

Todavia, isso ainda vem longe por muito mérito e garbo que CR 7 possa ter e, inquestionavelmente merecer, como é óbvio. Deseja-se-lhe longa vida e mais não poderá ser. Dos fracos não reza a História. Dos que silenciam injustiças mas praguejam de entre portas - portuguesas ou espanholas, catalãs ou castelhanas, lusitanas ou madeirenses - também não. A verdade e a justiça têm sempre de ter retorno, andar de mãos dadas e, se possível, ser imediatas; doa a quem doer!

Por ora, a UEFA (União das Federações Europeias de Futebol) cumpriu o seu mandato em honra e préstimos sobre Cristiano Ronaldo mas também sobre o veterano Buffon (guarda-redes italiano Gianluigi) que foi considerado por esta organização europeia de futebol, como o melhor guarda-redes na época de 2016/17. E, sem esquecer o espanhol Sérgio Ramos e o croata Luka Modric, designados respectivamente como o Melhor Defesa e o Melhor Médio (em termos futebolísticos) de 2016/17, aqui vai a minha homenagem; eu, uma simples adepta, anónima, mas com um sentido mui apurado de justiça nestas coisas do Futebol Masculino. E mais não há, a não ser: Parabéns a Todos!

E Obrigado, UEFA, por mais esta abençoada consagração a quem diariamente faz do Futebol a sua profissão, a sua subsistência (e toda essa fulgurante assistência em seu redor), mas também a perdição ou vulgar rendição de tantos que os seguem, que os amam e glorificam, aos gladiadores desta nova era de bola nos pés e muitos adeptos, que quase ensandecem nos bons ou maus momentos das suas equipas e dos seus heróis na relva; e lhes perdoam certas faltas... dentro, ou fora de campo... dentro, ou fora das suas vidas... Obrigado, UEFA!

domingo, 20 de agosto de 2017

Thistlegorm

Memórias do Mar (VI)

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Réplica de Nau Quinhentista fundeada em Vila do Conde, Portugal. O que nos resta da História dos Descobrimentos em enganos e lamentos, deturpações e outras sonegações, que tantos outros cometem por interesses vários de nunca se saber de toda a verdade...

«Assim fomos abrindo aqueles mares, que geração alguma não abriu.»
                                                            - Luís Vaz de Camões -

O grande paradigma forjado de verdade, do não menos grande paradoxo de quem de facto descobriu a Austrália, sendo para muitos de nós, talvez, um dos maiores mistérios se não a grande verdade oculta, para muitos escondida e devassadamente penhorada, de muitas outras razões que se perdem na História...

John Bull (James Cook) ou Cristóvão de Mendonça, eis a questão. Aprofundada e sobejamente analisada por alguns (em particular, o australiano Kenneth Gordon McIntyre, no seu impressionante livro: «A Descoberta Secreta da Austrália») em que se demonstra documental e copiosamente todas as argumentações possíveis na autenticidade desta descoberta ter sido de origem, ordenação e coroa portuguesas. E de um reino, de Dom João III que tudo sabia mas não dizia.

E se alguns o contradizem, muitos ainda que se não demitem de evocar uma verdade que só deles é, apenas estará, porventura, a camuflar essa mesma verdade, adiando-a, procrastinando-a sem qualquer empenho ou salvação, pois que, tal como o azeite, acabará por à tona sempre vir...  seja lá em que mês, ano ou século forem... Um dia o saberão!

Mais que peleja ou mais que inveja, na posse desapegada do que foram esses homens por esses mares fora e de lá não voltaram, por outros que ficaram, sobre a terra e sobre o mar - da costa australiana - e mais tarde a Lisboa rumaram sem nada confessarem, sem nada deixarem escapar de tão belas praias que ninguém jamais houvera visto, houvera tocado ou assim desejado, em tão mar azul ou em tão vasto território...

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Austrália ou continente australiano em toda a sua pujante geografia e posição capital extraordinária na Oceania. Território extremamente extenso, sendo recortado pelo Trópico do Capricórnio.

O silêncio por um tratado...
Austrália: como não ter sido descoberta pelos Portugueses...? Como não reconhecer historicamente o que há muito se apela e desdobra em provas documentais - reias e fidedignas - de toda uma diversificada e factual aferição sobre o que, em tempos idos, na era quinhentista, os portugueses influenciaram sem que nada se soubesse então?!

E o porquê deste silêncio amórfico, quase patológico, agora que são passados cinco ou seis séculos após tão novos factos e artefactos da passagem dos portugueses por uma terra que antes de ser de Sua Majestade, a rainha Isabel de Inglaterra, seria a de um outro rei, seu amigo de longa aliança? E destes novos tempos em novas averiguações e, conclusões, o porquê da não inversão dessa tão ignóbil e irreversível pugnação de ter sido James Cook o seu descobridor...???

Se fomos até Goa e Macau, Moçambique e Timor e além mais, da China ao Japão, por que razão não teríamos alcançado o continente australiano, ali tão perto, ali tão soberbamente inviolado, pejado de todas as coisas imberbes, naturais, caprichosas de serem tomadas, desejosas de serem faladas, ainda que não tão devassadas quanto o foram as Índias Ocidentais da época; por que teriam os portugueses negligenciado aqueles ventos, aquelas marés, que os levaram até essa outra terra desconhecida...???

E se não fosse por ensejo ou fastio (ou outros mais arqui-desígnios geo-estratégicos políticos em alto secretismo, em alta confidencialidade, de se não tomarem terras que lhes não fossem prioritárias ou licenciadas por outros reinos, como o de Castela) desse nosso rei e senhor, El-Rei de Portugal, Dom João III (1521-1557) o ter sabido, o ter investido, mas nada desse local se ter sabido então.

E tudo teria sido mais limpo, mais transparente como as águas desses mares e dessas costas australianas, não fora o ter-se tomado de juras e cumprimentos por, um mui rigoroso e veemente tratado - Tratado de Tordesilhas - definindo-se meridianos e pertenças e tudo ter ficado, depois, turvado e mal explicado ou apenas sonegado a quem de direito. E de quem seria esse direito...???

E que juras foram essas, sobre a honra dos reinos e sobre o Papa de então e todas as coisas fiéis, mandatadas de palavra e coroas - portuguesa e espanhola (entre os reinos de Portugal e Castela) - no célebre Tratado de Tordesilhas, assinado indelével e inexcedivelmente em 7 de Junho de 1494, das duas partes; ou rectificado em 2 de Julho de 1494 por Castela. Ah, se se soubesse no que mais tarde se emparedava de tanta polémica, de tanta mestria (ou somente secretaria, de ganhos e aforismos), de séculos vindouros em verdade escondida, em mentira havida...

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Mapa de então. Mapa da Austrália ou Mapa de Dieppe, ou seja, um dos que fazem parte de um grupo de Mapas mundiais franceses do século XVI, que retratam uma grande massa terrestre entre a Indonésia e a Antárctica (denominada então «Java la Grande»).

Austrália: A Teoria da Descoberta Portuguesa!
Banhada ao sul e a oeste pelo Oceano Índico, a noroeste pelo mar de Timor, e a leste pelos mares de Coral e da Tasmânia, qual o motivo ou força maior (supostamente por imposição e alvitres reinantes de um rei português sobre suas razões de cariz geo-político de Portugal sobre Castela) que terá feito calar esta descoberta...???

Insta-se para já, segundo esta reverenciada teoria da Descoberta Portuguesa da Austrália, que terão sido - Os Portugueses! - os primeiros navegantes a terem descoberto este distante e mui distinto território da Oceania, assim como os primeiros europeus a visitá-la por meados de 1521 e 1524 (e muito antes da chegada do navegador holandês, Willem Janszoon, em 1606).

A presença de colónias portuguesas no Sudeste Asiático a partir do início do século XVI (em particular sobre a região portuguesa de Timor), torna-se por demais evidente - ou mesmo vinculativas as ideias e as certezas - de que foram os portugueses os descobridores da Austrália; tanto nos relatos encontrados como nas evidências do que por lá deixaram; e isto, numa zona de aproximadamente 650 quilómetros da extensa costa australiana, por meados de 1513-1516.

Várias antiguidades, relíquias e muitos artefactos foram então encontrados ao longo dos séculos nas costas australianas; factos e artefactos que incentivam os historiadores e mesmo alguns arqueólogos marinhos/subaquáticos a designarem-nos como salvados de origem portuguesa em registo irrefutável de navegantes e naus deste reino sobre este imenso continente (que continua, ainda hoje e, enfaticamente, a acreditar numa imbecil meia-verdade ou jocosa mentira sobre quem foi verdadeiramente o seu descobridor...). Mas um dia tudo se saberá, acredita-se!

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Réplica da caravela Vera Cruz. Caravela das épocas quinhentista/seiscentista (século XV e XVI), que ainda hoje nos fazem sonhar por tão belas serem, mesmo que frágeis e pouco consistentes com o que o mar lhes aguardava. Fortes os marinheiros de então, heróis sem nome mas de grande coração e encorajamento, ou nada se teria descoberto (mas não revelado) sobre terras que de outros eram...

Impere-se a Verdade!
«Assim fomos abrindo aqueles mares, que geração alguma não abriu.» - Luís Vaz de Camões.

 A citação é do nosso maior cronista ou escritor, poeta e trovador Luís Vaz de Camões que tudo nos ensinou, fazendo visualizar os tão grandes feitos portugueses de aquém e além-mar através dos Lusíadas, a sua mais icónica obra que é também de todos os portugueses e do mundo. Mas esta citação em particular, está agora bem patente numa inscrição sobre um padrão português que foi oferecido pelo Governo de Portugal, à cidade australiana de Warrnambool.

Inaugurado a 25 de Fevereiro de 1990, ao som de danças e cantares folclóricos portugueses, ele é a face mais visível de uma lenda que diz ser português o casco de um navio avistado e, seco, na baía de Armstrong, há quase 200 anos - a oito quilómetros de Warrnambool, no estado de Vitória, que tem como capital Melbourne, na Austrália.

Tal descoberta provaria ainda que, os Primeiros Exploradores Portugueses Europeus a chegar a estas costas australianas, teriam sido sem sombra de dúvida, os Portugueses, no início do século XVI. Para quando a rectificação ou verdade histórica reposta? A quem cabe tantos interesses que se não saiba da verdade...? E porquê???

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O Padrão de Warrnambool, oferecido em 1990, pelo Governo Português de então.

A Investigação de McIntyre
O Australiano - Kenneth McIntyre é o grande defensor da tese que atribui a descoberta da Austrália a uma armada de três navios portugueses comandada por Cristóvão de Mendonça e que aqui terá chegado por volta do ano de 1522. A árdua e séria investigação de McIntyre prova, acima de tudo, que nada está confinado a uma só verdade, pois que tem o mérito com toda a honra e análise, reiterar que os Portugueses foram os descobridores deste grande continente.

Admite assim que, oficialmente, o capitão português terá saído de Malaca (provavelmente em finais de Dezembro de 1521), para demandar a ilha do Ouro. Um paraíso onde se dizia que, os indígenas, trocavam panos por grandes quantidades do precioso metal amarelo e que as crónicas situavam cerca de 500 milhas a sueste de Sumatra. Contudo, a verdadeira missão de Mendonça seria altamente secreta, consistindo sim em descobrir mais terras, já que havia dúvidas quanto ao meridiano de Tordesilhas a oriente...

Para o investigador australiano (assim como para alguns portugueses), parece praticamente impossível que os Portugueses se tivessem contentado em parar por Timor. É quase tão mau quanto - metaforicamente ou não - o morrer-se na praia... Ou seja, sem que estes tivessem havido a habilidade, mesura ou intuição pouco audaz de se não fazerem atravessar as 285 milhas de mar que os separavam da Austrália. Reza a lenda que terá sido um desses navios que encalhou nas areias da baía Armstrong...

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Inscrição nesta lápide de pedra em registo da passagem dos portugueses pela Austrália: «In 1847 There were found on this site in Limeburner Bourchier`s  kiln fifteen feet below the surface of the ground the Geelong Keys (...)».

O que por tradução mais abrangente se pode concluir de que no ano de 1847 foram descobertas evidências (15 pés de forno, encontrados sob a superfície, ou abaixo, no chão) as chaves de Geelong (...)».

Apesar de não distinguível em toda a sua mensagem, esta inscrição revela o quanto está presente nos australianos a referência sobre o capitão português - Cristóvão Mendonça - que ali terá chegado por volta do ano de 1522. E, além do mais, a premente ou quiçá pertinente questão sobre a verdadeira origem (que além os tempos se vem conjecturando mas sem a primazia de se apresentarem novas referências ou conclusões, insinua-se) sobre se, os australianos têm como origem os ingleses, os portugueses ou quem mais...???

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Nau quinhentista (réplica): Terá sido assim a nau perdida da lenda ou verdade esquecida sob os mares da Austrália, no «navio de Mogno» que um dia se avistou e depois se tornou a perder...? Quem o saberá dizer...?

A lenda do «Navio de Mogno»
O «Navio de Mogno» é assim conhecido pelo baptismo de fogo do seu descobridor, o capitão baleeiro John Mills que, entre 1843 e 1846, inspeccionou os seus restos por duas vezes; pena é que não houvesse na época uma análise mais profunda - em registo e em decoro científico - pois que hoje não seria mera especulação ou lenda-fantasma este navio ter de facto existido...

Nessa sua demanda de averiguação pessoal sobre aquele navio, John Mills, ao tentar cortar um bocado de madeira do casco, a lâmina do seu canivete partiu-se, levando-o a registar deste modo e por suas próprias palavras o seguinte: «As madeiras do navio, tanto na cor como na dureza, não parecem ser muito diferentes do mogno...».

Até 1880, os restos do «Navio de Mogno» foram avistados mais de quarenta vezes - 27 das quais oficialmente registadas, o que perfaz um manancial sobejamente fiel de testemunhos e factos que assim o comprovam. Sabe-se também que, a partir dos documentos entretanto estudados e criteriosamente analisados, se provou que as descrições coincidiam quanto ao tamanho do casco, posição e tipo de navio.

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O «Navio de Mogno» ter-se-à vislumbrado por meados de 1843-1846 pelo capitão baleeiro John Mills; todavia, não havendo imagens ou esboços que o defina, só a nossa imaginação o poderá atenuar, no que em imagem actual de destroços de um navio igualmente sem grande sorte ou destino, restabeleceu assim a margem para o relembrar sem outra margem para tal assegurar...

O que o Mar nos devolveu...
Em meados de 1847, a cerca de centena e meia de milhas dali, por onde se observou os restos do «Navio de Mogno», na baía de Port Philip, foram encontradas cindo chaves, entretanto desaparecidas, e que se estimou terem mais de 3 séculos! Outros o afirmam em 15 chaves, como o aqui registado e já referenciado na lápide em que se distingue o nome do capitão Cristóvão de Mendonça; ou ainda, uma outra, em comemoração e homenagem aos Descobridores Portugueses, em Warrnambool, no estado de Vitória. Como Austrália nos parece agora tão pequena ou tão próxima de nós, portugueses...

E se os mistérios não acabassem aqui, poderíamos acrescentar ainda que mais haveria que a História nos esconde em solicitação e muita investigação por certo. Mas há que o dizer também de que, pura e simplesmente, a História (dos navegadores) se não redimiu de outras lendas, outros contos que o não são, mas, apenas verdades enterradas em lugares por onde andámos e há muito fomos...

E sem mistério, ou parte dele desvendado, poder-se-à encimar que a Presença Portuguesa foi rainha e beleza, foi cimeira e pioneira, foi tudo o mais que se possa imaginar naquelas paragens, já que, os Ingleses, só chegaram àquela baía apenas em 1802!

Em relação ainda ao «Navio de Mogno», por finais do século XIX, o casco naufragado acabou por desaparecer, mas a lenda manteve-se bem viva, transformando-se então num ex-líbris da cidade.

Uma das atracções de Warrnambool é a réplica de uma nau em tamanho natural, plantada mas mui avantajada de sua total beleza, em frente do restaurante McDonald`s. Sabe-se que, a entidade responsável pelo turismo local, não teve assim qualquer dúvida em aproveitar o «Navio de Mogno» para fomentar as visitas à cidade e aguçar dessa forma a curiosidade tanto de visitantes como de historiadores que teimam em querer saber mais sobre as suas origens. Premeia-se tal!

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Réplica do hipotético mas mui verosímil agora, Navio de Mogno actual, navegando em águas australianas para gáudio e boa-ventura de quem nunca se esquece das suas raízes...

Em busca do «Navio de Mogno» perdido...
Em 1992, terá sido anunciado um prémio de 250.000 dólares para o felizardo que encontrasse os restos do famoso navio, numa estonteante e quiçá fantástica (mas soberba também!) caça ao tesouro em busca do navio perdido. É certo que a corrida não se fez esperar; no entanto, o mistério persiste.

Há quem diga que o navio se encontra enterrado na areia, numa profundidade de 12 metros, mas também há quem defenda que ele se encontra no mar, uma vez que nos últimos 100 anos, este conquistou mais de 70 metros de orla marítima em invasão territorial desmedida.

De qualquer maneira, as buscas continuaram. Ao que parece, na zona já foram abertos mais de 400 buracos. Vazios, infelizmente.

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UNESCO: o que então se determinou sobre os caçadores de tesouros não seus...

Mergulhar à luz da Lei!
Sabendo-se que os Estados-nação são sempre por ordem, regra e lei os proprietários de todos os bens adquiridos sem proprietário conhecido, uma vez que localizado e capturado por qualquer mergulhador - profissional ou não - esse património marítimo ou subaquático não será seu. Sendo que, terá obrigatoriamente de o comunicar à estância aduaneira ou órgão local do sistema de autoridade marítima, com jurisdição sobre o local do achado (ou a qualquer outra autoridade policial ou directamente ao Instituto Português de Arqueologia, no caso de Portugal).

Tendo-se trabalhado arduamente na elaboração da Convenção para a Protecção do Património Cultural Subaquático (aprovado em Novembro de 2001, em Paris, durante a 31.ª Conferência Geral da UNESCO), houve a necessidade de se aprovar um conjunto de normas internacionais, tendo por objectivo a salvaguarda da exploração comercial do património submerso, tendo em conta também as pilhagens, o saque e toda a avassaladora circunstância dos «caçadores de tesouros».

Todos os artefactos encontrados ou património cultural, histórico e arqueológico que estejam submersos, em águas territoriais nacionais mas também internacionais, registam um código mundial encimado pela UNESCO com o objectivo e finalidade da protecção dos mesmos. Uma destas normas impede, em absoluto: «Toda e qualquer comercialização nos seus países, assim como a entrada de objectos ou artefactos exportados ou recuperados ilegalmente». E isto, em todos os países subscritores da Convenção.

Outros haverá que tentam, por todos os meios, prevaricar e tentar passar alguns destes artefactos, no que o policiamento à escala planetária terá de ser feito e bem conduzido, ou então de nada valeram estas meras intenções...

Muito há ainda por fazer, segundo altos responsáveis do CNANS (Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática, de Portugal); no entanto, ter-se-à caminhado no melhor sentido para que de futuro mais países possam aderir - até pela razão da sua própria preservação de achados subaquáticos não lhes serem igualmente pilhados ou devassados nessa contenda.

A «simples» aprovação deste documento, todavia, é considerada pelos investigadores como uma das principais conquistas que marcaram o final do milénio (do século XX para o XXI), assim como, um importantíssimo instrumento-guia para as futuras políticas sobre Património Cultural Subaquático.

Aplaude-se tal! E, tentando que o mesmo germine nos países que ainda possam não ter subscrito esta Convenção, o venham a fazer, a bem de uma mais saudável e íntegra recolha de bens culturais - e no fundo da global cultura patrimonial de todos nós - do que ainda dorme nos nossos mares. Assim seja!

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Spanish police kill five after Barcelona van attack | World

De Luto; por todos!


Pray for Barcelona; pray for all (Orem por Barcelona; orem por todos).


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De Luto; pela Catalunha, por toda a Espanha e por todos nós, em qualquer parte do mundo, em qualquer local ou origem a que pertençamos, ou em que soframos as abomináveis punções de sangue, dor, e morte por coisa nenhuma...

Desconsolat (de Luto, em catalão)
Barcelona chora os seus mortos; que são os nossos mortos, todos os mortos do mundo, todas as vítimas mortais que o terrorismo colhe em toda a sua pujante carnificina de crimes hediondos, crimes contra a Humanidade!

Estamos de luto, todos. É um facto. Por todas as ocorrências que nos enlutam, que nos envergonham ou simplesmente que nos demitem de responsabilidades ou nem tanto. Pelos acidentes, pelos incêndios, pelas inundações e por todas as agruras que a Natureza nos manda mas, acima de tudo, pelas ocorrências que se reflectem por mão humana assassina.

Se a minha alma chora com os habitantes e visitantes da ilha da Madeira na tragédia quase sempre não-anunciada (ainda que perspectivada por alguns), de doentes árvores centenárias, de carvalhos podres, moribundos, que se abatem sobre a sua população em terrível acontecimento pontual que ceifa a vida de gente inocente, que dizer das inundações na Serra Leoa, das monções no Nepal, de outras gentes e porventura outras almas que nada fizeram - ou mereceram - para que sobre si se imperem os dilúvios de um Deus zangado ou há muito retirado das glórias e clemências humanas em desrespeito ou cumprimento de uma qualquer catarse cósmica que Lhe tenham feito cumprir...

O Mundo está de luto mas também em luta! Com os homens, com a Natureza, com as alterações climáticas e com a política em geral, com Trump (América) e Putin (Rússia), com Kim Jong-un (Coreia do Norte) ou até mesmo com Dalai-lama (Tibete) devido à sua eterna e complacente passividade ou crença igualmente imortal de ainda acreditar nos homens e mulheres da Terra...

Somos imperfeitos; somos do mais irracional que existe à superfície ou à subterrânea catacumba da natureza humana, sob todas as circunstâncias menores que se não compadecem com litígios ou gritos endurecidos, motivados pela fúria ou apenas pela dor momentânea mas, existencial, de quem se vê morrer sobre o asfalto e sobre a terra de ninguém. Sobre a terra que Deus nos deu para viver e morrer.

Somos do mais impiedoso, inescrupuloso ou rancorosa excrescência mental e cognitiva de todos os horrores, de todas as maleficências, só para que se divulgue, estimule ou propaguem as crenças e descrenças de certas ideologias, de certas manias ou doentias pragas deste novo século em derramamento de sangue - e morte - por exigências mórbidas de um deus que jamais conheceremos ou desejaremos acolher em nós, que jamais se representará por um palco de destruição humana e caos revelados em qualquer chão (ibérico ou não) de elevada punição.

Hoje, Barcelona; amanhã o que virá...? Onde, quando e como...? E o porquê de tudo isto; o porquê das coisas malditas em uso e abuso de automóveis, furgonetas, camiões, barcos ou aviões (a imaginação demoníaca não tem limites!) no que ainda se verá mais, por este mundo fora, de um sempre acérrimo e desvirtuado terrorismo que suplanta tudo e todos na sua mais execrável contaminação, nunca explanada de misericórdia, contenção ou perdão por pecados seus?!

E que pecados são os nossos só por se querer viver em liberdade, em democracia, em não malfazia de outros tempos, outras peregrinações que hoje não entendemos...?! Que pecados podem ser esses que nos querem remeter, que não cometemos ou nem sabemos haver, ante tamanha perseguição aos infiéis (sobre todos os que os contradizem), em total submissão, perversão ou inversão de valores...?

E estes, deturpados, conceptualizados até às mais altas instâncias de uma aliança congenitamente malformada, perturbada e arreigada desses outros valores ou princípios que o não são, que se não legitimam na condição humana de se fazer sofrer para a causa engrandecer, matam-nos, a todos! E se pensam que a causa floresce, engravida e se multiplica, desenganem-se: Definha! Ah, como definha! Só eles parecem não o saber...

É nisso que temos de acreditar, pois se ainda há califados por conquistar, haverá outras almas por purificar, se não nesta noutras vidas; mas nunca as que estes usurpam por sombras de um passado há muito extinto.

E não haverá religião, suporte ou ambição que lhes não vede a odiosa condição de se fazerem passar por justiceiros, recaindo sobre eles mesmos essa justiça dos homens, pois que Deus, o nosso Grande Deus do Universo também os olha, observando o que de mal Ele fez nos homens que criou em adversa e continuada anomalia de almas que o não deveriam ser; para esses, Deus não dormirá e um dia os recolherá no seu seio dormente mas sempre presente, de lhes fazer ver quão errados estavam.

Ah, como estavam! Oxalá Deus os acorde desse limbo, dessa imperfeição, e os renove em sublime reencarnação, fazendo restaurar ou recuperar as vidas que outrora tomaram, que outrora coarctaram a uma vida que lhes era devida. Que Deus assim o sinta. E oxalá assim seja! Ou a justiça divina se não cumprirá jamais...

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

MARS [NEW!!!]Constellation(DEFUNCT)/SLS : Manned Mission to Mars/ SLS AR...

Piratas das Caraíbas: Homens Mortos Não Contam Histórias - NOVO Trailer ...

Memórias do Mar (V)

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Pirataria no Mar: roubos, violações e mortes; além a indissociável maldade ou, horrífica verdade, contada não pelos mortos mas pelos que ficaram, estropiados e devassados por todas as indignidades possíveis e inimagináveis num tempo de vasto canibalismo e outras histórias trágico-marítimas que aqui se documentam, sentindo-se ainda o sabor a sangue, o sabor a morte, misturados ambos com o sal do mar...

«Foram comidos escondidamente, muitas vezes de noite, pelo arraial, muitas espetadas de carne que cheiravam excelentíssimamente a carne de porco (...). E conhecendo eu o que era carne humana, me fui e dissimulei com eles».

                                          - Relato de: Francisco Vaz de Almada sobre a desesperança e sobrevivência dos marinheiros portugueses na tortuosa e mui longa epopeia marítima até Sofala -

Todos os povos que navegaram pelos mares de outrora o souberam e jamais negaram, por muito que se sentissem humilhados ou retalhados na sua alma de homens do mar, homens de barba rija e modos austeros, ainda mais severos, ímpios, que os desmandos decretados pelo mar nas suas ensandecidas marés ou das vagas que as compunham.

Os Portugueses conheciam-na bem: à dor maldita e enfezada do escorbuto mas pior ainda, da dentada incrustada nas entranhas da fome e da punição de um chicote permanente que antes de perfurar pulmões, atiçava a carne e a alma quase desencarnada num excruciante horror que a todos depunha.

Poder-se-ia fugir às naus d`El-Rei e Senhor de Portugal? Jamais! Eram dados como desertores, vermes prevaricadores do Reino de Sua Majestade e, tal como tantos outros, viessem os infernos das masmorras e das infectas celas do Rei - que não as dos mares de outros estupores que a morte cercava e não saciava - se não pela intempérie, pela dos seus companheiros igualmente insaciáveis de outras fomes, outras dores...

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Mapa histórico da ilha de Moçambique. « Em este lugar e jlha a que chamão Mõcobiquy estava huñ Senhora que elles chamavam Colyytam que era como visorrey o qual veo aes nosos navios por mujtas vezes com outros seus que com elle vinham (...)». Em tradução: «Em este lugar e ilha a que chamam Moçambique estava um senhor a que eles chamavam sultão, que era como vice-Rei, o qual veio aos nossos navios por muitas vezes com outros seus que com ele vinham».

A Longa Caminhada Marítima
Sabe-se ou intui-se talvez, a longa caminhada marítima perpetrada por portugueses na época quinhentista dos Descobrimentos. Mas, intui-se também, a já irrefutável teimosia (endémica neste povo do sul da Europa), alada a uma incisiva genética dos navegadores lusitanos nesta genealogia fantástica - em herança na maior parte das vezes, que não em proventos outras vezes - de toda uma não menos exultante História trágico-marítima que ainda hoje nos corre nas veias.

E desta História, de sabor a sal e a lágrimas de Portugal e dos Portugueses, nem toda foi ou nem toda se conta de alto gabarito antropológico, se se tiver em conta a insinuada evolução (ou mais exactamente atribulação), a bem dizer, da sobrevivência ou mera consciência de se fazerem viver, para mais tarde não contarem mas antes esquecerem do que então por lá viveram...

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Representação das costas de Sofala, Moçambique e ilhas, na representação marítima da navegação portuguesa por terras do Índico, de Moçambique (África) até à Índia. Mapa de Jan Huygen van Linschoten (1563-1611).

Os Portugueses de aquém e além-mar, de tempos idos e outros provindos (poder-se-à futuramente reconhecer), souberam-no confraternizar mas não amenizar, não sem antes muitos acontecimentos ocultarem, até ante os seus próprios olhos ou memórias de um mar nem sempre benigno nem sempre soalheiro. E de tão matreiro ser, ficou-lhes a desesperança no olhar mas nunca na certeza de um dia poderem voltar...

E já em terra firme, os que lhe sobreviveram, a esse indómito mar, vão ainda a contragosto sentir-lhe esse outro gosto, esse outro sabor - que sabia a fel e a doce churrasco - na azeda ou contranatura contradição que lhes foi salvadora, do que lembram da insidiosa degustação dos restos dos seus irmãos por um tão ranger de estômago e aflição de, não serem eles, os próximos a serem «provados» ou simplesmente degustados...

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Mapa de 1595 (século XVI). Referenciadas ilhas e a capital portuguesa das Índias Orientais. Mapa da época registado - in Itinerário, viagem ou navegação de Jan Huygen van Linschoten.

Muitas outras representações de van Linschoten que evocam as costas do país chamado «Terra do Natal», assim como todas as costas de Sofala, Moçambique, Melinde e da ilha de São Lourenço, com todas as suas ilhas (desde Maldiva até à ilha de Ceilão, e o cabo de Comorim, situado na costa da Índia), em que se define a extensão e a situação fiel das mesmas, tudo muito correctamente, segundo os melhores roteiros e cartas orientais, revisto e corrigido. Todo este espólio cartográfico deixado por Jan Huygen van Linschoten encontra-se exposto no Museu Marítimo de Roterdão, na Holanda/Países Baixos.

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O suplício da nau São João Baptista, em 1622, em que nem o nome bíblico, associado às tantas dores havidas por parte da sua tripulação, amorteceriam estas; já não bastava o negro período da dinastia Filipina, em Portugal, no seu reino de destino e chegada, quanto mais o não se ver o mar de Lisboa e ficar por tão longe e tão perto de nada...

A Nau São João Baptista e o seu infortúnio...
Estava-se então em 1622 sob a égide da nau São João Baptista com uma investidura humana de 280 almas de marinheiros portugueses (e não só!) que, pela honraria e préstimos ao Senhor e El-Rei (agora) de Portugal, na dinastia filipina - Filipe III (IV de Espanha, no mais odioso reinado sob a custódia espanhola de 1621-1640, aquando a independência de Portugal)), houvera zarpado no belo dia de 1 de Março deste épico ano de 1622, de Goa, na Índia, em destino para Lisboa (Portugal) onde jamais chegariam...

E se os sons eram de revolta no reino (Portugal), nas naus e nos mares do Oriente, não o seriam. E sendo-o, eram de imediato silenciados. Com a morte! Simplesmente pela razão de outros ventos, outras marés e outras enquistadas turbulências como a que se veio a registar na grande massa humana em naufrágio e, sequência, naquele supliciante dia de São Jerónimo de 1622, em que os homens até rezaram e chegaram a dar graças aos céus por se encontrarem tão perto de uma praia de areia onde pudessem desembarcar. Se foi graça ou não, a História hoje o julgará...

Sabiam que as redondezas escondiam perigos insondáveis, segundo nos confere o espólio agora apresentado e adquirido por Francisco J. S. Alves  - alto responsável do CNANS - que prestigiosamente assim o recolheu em depoimentos e documentação por si observados e anotados (na grande quantidade de dados acumulados nos arquivos e bases de dados do Inventário Nacional do Património Náutico e Subaquático da Carta Arqueológica de Portugal, geridos pelo Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática de mais de 6000 registos), além a documentação histórico-científica que aborda todos estes relatos. Mas continuando...

Apesar desses insondáveis perigos, tudo lhes parecera melhor, a toda a tripulação da São João Baptista, do que ir a pique, ao fundo, com a nau. Até os cerca de 1700 quilómetros a pé que teriam de percorrer para alcançarem Sofala, onde apenas 31 náufragos iriam chegar com vida. Sobreviver era uma força contínua e assim teria de continuar a ser, aventa-se.

Com Pêro de Morais Sarmento por capitão, a sua nau tendo largado de Goa com destino a Lisboa, na companhia de três outros navios, vinha demasiado carregada (o que já vinha sendo hábito infelizmente...) e deveras mal preparada para a viagem: As bombas de água eram pequenas, próprias de um galeão e não de uma nau; o leme tinha já pertencido a outro navio e há dois anos que se encontrava abandonado na praia. Armada com apenas 18 peças de artilharia, faltavam ainda munições e pólvora, caso fosse preciso dar batalha a algum inimigo.

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A Batalha que durou 19 intensos e sangrentos dias... mas que não faria esmorecer os homens de grande garra e muitas honras de se não verem morrer às mãos de outras ondas, outros piratas...

A Trágica Epopeia
Depois de 20 dias de viagem, já a nau metia muita água, que foi necessário ir despejando com o auxílio de barris. Depressa perdeu de vista o resto da armada. E como um mal nunca vem só, a 19 de Julho, por alturas do cabo da Boa Esperança, o nascer do Sol revelou duas naus holandesas pela proa.

O Combate, segundo o relato de Francisco Vaz de Almeida, durou 19 dias, de Sol a Sol, deixando a São João Baptista em estado miserável. Sem leme nem mastros e a meter água mais depressa do que era possível despejar, nada se augurava de bom. O tempo também não ajudava. Naquela altura do ano e por aquelas latitudes fazia frio e chegava a nevar, o que causou a morte a muitos dos escravos que seguiam a bordo.

Quanto às Naus Holandesas, o mau tempo acabaria por afastá-las, deixando a São João Baptista à mercê das correntes e dos ventos. Levantaram-se madeiras a fazer de mastros provisórios e a bordo fizeram-se procissões e pediu-se penitência pelos pecados.

Parecia não haver salvação quando, a 29 de Setembro, se avistou terra, finalmente. Encontravam-se algures na costa Sul-Africana do Natal, entre o cabo da Boa Esperança e o cabo das Correntes. E começava aqui uma das longas marchas de sobrevivência na História Marítima Portuguesa.

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Há quem afirme que: «Homens Mortos não contam Histórias» como, na saga cinéfila dos Piratas das Caraíbas mas que, todavia, ressuscitados ou reencarnados numa outra história, haveriam de dizer de sua justiça em ombreira ou costumeira afiança de vidas desembainhadas sem grande serventia...

Facadas e outras serventias...
Sabe-se que o Desembarque dos Náufragos não começou da melhor maneira. O capitão Pêro de Morais Sarmento ainda teve de matar «às facadas» um tal de Manuel Domingues, que substituíra o mestre da nau, morto durante o combate com os Holandeses.
Domingues, ameaçando com um motim, tinha proposto a Morais Sarmento colocar em terra apenas 30 homens armados, deixando as outras duas centenas de almas à sua sorte.

Desembarcar 279 pessoas e toda a restante mercadoria levou quatro dias de intenso tráfego em suor e possivelmente muitas lágrimas (escondidas!) pelo que supõe. E, durante um mês e meio, ali levantaram acampamento preparando-se para o árduo caminho que os devia levar ao longo da costa até Sofala, onde os náufragos esperavam arranjar transporte para a ilha de Moçambique.

Entrincheiraram-se, ergueram choupanas e uma igreja «coberta com velas, forrada toda por dentro com cobertores da China, bordados de ouro e de muitas outras peças ricas, de modo que toda estava cosida em ouro», e onde se celebravam 3 missas por dia!

Pêro de Morais Sarmento mandou queimar então a nau, já sem serventia, e que «a pedraria toda que na nau vinha se metesse em uma borçoleta».
Os «Cafres, mais brancos que mulatos, homens corpulentos», não lhes deram grandes preocupações. Aos nativos compraram vacas para o sustento e para transportarem carga na viagem. A 6 de Novembro, finalmente, puseram-se a caminho.

No dia seguinte, um grupo de nativos roubou-lhes as vacas e ficaram a saber que só dali a dois meses de marcha encontrariam outras para transportar as mercadorias e os mantimentos, que a partir daquele momento, não tinham outro remédio senão carregar às costas.

Esperava-se uma paisagem deserta, dias de fome, doença, roubos, enganos e castigos de morte. Alturas houve em que não tinham mais nada par comer senão alforrecas ou vinagreiras. Daí que não desperdiçassem, os homens, a carne de branco ou negro que morresse ou se matasse. Tempos mui duros, acrescente-se!

E o melhor exemplo disso, ainda que tétrico e pouco pormenorizado ao que se consta, o de um jovem português que o capitão mandou enforcar por andar a roubar comida, ou os três negros que não chegaram a estar na forca até ao fim da manhã, ao que nos relata em desvirtuosa descrição, Francisco Vaz de Almada que afere estes terem sido comidos escondidamente...
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Canibalismo ou pura sobrevivência de quem nada tinha para comer...? Distintos e longínquos são hoje os tempos ou nem tanto assim, para quem sofrerá de iguais agruras atempadas num espaço perdido mas, identicamente destemperadas de um maior raciocínio ou lógica de quem só quer sobreviver...?!

Por fim, Sofala!
Subiram serras, atravessaram rios e, a 2 de Fevereiro, dia de Nossa Senhora das Candeias, ainda faltavam 5 meses de marcha, pressupondo-se esta, uma terrível e longa procissão em agonia e quase maldição por parte de todos.

Homens, Mulheres e Crianças já tinham ficado para trás. Exaustos ou mortos. Muitos mais ficariam, incluindo Pêro de Morais Sarmento. A Sofala chegariam 31 homens em Agosto e, destes, 27 seguiriam para a ilha de Moçambique.

«Fomos todos em procissão a Nossa Senhora de Baluarte (...), cantando todas as ladainhas com muita devoção. (...) e lembrando-nos a muita obrigação que tínhamos todos de fazermos dali por diante vida exemplar.» - Estes, os últimos testemunhos deixados pelos que sobreviveram, enaltecendo os feitos mas esquecendo o que os envergonhava cristãmente (ou cristianamente na versão castelhana).

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Uma imagem/cena do filme, Piratas das Caraíbas: Homens Mortos Não Contam Histórias». Será mesmo??? Poderá o capitão Jack Sparrow (criado pelos escritores Ted Elliott  e Terry Rossio e interpretado pelo actor Johnny Depp) afirmá-lo em toda a sua genial autenticidade de personagem fictícia que é - sublime, sem dúvida! - fazendo jus a tantos outros piratas que, efectivamente, existiram por esses mares fora criando o terror e a fúria de quem com eles se cruzassem???

Benito, o pirata galego (1805-1830)
Sem descurar a vertente paranormal do que rege, incentiva e estimula toda a epopeia cinéfila dos Piratas das Caraíbas, na entusiasmante personagem que até encarecidamente nos faz com ele identificar ou mesmo outorgar outras justiças a si aplicadas, este pirata galego de larga e estouvada estirpe, que alguns referenciam como «O Português», nada teve de confronto com fantasmas do passado ou espíritos perturbados mas, a real mesura e feitura de ser um ladrão, um violador e um assassino, tudo junto!

Mais tarde se viu a braços com a justiça, não a divina mas a dos homens, acabando os dias na forca e em praça pública por desmandos de seus tão vis actos sobre outros navios e suas tripulações. Violava as mulheres, matava os homens e incendiava os barcos, depois de obviamente saqueados e desprovidos de todos os seus bens; algo que nem o CSI da época poderia colmatar, em referências ou quaisquer evidências do que por estes teria sucedido...

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O Pirata sanguinário ou o espanhol errante (ou ainda, «o português») que nesta imagem perdura em registo e má-ventura do seu saque e da sua cupidez maldita que, ceifando morte, acumulava riquezas, numa rota marítima de sangue e desdita de quem consigo se defrontasse.

A curta História de Benito
Vamos à história: Chamava-se Benito de Soto Aboal e, durante meses, de Gibraltar a Cádis, não se falou noutra coisa senão nos feitos atrozes deste pirata nascido em Pontevedra, na Galiza; e do «gang diabólico» sob as suas ordens.

Numa época em que as pilhagens no mar alto já tinham entrado em decadência, Benito de Soto teve uma carreira de pirata fulgurante. Durou menos de 2 anos mas, o suficiente, para deixar indelevelmente a sua marca.

O seu nome entraria então e em definitivo para a História da Pirataria depois do assalto ao navio britânico «Morning Star», em 1828, século XIX portanto.

Benito esteve 19 meses preso em Gibraltar, aquele estranho mas mui geográfico rochedo que medeia ou separa África da Europa e que, ainda hoje, se mantém num enclave geo-político de grande controvérsia entre Espanha e o Reino Unido. Mas isso são outras histórias...

E destes longos 19 meses de intensa investigação e compilação de um grosso processo contra Benito, efectuadas estas pela Coroa Britânica, levariam a que este fosse julgado e sentenciado à morte por enforcamento. Algo que foi exemplarmente cumprido no mês de Janeiro do ano de 1830 (tendo Benito somente 25 anos de idade) sem apelo nem agravo por nenhuma comutação de pena lhe ter sido aplicada. Não se perdoava o crime de pirataria nem podia! Muito menos a Benito, por tudo o que de mau causou.

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Os Tesouros: quase sempre o ouro, as moedas cunhadas em timbre dos reinos ibéricos e, outros, na exuberância e saque sem contemplações de espécie alguma. Eram outros tempos, outras as fidalguias mas que, actualmente, talvez não sejam tão equidistantes assim para se vincular que tudo mudou, ou não fossem os piratas outros, de outras línguas e outras nações por iguais mares de outrora...

De Buenos Aires até à Forca...
Benito de Soto era já um marinheiro experiente, quando, por meados de 1827(somente três anos antes da sua morte, na forca), embarcou em Buenos Aires num navio negreiro que tinha por destino a costa ocidental africana.

A ideia do brasileiro - Pedro Mariz de Sousa Sarmento - capitão do navio «Defensor de Pedro» era ir raptar escravos a paragens não autorizadas e, a tripulação contratada para o efeito, reflectia o carácter da viagem. Juntava Franceses, Espanhóis e Portugueses, quase todos fugidos à justiça numa panóplia deveras interessante de homens fora-da-lei.

Sabe-se hoje que a ideia surgiu espontaneamente do Imediato do navio. Com Sarmento em terras africanas na busca de escravos, propõe então a Soto tomarem o navio de assalto e, dedicarem-se à pirataria. O Galego obviamente sequioso disso, aceita de prontidão a proposta, convencendo de seguida a maior parte da tripulação.

Quem não está pelos ajustes, ou seja, quem não está com eles nesta missão-pirata - num total de 18 homens - é deixado sem clemência à deriva, num simples bote a remos. Inevitavelmente em mar-alto, acabam por morrer todos afogados, levados pelo forte vento que se levanta e os afasta cada vez mais da costa. Soto, no entanto, tem outra tarefa urgente pela frente: Assegurar o comando do navio!

Nessa noite, aproveita o sono embriagado do seu rival - o Imediato - para o matar com um tiro de pistola à queima-roupa. Nos meses seguintes, sob o comando de Benito de Soto, o navio «Defensor de Pedro» é responsável pelo saque e destruição de vários outros navios. Entre eles, o britânico «Morning Star». Má fortuna o ter encontrado, regista-se. Seria este ataque a perdição dos piratas, mas naquele dia 21 de Fevereiro de 1828, por alturas da ilha Ascensão, quando Soto avista uma vela, a única coisa em que pensa é nas riquezas que o navio poderá esconder.

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Quando a ambição de um homem não tem medida nem dimensão e muito menos aferição ou maior consciência que o dite para parar, o destino acaba por fazê-lo. Aos 25 anos de idade essa ambição foi-lhe coarctada de vez; Benito de Soto morreu na forca, no que momentos antes de lhe ser aplicada tão rigorosa pena, ainda teve tempo para dizer: «Adios todos», como se fosse apenas uma outra viagem ainda que sem regresso...

O que rezam as Crónicas...
O Morning Star partira de Ceilão carregado de café, canela, pimenta, ébano, soldados e passageiros, entre os quais algumas mulheres. E rumava a Inglaterra sem uma única arma a bordo; algo de muito negligente sem dúvida, para quem tanto tinha a se confrontar tanto em insólita paragem como em pirataria já verificada, mas enfim. Essa negligência saiu-lhe cara. Pesada demais.

Bastou um simples tiro para que desde logo os ingleses se rendessem. O primeiro acto de Benito de Soto foi matar o comandante inglês. A partir daqui é possível imaginar o que se seguiu: Pilhagem, humilhação e saque de bens e pessoas, em vidas e almas a seus pés, literalmente!

Os homens foram fechados nos porões. Quanto às mulheres, o destino era quase sempre o mesmo num tipificado padrão de violência e intimidação constantes: Violação e encarceramento, após o serem igualmente amarradas sem piedade alguma e, muitas delas, as mais revoltosas, mortas logo ali, em vazamento de vida ou sem qualquer outra benemerência que não fosse a escravatura sexual se acaso vivessem depois disso, tais os actos impuros a que eram submetidas na maior parte das vezes.

O Suplício era infindável! Sabe-se que os piratas do «Defensor de Pedro» abriram rombos no casco do Morning Star, o navio saqueado e abandonado agora no local do crime com, a certeza porém, de que o navio se afundava.

As Mulheres, no entanto, conseguiram libertar-se e soltar os homens. Desta vez, o fim não seria igual a tantas outras embarcações de alvo fácil para de Soto, para quem a vida pouco ou nada contava. Assim, os náufragos acabam por ser recolhidos, como por milagre, por um outro navio que cruza a sua rota no dia seguinte.

Benito de Soto e os seus homens rumam então e em primeiro à Galiza, depois a Cádis, para vender o produto do saque, sem sequer suspeitarem que os seus intentos entretanto foram descobertos. Mas mais há: O destino ser-lhes-ia fatal por obra e mão divinas ou sabe-se lá de quem ou porquê, o «Defensor de Pedro» encalha à entrada do porto desta cidade espanhola, apesar de se salvarem ainda os piratas em última bênção celestial que não duraria muito.

Com falsos documentos, Soto quase consegue ganhar algum dinheiro com a venda dos salvados do seu próprio navio, mostrando-se habilmente esperto mas pouco racional para o que aí viria em seu encalço. Depois, passados alguns dias, avolumam-se as suspeitas sobre a proveniência da mercadoria, fazendo então Soto fugir para Gibraltar. Má opção, dizemos nós, agora.

Mas a sua bem-aventurança ou desventurança marítima de violência e morte haveriam que se quedar, algum dia. Esse dia estava próximo; só Soto o não sabia. Os seus homens, na sua maioria, são levados presos e igual destino pende sobre as suas cabeças ou mais exactamente, pescoços. De igual sorte ao de Soto, foram julgados, executados, depois desmembrados, e o seus restos mortais ficaram pendurados em público, dias e dias a fio, servindo de fúnebre aviso e, exemplo, a todos os piratas.


De Benito de Soto apenas há a referir do que rezam as crónicas à época que, a sua figura era assaz imponente! Tinha uma juba de leão preta, ou seja, exibia um farto cabelo preto que usava comprido e encaracolado, tal Sansão indestrutível. Sabia-se gostar de forma envaidecida o vestir ou enfarpelar de meias brancas de seda, calças brancas e jaqueta azul ao melhor estilo britânico. Traumas de infância de uma vida pobre ou simples ódio/ostentação do que não possuía de berço mas invejaria certamente aos britânicos (entre outros), é algo que não se sabe mas apenas se especula.

Tendo sido reconhecido por alguns marinheiros sobreviventes do «Morning Star», Benito de Soto teve os seus dias contados; um a um, a partir daí. Foi preso, julgado e enforcado na praça pública. As suas últimas palavras foram: «Adios Todos».

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Um navio moderno ou em contemporânea desventura, encalhado na praia. Ontem e hoje, a idêntica realidade absurda dos despojos de quem se vê morrer lentamente, sob a espuma do mar e a visão quase fantasmagórica de quem já foi grande, já percorreu mares e oceanos, e tantas histórias tem em si para contar; se o deixarem, ainda...

«Tudo o que me podia servir de refúgio era uma árvore grossa e rumosa, semelhante a um abeto, mas espinhosa, que se elevava ali perto, e decidi passar lá a noite, e ver no dia seguinte de que morte havia de morrer, pois não via hipótese de vida.»
                                                                - Robinson Crusoé, Daniel Defoe -

«Lost» ou seja, Perdidos...
Em versão portuguesa, Lost, quer dizer Perdidos, de facto. E tantos que se perderam e não voltaram por outros que vieram, um dia, ainda que não esperados ou consagrados nessa tão abençoada vitória do retorno e, da alcofa vazia, que antes eles enchiam - e aqueciam - e agora outros por lá se compraziam...

Algures numa ilha deserta: Em 1815 mais coisa menos coisa, eram vulgarmente publicadas em Paris (França) entre outros pontos referenciais europeus de grande estima de navegação e princípios marítimos, histórias várias de náufragos para amantes de aventuras marítimas também.

Verdadeiras umas outras nem tanto, para gáudio e especulação de quem se entretinha a maldizer dos que se iam e não voltavam, por outros que se abeiravam depois passados largos anos, o gentio populista e demagógico como hoje se apelidam os que muito falam e nada fazem, deram prazer mas também algum desconforto a quem se via confrontado com essas aparições inesperadas de amores passados, maridos enterrados (ainda que em alma que não em corpos...).

E tudo rumorejava num ror de desenterrados e mortos-vivos que ninguém queria acolher ou, ajustar, dos desajustados enjeitados ou pobres desgraçados de casa e alcofa não-suas.

Foi o que sucedeu com o conhecimento depois de um naufrágio revertido num patacho português, corria o ano de 1668 (livres nós, portugueses, do burgo reinante dos Filipinos Espanhóis, por avença da Restauração de Portugal a partir de 1 De Dezembro de 1640, em Rei português, nascido e criado de entre portas) e, lá longe, enterrado num banco de areia no mar filipino, as muitas peripécias vividas pelos seus náufragos de navio morto na praia, a bem dizer.

Com uma tripulação de 60 almas, entre mouros, gentios e portugueses, tudo gente de boa cepa e raça, ao que se consta, a embarcação largara de uma ilha das Filipinas, onde tinha ido fazer comércio - rumo à costa do Coromandel.

Não longe do ponto de partida, no entanto, terá encalhado num banco de areia, desfazendo-se rapidamente. A maior parte dos homens - gentios e mouros - apoderou-se da chalupa, mas acabou por se perder, afogada, levada pelo vento e pelas correntes. Quanto aos restantes, reza esta história, que conseguiram nadar duas milhas agarrados a uma caixa de madeira, até alcançarem uma ilha. E depois outra ainda.

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O que hoje é a beleza natural em contemplação da vida aquática e marinha dos nossos mares, foi em tempos a alimentação, a sobrevivência nata de quem só queria manter-se vivo e voltar às origens; apenas isso. O tempo dá-lhes razão, ainda que muitos destes animais tenham dado a vida por eles...

Os Limitados Recursos...
Deserta, sem água nem árvores, como a primeira ilha, segundo os enfáticos relatos dos marinheiros; mas ainda assim com outros recursos: Durante 6 meses viveram das tartarugas que ali punham ovos, e nos 6 meses seguintes, dos bandos de «pássaros-bobos» que também ali nidificavam. Secavam a carne dos animais ao Sol, viviam em buracos escavados na areia, vestiam-se com as peles dos pássaros que comiam e aproveitavam tudo o que o mar lhes trazia. Sobretudo destroços de ouros navios tão pouco afortunados como o deles.

Quanto à água potável, sabe-se terem arranjado uma forma engenhosa de tirar o sal à água do mar, embora, neste ponto, o autor não nos dê grandes explicações, o que se lamenta, pois seria estrondoso verificar a forma magnânime como estes homens tiveram a lucidez e a esperteza (com alguma artimanha e certa inteligência, convenhamos) de se fazerem sobreviver.

Passaram-se seis longos anos e, algumas doenças então sentidas pelos infelizes marinheiros, levaram alguns deles. No princípio do sétimo ano de infortúnio, 16 náufragos viviam ainda, não sem alguma esperança de algum dia voltarem ao lugar que os viu nascer ou viver. Mas, as tartarugas e os pássaros começaram a escassear, malgrado o mau pronúncio também do que aí viria...

Decidem então, em último recurso - ou reduto - construir uma espécie de jangada para tentar chegar a terras mais brandas. Uma semana de navegação foi quanto bastou para chegarem à ilha de Hainan, na costa da China, pondo em fuga as gentes (apavoradas perante aqueles estranhos seres cabeludos e vestidos de pássaro).

Ao cabo de alguns dias, todavia, conseguiram fazer-se entender (se não por gestos, por intenções eloquentes, acredita-se!), sendo que o Mandarim local prestou-lhes socorro e transporte para Macau. Louva-se tal nobre gesto.

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O actor Javier Bordem (ou capitão Salazar) numa das suas mais admiráveis performances cineastas do filme «Os Piratas das Caraíbas» em última versão e saga de entretenimento inglesas de: «Dead Men Tell No Tales». Ou, a vingança de Salazar de, na versão portuguesa: «Homens Mortos não Contam Histórias». Talvez... Mas os vivos sim, muitas. E que ainda hoje perduram como a maresia que nos entra na pele e nos ressoa no coração de outras histórias que mortos e vivos deixaram por contar...

Lenda ou facto real...?
Reza ainda esta história que não é lenda mas facto real do que então aconteceu, de que, um dos náufragos foi encontrar a mulher já casada com outro. E ter-lhe-à perdoado. Se foi o começo de uma boa amizade, uma ménage-à-trois muito à frente para a época ou, simplesmente, um livrar de culpas ou pecados em expiação do que houvera este homem passado, o certo é que tudo ficou bem e acabou em final feliz. E isto, sem se saberem mais pormenores sobre este ou outros iguais casos de alcofa cheia, alcofa presente por maridos ausentes, mortos, desaparecidos - ou entretanto esquecidos - é algo que nem sempre a História nos conta...

Mais haverá, admite-se, mas aqui não se contará; pelo menos por hoje que o Sol já vai alto a a Lua se emparelha como união afecta e não junta, tal como a separação destes homens do mar de seus afectos, de suas mulheres e seus filhos, pais e mães ou restante parentesco, deixados todos em terra, todos em silêncio ou em franca agonia libertada de uivos e unguentos, noutros suplícios ou noutros cilícios, penitentes ou não, quem o saberá?

E que mar é esse, esse devoluto mar que tudo empenhou e a memória não levou...? Assim se julga, assim se comenta. E assim a descendência representa, nos feitos e glórias de outros tempos, outras Memórias do Mar. Cabe-nos a nós, agora, escrevê-lo e pensá-lo - ou de nada valeram as vidas e as mortes memoráveis umas, ou inenarráveis outras, mas todas, acredita-se, poderosas e mui prenhes de esperança e continuação. Assim seja, Ó Mar!

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

10 Most Amazing DISCOVERIES of 2016

Are We An Alien Experiment?

Carta Arqueológica Subaquática dos Açores

Memórias do Mar (IV)

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Imagem em 3 D (em processo de fotogrametria) de navios naufragados, no Mar Negro. Esta descoberta de mais de 40 naufrágios, realizou-se através do Projecto de Arqueologia Marítima no Mar Negro e da intensa pesquisa efectuada pela Universidade de Southampton, no Reino Unido.

Impérios soterrados no mar...
Na profundidade subaquática que roça os 1800 metros na captura e deslumbramento de descobertas praticadas a partir do navio Stril Explorer (na costa da Bulgária) e, com a metodologia associada, a revelação foi triunfal e surpreendentemente magnífica na perfeição adquirida.

Usando desta forma as mais recentes técnicas de imagem, esta revelação (por meados de 2016 sobre o Mar Morto) veio catapultar para o mundo à superfície, o que tantos impérios reverberaram em séculos distantes mas não errantes do que se lhes tenta, hoje, recobrar...

Navios naufragados, escondidos sob o manto aquático que os protege, envoltos em mistério e admiração - hoje descobertos e alvo de todas as atenções - dizem-nos que há cinco ou seis séculos, ou o dobro destes, o mundo era tão fantástico e supremo quanto indissociável dessa outra magia de terem sido únicos na mestria da navegação e união entre os povos.

Mas mais longe se irá, nessa descoberta ou nessa ainda tão indesvendável certeza do grande enigma que reveste os tantos achados no mar: A dúvida e, muitas vezes, a mui inexplicável situação de Navios-fantasma que voltam sem contarem a sua verdadeira história; por outros que nunca voltam...

Da berçária tríade misteriosa do Triângulo das Bermudas, à mais profunda cova oceânica e atlântica dos Açores (além o que agora se descobriu, em 2016, e o Mar Negro nos expõe de cerca de 40 navios naufragados e agora encontrados em extensa pesquisa geofísica, segundo Jon Adams, arqueólogo da Universidade de Southampton, no Reino Unido), os mistérios permanecem.

Não raras vezes inatingíveis ou incompreensíveis para o comum dos mortais, sê-lo-ão também para os investigadores do mundo subaquático, como é o caso agora revelado do navio quinhentista descoberto em Esposende (Viana do Castelo, Portugal) que, desde 2014 até à data, se tem revelado na urgente inconfidência de um navio «praticamente intocado» ou violado, podendo-se assim mergulhar, a fundo, na História!

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(Imagem DR/J. Sexton). Nas profundezas do mar de Esposende (Viana do Castelo, Portugal) esconde-se um tesouro, um grande tesouro histórico, ainda mais hermético e inultrapassável do que a inoperância do Estado Português, segundo alguns, que o acusam de falta de objectividade e acção, no cumprimento da Convenção sobre a Protecção do Património Subaquático, da UNESCO.

O Maior Achado!
Praia de Belinho, em Esposende: o mar-chão não denunciaria o que nele se deitaria em carga e franquia, em artefactos ou breve simulação de um passado distante; mas não tão distante assim que não desse para perceber, historicamente, do que se trataria.

Objectos de carga e madeira de embarcação deram à costa. A comunidade arqueológica ficou atenta e o que seguiu foi digno de um verdadeiro Indiana Jones português ramificado por várias entidades e elementos afectos aos salvados portugueses e mesmo à Comunidade Científica Internacional que já considerou o achado como um dos mais importantes para a arqueologia naval. Trata-se então, resumidamente, de um navio ibérico (provavelmente) e, do século XVI (1520-1580?). Possui 30 metros de comprimento e está protegido por uma camada de sedimentos.

"Estamos perante o primeiro naufrágio quinhentista em águas portuguesas a ser encontrado praticamente intocado desde a sua perda!" - Quem o afirma é o prestigiado arqueólogo Alexandre Monteiro à revista Al-Madan de Julho de 2017, um dos quatro intervenientes que lideram esta investigação (na que se inclui Ana Almeida, arqueóloga, e Ivone Magalhães, investigadora - ambas da Câmara de Esposende, em Portugal -  e Filipe Vieira Castro, o celebérrimo arqueólogo de longa data e que lidera o ShipLab, da Universidade do Texas, nos EUA).

E tudo isto na sequência directa do que já em 2014 foi sendo instaurado de mais de três dezenas de outros investigadores de outros países, participantes de um projecto europeu - 4SeaDiscovery ou FourSea Discovery (do qual faz parte Alexandre Monteiro desde 2015) - aquando a tempestade Hércules se fez sentir, dando à luz, ou seja, à praia de Belinho, vários objectos tais como várias ânforas, 21 pelouros (balas de canhão), 52 objectos de liga de cobre, 244 em estanho (pratos), 56 folhas de chumbo e pedra e demais peças de alto valor histórico.

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Praia de Belinho (foto da RTP), em Viana do Castelo, Portugal: as evidências deixadas na areia após a tempestade, em 2014, que enunciariam o que, em 2017, se afirma agora com maior convicção, análise e estudo dos investigadores, arqueólogos e demais historiadores que se debruçam sobre estes achados - magníficos todos eles! Aqui, os pratos de estanho que deram à costa portuguesa.

Descobertas de mergulhadores...
Na época (em 2014), o achador, o mergulhador e escultor - João Sá - tornou-se então no guardião-mor deste tesouro. Ainda que, inicialmente, se tenha servido de um pelouro de pedra, utilizando-o numa obra sua, sem saber do que se trataria eventualmente este precioso ornamento histórico...

Todavia, há que se fazer justiça a tão nobre gesto de João Sá que, ao saber do que constava este achado, depressa se dirigiu a quem de direito. E mais não se lhe exigia. A partir dai, investigadores nas diversas áreas: Historiadores, conservadores-Arqueólogos, especialistas em Dendrocronologia, Engenheiros florestais, entre outros, assumiram então a investigação disponibilizada pela 4SeaDiscovery. Mas, em 2017, haveria mais a comentar e a pontuar:

"A ser ibérico, tratar-se-à de mais de um dos complexos sítios desta tipologia e cronologia a ser encontrado a nível mundial!" - Esta, a inquestionável aferição de Filipe Vieira Castro, arqueólogo de formação e que lidera o ShipLab da Universidade do Texas, A&M (EUA).
Antigo responsável do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS), é um dos seniores da equipa desde 2014 (a par de Nigel Nayling, da Universidade de Trinity Saint Davies, em Gales).

A perícia forense ou análises químicas entretanto subjectivadas nos destroços de madeira encontrados, assim como a sua posterior digitalização e composição de fotografia tridimensional, vieram dar maior consistência sobre os achados, segundo Adolfo Miguel Martins, do CNANS, que desde 2014 também deu o seu contributo na melhor ou mais correcta informação sobre os mesmos.

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Em Viana do Castelo todos são peremptórios do que observam e reza a História: Estamos perante  um inolvidável achado! Mas, e para quando o Museu dos Descobrimentos Portugueses e Expansão...???

Um Museu no fundo do mar...
Alexandre Monteiro não tem papas na língua; ou como em bom português se assume, e este confidenciou ao jornal Público, defrontando (ou enfrentando!) altos emissários políticos e de cimeira responsabilidade política - mas também civil e histórica - argumentou:

"O Grande Museu dos Descobrimentos Português e da Expansão - e que ainda não está feito - está todo no fundo do mar!"

Concorda-se. Plenamente! Alexandre Monteiro está correctíssimo na sua estóica afirmação de quem não se dá por vencido; entre outros que igualmente assim pensam.

Alexandre Monteiro, sendo um reputado investigador do Instituto de Arqueologia e Paleociências da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa (Portugal), assim como um sério envolvido nos vários projectos subsequentes da Arqueologia Subaquática, identificou parte do costado deste navio, desde 4 canhões, em ferro e em bronze, até a uma âncora; outros fragmentos terão sido também arremessados, de entre eles os idênticos aos achados de 2014.

Alexandre Monteiro, Filipe Vieira Castro e agora John Sexton, criaram a verdadeira tríade-maravilha dos três magníficos, ou seja, através deste terceiro elemento, experiente e exímio Instrutor de Mergulho e Fotógrafo Subaquático (a viver já há alguns anos em Portugal), cimentaria em objectiva e captação as maravilhosas imagens do local. Não sem antes se referir este, o local, estar de novo tapado pelas areias, o que fornece todavia uma maior segurança devido ao saque que poderia entretanto vir a sofrer o navio agora descoberto, admitem.

Alexandre Monteiro, homem destemido mas um ser humano como todos os outros (ainda que ostente um chapéu à Indiana Jones e se identifique com o personagem), viu-se em dificuldades, não burocráticas desta vez mas, da terrível agitação daquele mar do Norte de Portugal que quase o esmagaria de encontro às rochas, não fosse um outro ainda mais destemido e presente mergulhador - o escultor João Sá - e não o teríamos por cá mais; o que se lamentaria por todas as razões.

O seu filho, o designer gráfico Alexandre Sá segue-lhe as pesadas de, tal pai tal filho, o que é bem visto por todos. Mais uma vez, a herança genética de bons homens, homens a sério, na solidariedade alada à boa venturança, prevalece, dando sempre (ou algumas vezes) excelentes frutos...

De referir ainda, de que toda esta investigação sobre os destroços do navio supostamente do século XVI se não realizaria de forma tão eficaz e resolúvel sem os esforços e todo o apoio prestados da tecnologia do Laboratório de Sistemas e Tecnologia Subaquática  (LSTS) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em Portugal.

A saber, o frutuoso e inexcedível trabalho do LSTS, tão profícuo e árduo até agora, tem sido tão ovacionado pelas entidades competentes que, Filipe Vieira Castro, o distinto director português do ShipLab, no Texas (EUA), já encetou conversações e analogias para uma futura parceria com o grupo da FEUP (que é considerada pela Universidade do Texas a melhor no mundo, ou, dos melhores elementos do mundo no que fazem), atribuindo assim os louros a esta Faculdade do Norte na exuberância, no entendimento, e nos requintes subaquáticos da mestria tecnológica em que está envolvida). Parabéns desde já a todos os intervenientes. Bem-hajam!

Havendo cooperação futura, haverá supostamente também evolução e continuidade, prosperando desta forma todos os avanços e descobertas nesta área. Ou noutras que entretanto se desenvolvam a partir daqui e com o indissociável empenho de todos. Assim seja!

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O Eterno Mistério do Triângulo das Bermudas: O que o distingue de razões esotéricas ou científicas entre o que podem ser terríficas tempestades magnéticas ou eventuais outros eventos de intolerância terrestre ou extraterrestre...???

Mistérios que o Império Planetário tece...
Tantos os mistérios são no seio planetário do mundo subaquático, que quase se ouvem os rugidos do deus-Neptuno, deus dos mares de outrora. Ouvem-se, mas não se observam, sob o manto de um outro silêncio, um outro obscuro sentimento de nada estar seguro nas cavernas subterrâneas deste Atlântico de hoje e sempre.

E se não fosse tenebroso, dir-se-ia lamentável - e impenetrável! - o não sabermos ainda que Golias nos engole, nos devora ou simplesmente nos transfere para a mais exótica das realidades de outros mundos tridimensionais que nem imaginamos haver...

Os Desaparecimentos, a falta de explicação e a total ausência de um argumento que nos convença que não foi tudo premeditação dos homens ou dos deuses, no que a questão permanece e a suspeita se impõe na lacónica resposta de muitos de nós: « Não sabemos onde estão ou para onde fora...».

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Engolidos pelo mar, sugados por uma força maior inexplicável ou talvez inatingível para muitos de nós que, ainda hoje nos perguntamos, que almas eram essas, que almas foram embora para não mais voltar...? Que diriam se voltassem...? Que sentiriam ao voltar ao local de onde partiram...???

«Navios que desaparecem sem deixar rasto, passageiros e tripulantes que se esfumam no ar, histórias de náufragos e piratas, escravos livres e monstros marinhos engolidos pelo mar. Mistérios que os oceanos teimam em guardar...».                  - Mónica Bello, no livro Enigmas: Costa dos Tesouros -

O Triângulo Maldito!
Já muito se falou deste triângulo maldito e muito mais se falará, certamente, se acaso surgirem novos dados (cientificamente ou não) sobre o que escondem estes mares, esta confluência oceânica demoníaca que engole homens e navios, aviões e tudo o que se lhe abeire, enfim.

São às centenas e porventura aos milhares no cômputo geral de uma disseminada reportagem sobre a existência que deixou de o ser, sobre o número de desaparecidos nos mares do planeta.
Sem deixar destroços ou sobreviventes. Sem deixar rasto, como se tivessem sido engolidos por alguma força desconhecida. Ao contrário do que se poderia pensar, estes desaparecimentos não se referem apenas a barcos de pequeno porte ou aos tempos em que o radar - ou as comunicações via rádio - não passavam de ficção científica.

Uma das zonas do globo mais conhecidas pela ocorrência de estranhos acontecimentos de navios - e até aviões - é certamente o Triângulo das Bermudas! Uma área do Atlântico que varia entre o meio milhão e o milhão e meio de milhas quadradas, conforme os autores que, ao longo dos anos a referenciaram, e que se estende entre a costa Norte-Americana do Estado da Florida, o arquipélago das Bermudas e, a ilha de Porto-Rico.

No Triângulo do Diabo ou Cemitério dos Desaparecidos, como também lhe chamam, deixaram este mundo, sem rasto ou lamento - e nos últimos cem anos, segundo algumas fontes credíveis, mais de 50 navios e 20 aviões. Um susto!

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A demonstração geográfica do Triângulo das Bermudas. Uma zona de intensa actividade atmosférica de ciclones, furacões, tempestades magnéticas, além um corrupio marítimo incessante de navios, no que a imaginação alastra mas o bom senso reverte para que se não negligencie o que por aqui se passa de desaparecimentos inexplicáveis...

Vórtices da Terra...
O silêncio é total. Mesmo com rádios a bordo, nenhuma chamada se efectivou. Em nenhum dos casos já registados e apresentados na já longa lista dos desaparecidos naquela zona do «diabo», espichou algo, algum ruído. Nenhuma chamada de socorro nem sequer qualquer destroço encontrado que levasse a mais buscas no local das tantas que foram entretanto efectuadas sobre um manto de silêncio e nada. Nem dos bombardeiros «Avenger» da marinha norte-americana que levantaram voo de Fort Lauderdale, na Florida (EUA), para nunca mais voltarem. Sabe-se de um temporal e até de outro avião que, na busca destes, teve sumiço também, esfumando-se no ar...

Das milhares de teorias explicando o fenómeno aqui registado em tantas nefastas ocorrências sem rasto possível, levou a que os cientistas se interrogassem se não se estaria perante uma espécie de vórtice temporal ou portal estelar de circunstâncias astronómicas ainda inexplicáveis e, infindáveis, para o conhecimento humano. Ficcionais ou não, essas teorias permanecem; tal como o mistério...

As múltiplas teorias revezam-se quase sempre incoerentes ou pouco persistentes mas que, ao longo do tempo, vão criando maior consistência nos que admitem tratar-se de algo verdadeiramente tenebroso. Do intenso tráfego de navios, às tempestades magnéticas, ataques de monstros marinhos (espécies ainda desconhecidas ou manipuladas geneticamente, deste ou doutros mundos?), sequestros perpetrados por fantasmas (ou espíritos no limbo aprisionados?), abduções por extraterrestres e um sem fim de fenómenos que tais, vão perseguindo o imaginário de quem por lá não quer passar; nunca!

E de outras dimensões, tridimensões ou percursos espaço-tempo que nem Einstein conseguiria equacionar, poder-se-à estar perante, de facto, outras realidades que o ser humano ainda não atingiu. Essa passagem sem deixar rasto ou sombra, registos escritos, sonoros ou algo que a identificasse, é simplesmente a áurea morta do que ainda não ressuscitámos ou glorificámos em saber, em conhecer ou em especificar sobre o nosso próprio território marítimo mas também celestial...

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Lago Fuxian: o que submerso se evidencia de uma pirâmide que muitos clamam de existência pré-diluviana e outros, a idêntica circunstância subaquática ao largo do Japão (a nipónica pirâmide submersa na ilha de Yonaguni, descoberta em 1995)), ou a dos Açores (a pirâmide submersa a sudoeste da ilha Terceira e que tem 60 metros de altura e uma base maior que um estádio de futebol, ou seja, 8 mil metros quadrados) no Ocidente.

Que civilizações eram ou são estas...? Para que efeito existiram...? Por que continuam no segredo dos deuses e dos homens que parece nada fazerem para desmistificar este grande conhecimento submerso???

Os Mistérios de Fuxian...
Uma das mui raras fotos captadas, no lago Fuxian, na China, em que se observa nitidamente uma pirâmide; submersa esta, no mesmo local onde há duas testemunhas oculares sobre um Osni, em 1991. Concentração energética, alucinação pontual destas testemunhas ou simplesmente a actividade dita normal, segundo os que praticam a teoria dos Antigos Astronautas, de cidades estelares submersas, bases cósmicas de outras civilizações e outros conhecimentos, no nosso mundo subaquático?!

Daí que não se fique por aqui o fenómeno. Tal como o Ocidente fala no seu Triângulo das Bermudas, também o Oriente tem o seu «Mar do Diabo», assim baptizado por Japoneses e Filipinos, onde se diz que as agulhas magnéticas, ao contrário das outras regiões do globo, apontam sempre o Norte verdadeiro.

Esta Mar Demoníaco é igualmente conhecido por fazer desaparecer embarcações e homens. De facto, as autoridades nipónicas consideram a zona assaz perigosa. e por razões compreensíveis: a área é conhecida pela ocorrência mais ou menos regular dos temíveis Tsunamis, ondas gigantes provocadas por tremores de terra subaquáticos.

Não será de somenos importância ou, relevância, o ter-se aqui focado a já registada ocorrência em 1991, na China, - a Oriente portanto, e sobre o lago Fuxian em fenómeno designado por «Osni» - ou seja, um objecto submersível/subaquático não-identificado. Acontecimento este, em que um modesto pescador e o seu filho menor (tomados de um susto de morte!) se viram quase ejectados da barcaça onde estavam placidamente a pescar, quase levados pelo violento arremesso de uma nave vinda do lago, ascendendo esta a alta velocidade aos céus desaparecendo de seguida.

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O brigue Mary Celeste abandonado no Atlântico - entre os Açores e a costa portuguesa - tal como terá sido avistado pela tripulação do «Dei Gratia». Ou, o Navio-fantasma, do qual se contam e recontam milhares de histórias nem sempre verdadeiras nem sempre falsas, do auge ao declínio, do que então observou mas jamais revelou do que eventualmente sucedeu aos seus passageiros e tripulação...

Navios-fantasma: O Mistério por desvendar...
Talvez o mais celebérrimo navio, navio assombrado para muitos, e que, repousando hoje aos pés de Neptuno sob terras e mares de um recife no Haiti (desde 1884), o Mary Celeste é, actualmente, a mais surpreendente e misteriosa embarcação que faz todos os investigadores corarem de vergonha, humilhação ou «simples» impotência, sobre as verdadeiras razões do destino dado a toda a tripulação do navio em questão.

A celeuma não é para menos: Estamos perante um dos mais enigmáticos acontecimentos dos últimos dois séculos! Vamos rever ou talvez simular o que se terá passado naquela estranha e ainda hoje mui irregular tarde de navegação no Mary Celeste, avistado pelo capitão do «Dei Gratia»:

Naquele princípio da tarde do dia 4 de Dezembro de 1872, David Reed Morehouse, capitão do bergantim britânico «Dei Gratia», encontra-se de vigia com três dos seus homens. Há três semanas que saíram de Nova Iorque (EUA), com uma carga de petróleo, rumo a Gibraltar.
Encontram-se entre os Açores e a costa de Portugal continental, na posição 38º20`N, 17º15`W, ainda com cerca de 600 milhas de caminho até chegarem ao seu destino.

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A foto familiar -  individual mas propositadamente conjunta - recortada de um álbum de recordações inédito, em memórias que não ficaram, em mar que nada revelou e, na mágoa de quem ficou, em terra, sobre uma descendência órfã (Arthur Briggs que não está nesta foto) e que tão poucas respostas obteve sobre este fatal incidente marítimo que tantos levou...

Na imagem acima referida, encontram-se, o capitão Benjamim Spooner Briggs, a sua mulher Sarah Briggs e a filha mais nova de ambos, Sophia Briggs que também teve o mesmo destino dos pais, supõe-se. Ficaria Arthur, para quem as respostas nunca teriam sido verdadeiras, ou reais, de tudo o que efectivamente se passou no Mary Celeste...

Voltando à descrição de Morehouse...
Passa pouco da 1 da tarde quando avistam um veleiro por bombordo: «Devia estar aí a umas 4 a 6 milhas de distância», pronunciou-se Morehouse já mais tarde, não no deleite mas na introspecção do que então observou deste estranho navio à deriva.

De binóculos em punho, o capitão estranha o estado do brigue: tem quase todas as velas arriadas, parece desgovernado e não se vê ninguém no convés. Decide aproximar-se, não vão os do veleiro precisar de ajuda. É lançado um bote à água e três homens ultrapassam a remos a distância que separa os dois navios. Dois sobem a bordo, regressando todos, meia hora mais tarde, ao Dei Gratia.

São 3 da tarde quando fazem o relato das suas descobertas ao seu capitão: o navio chama-se Mary Celeste e parece ter sido abandonado à pressa. As bombas indiciam pouco mais de 1 metro de água a bordo, quantidade insuficiente para causar preocupações; o bote desapareceu e bússola encontra-se destruída, assim como duas das velas foram levadas pelo vento. Mas a descrição continua.

Não havia comida nem bebidas sobre a mesa, mas os mantimentos armazenados dariam para que se sobrevivesse mais de seis meses no mar e, a reserva de água doce, era de sobra, ao que se observou então. Pelas roupas na cabine do comandante, houve a percepção de que iriam embarcadas uma mulher e uma criança. Alguns apetrechos náuticos e documentos; no entanto, tinham desaparecido entre eles, o sextante, o cronómetro, o livro de navegação e o registo do navio. No Mary Celeste, os homens encontraram apenas o Diário de Bordo.

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A foto para a posteridade que, neste triste caso, apenas o foi para a eternidade do que ainda se não conhece sobre o Mary Celeste. Sarah Briggs, mulher do capitão do navio Mary Celeste e o filho de ambos, Arthur Stanley Briggs, o único membro da família que ficou em terra (The story of Mary celeste, de Charles Edey Fay).

Acção rápida no Dei Gratia
No Dei Gratia discutiu-se rapidamente o que fazer. Com uma tripulação de 7 homens, Morehouse não tinha grande margem de segurança para levar os dois navios sãos e salvos até Gibraltar. O prémio pelos salvados, no entanto, era tentador, já que a bordo do Mary Celeste seguiam 177 barris de álcool, que deviam valer bom dinheiro. A perspectiva de lucro fácil acabou por ser decisiva e 3 homens passaram para o Mary Celeste, o navio-fantasma agora.

Era já noite quando o brigue ficou pronto a navegar e as duas embarcações chegaram a Gibraltar nos meados de Dezembro, ficando o Mary Celeste, de imediato, entregue ao tribunal do vice-almirantado britânico. A este coube investigar as circunstâncias do achado e, decidir, a quem pertenciam os salvados.

O brigue Mary Celeste largara do cais 50 em East River, Nova Iorque, na manhã de 5 de Novembro de 1872. Ancorado frente a Staten Island, esperou dois dias por ventos favoráveis para se lançar na travessia oceânica até Génova, onde deveria entregar uma carga de álcool. A bordo iam por comandante o capitão Benjamim Spooner Briggs, 38 anos de idade, proprietário de parte do navio, a sua mulher, Sarah Elisabeth Briggs, de 29 anos, uma filha de ambos, Sophia Matild, de 2 anos e sete tripulantes.

A viagem sendo longa, levou a que Sarah Elisabeth tivesse levado consigo a máquina de costura, um pequeno acordeão e os livros de música para ajudarem a passar mais depressa os dias no mar. Tudo para trás deixado, que se terá passado então...?

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Os despojos do Mary Celeste, no Haiti. A sua última morada seria localizada em Agosto de 2001, por uma equipa liderada por Clive Cussler, fundador e presidente da National Underwater & Marine Agency, uma fundação norte-americana sem fins lucrativos.

Memórias de algo que se esfumou...
Se os escombros deixados no mar pelos navios naufragados ou tristemente desmembrados de mesuras e recordações, alegrias ou maldições, como gengivas descarnadas, pútridas e cariadas, perdidos para sempre os uivos e os sentimentos sem qualquer hipótese de alicerçar uma resposta ou reabilitação, cabe aos homens e mulheres destes destinos fazerem-se ouvir; fazerem-se assumir.

Se os escombros deixados à morte no mar, mesmo que revestidos de plâncton e essência de vida na morada de novos habitantes, novas espécies marinhas, na reciclagem subaquática do que as espécies lhes instauram, em nada se poderá esquecer e também deixar morrer, as histórias dos navios desertos de vidas e de almas dentro sem que o paradeiro ou descaminho se saiba. Ou o que verdadeiramente aconteceu naquele fatídico dia de fins de Novembro...

25 de Novembro de 1872
A última inscrição no Diário de Bordo do capitão Briggs situa-os à vista da ponta Castelo, na ilha açoriana de Santa Maria, pelas 8 horas da manhã do dia 25 de Novembro de 1872.
Depois disso, a folha mantém-se impecável mas absurdamente branca!

Mais de 200 anos depois, o estranho caso do Mary Celeste continua por explicar. À época circularam várias teses onde se falava de motim, bebida a mais, até da hipótese de fraude para receber os valores segurados. Mas nada de concreto se conseguiu apurar então e, hoje, tal como ontem (desde há dois séculos), as provas e as razões continuam tão misteriosas quanto inexplicáveis do que terá levado o capitão Briggs e a sua família, assim como à restante tripulação afecta ao Mary Celeste (e todos, em geral, de muito boa reputação e experiência de mar), a abandonar tão apressadamente o navio Mary Celeste. Uma enorme interrogação que ficará para a eternidade da situação então vivida.

Na jazida de mar que lhe foi imposto, ao navio Mary Celeste, repousam agora outras contas, outras desditas e talvez porém outras almas - aquelas que também ainda não sabemos lá muito bem explicar ou clarificar na alma de todos nós, que hajam outras, iluminadas, endeusadas ou simplesmente supersonicamente inteligentes que nos escapam e nos medeiam outros pensamentos. Não o sabemos, especulamos apenas.

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O último lamento nos mares do Haiti. Mas também o último pensamento, a última memória e homenagem a quem, um dia, com o Mary Celeste se cruzou se não nesta noutra vida qualquer em que só o mar e o vento, alados e em cumprimento celestial, nos confessam que há memórias que se não inventam ou jamais quebram no tempo que passa...

A Última Jazida
Em relação ainda à sua mortalha marítima, o Mary Celeste jaz para sempre num recife do Haiti (no que em 1884, doze anos depois de ser encontrado à deriva e levado depois pela tripulação do Dei Gratia, foi esse o seu destino fatal), encalhado e afundado propositadamente - essa sim, a inevitável concretização de se amealhar algo mais - para receber o valor dos bens seguros.

Localizado em 2001 pela National Underwater & Marine Agency, uma fundação norte-americana sem fins lucrativos, no que agora se expõe ao comum dos mortais que somos todos nós, reflecte-se o que sobra deste navio assombrado em belíssimas fotografias e captação marinha através de prestigiados e funcionais mergulhadores subaquáticos, profissionais nestas lides e noutras, em último silêncio, última homenagem post-mortem, a quem por ali pisou e deixou a alma talvez...

Mary Celeste repousa então para todo o sempre no que, não sejas de todo também recordado como navio-fantasma de mistérios ainda por desvendar; se levados por vontade própria, se contrariados ou até estimulados no encontrou ou reencontro, de outras vidas, outras almas do «Além»...

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Navios naufragados, hoje descobertos em frota e em dormência, nas profundidades do Mar Morto; mas podia ter sido outro o mar, aquele mesmo mar-confessor ou talvez delator do que um dia sobre si ocorreu.

Impérios que morrem com as naus...
Navios que um dia foram casas, armazéns, passagem de alegria e tristeza, suor e lágrimas, mas também a esperança de novos portos, novas vidas e bens. Navios que se deixam encontrar, no Mar Morto, ao largo dos Açores, ao largo da Florida, ao largo do mundo... sem que se ouça, profunda e concisamente, todos os sons, todas as agonias de quem se não recorda jamais das glórias passadas, das marés endemoninhadas ou das ocorrências estranhas em que muitos foram levados e jamais voltaram para contar como foi...

Impérios que foram grandes e hoje pequenos, tão pequenos que quase não há memórias deles. O Bizantino, o Veneziano, o Otomano e outros tantos que não reza a história pois que a documentação e os escritos antigos se perderam na fala dos homens ou daqueles que só querem esquecer que um dia foram Império.

Dez séculos de distância (séculos 9-19) ou apenas um, século ou segundo, em pleno século XXI na descoberta, no enfoque ou na fantasia de mergulhadores e entendedores, fabricantes de sonhos de História, de outras histórias, outros contos, e tudo, assim, de uma assentada só, só para sentirmos que afinal valeu a pena termos percorrido tantas léguas, tanto mar e tanta terra, só para nos conhecermos melhor...

Revoltas, batalhas, guerras; por terra e por mar e não por ar, porque os deuses não deixaram. Valeu-lhes a primazia de serem pioneiros ou alvitreiros no suporte das coisas boas, das coisas comerciáveis e transitárias para outros portos, outras cercanias em rotas comerciais tão benfazejas e tão abençoadas que não havia quem as parasse; a todas.
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E de todas as mensagens por terra, mar e ar, email ou carta registada, ou qualquer outra via terrestre, marítima, aérea e até espacial, o Homem é um pouco Deus, se há Deus; e nós, humanos, podemos ser como Ele e voar, e nadar, e sentir que somos, em parte, o seu melhor legado, na Terra!

Descobrindo o Mundo, descobrimos quem somos!
E nada teria sentido algum sobre as mortes havidas no mar, das deixadas em terra que também faleceram de dor e de desgosto, ou de tantas outras que nem se lhes sabe o nome ou o berço, se não rumássemos a outros ventos, a outras culturas e a fizéssemos nossas, tingindo as nossas almas de cor e sabor, a açafrão e a pimenta - e Deus queira para todo o sempre - ao sabor de outras gentes!

Ou ao sabor a sal do mar, a açúcar das terras quentes e ao néctar puro da seiva das árvores ou das vinhas mediterrânicas, aquelas que são como sangue e gemem ao nascerem nos bagos das suas uvas, amarelas e pretas, como se de cacau se tratasse das roças dos descobridores, do chão dos sofredores ou da eira sempre fértil, sempre aberta a novos inventores que nelas tudo dá, basta querer, basta amar e já está!

E a cultura espalhou-se, essa outra de letras que não de sementes, em inculques de pão doado, em sementeiras de erva doce, erva prazenteira, e ramificou-se como peçonha boa, se é que tal há. E desenvolveu-se; e alastrou-se. Ainda mais. Pelo mar e pela terra e agora pelo ar, pelo espaço que não tem travão, limite ou condição que o refreie, os homens continuam a desvendar, a analisar e por fim a cogitar o que Deus se há Deus lhes deu em forte anunciação de sermos todos uma bênção e uma feérica jubilação ou requintada rejubilação - Dele.

 E Dele nos veio os ecos do Universo, as rodilhas do entendimento ou desentendimentos nos homens, certos homens e mulheres que não querem compreender e aceitar que o Uno somos nós e tudo nos pode ser dado e ofertado, só por termos, finalmente, descoberto que somos o passado, o presente e o futuro numa mesma malga de vida que vai e vem e acaba por nos fazer recordar. Ou não.

E, para os eleitos, os conhecedores, os abertos ao mundo sobre outros mundos, a perfeita assumpção da sabedoria e do conhecimento - ou mesmo da génica avença como embrionária massa farinhenta, de que todos somos feitos em luz e energia e seres, tantos seres, no que somos todos peixes, aves, mamíferos ou herbívoros, sementeiras e plantação, bactérias e protecção molecular de um destino e um Universo em que todos cabem e todos são mas não lembram, não recordam. E Deus, se há Deus, recorda-nos então disso.

E então voltamos ao mar, voltamos às terras, dentro e fora da Terra, e somos, infalível e indiscriminadamente, a ascensão de outros povos - outras humanidades - em que a História, a Arqueologia (marítima e terrestre ou mesmo espacial) se fazem sem contingências ou indigências de espécie alguma.

E então conseguimos o Éden. O clímax de todas as coisas como uma poderosa e estouvada festa orgásmica dos sentidos, dos que ainda não estão perdidos, no mar ou na terra, ou no espaço, e se vêem envolvidos nesta doce aventura de se descobrir esse passado e esse futuro em que o presente nos dá, de sabermos e reconhecermos que fomos nós, esses, os que foram mas voltaram...

E assim continuará a ser ad aeternum... até que Deus, se há Deus, o queira... e nós, humanos, o sublimemos além os tempos de outros mares, outras terras e outros mundos que nem Deus sabe de sua pertença... mas um dia nos dirá: À Terra voltarás!!!