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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Entre Deus e o Universo

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Galáxia Henize 2-10 (galáxia starbust anã localizada a cerca de 30 milhões de anos-luz de distância da Terra); ou seja, em enxame ou surto de formação estelar na combinação de uma explosão de formação de estrelas e um Buraco Negro maciço (análoga às condições do Universo inicial).
Créditos da imagem: Raio-X NASA/CXC/Virginia/A. Reines et al; Rádio NRAO/ AUI/NSF; Óptico: NASA/STScl.

«Este centro do Céu / Este âmago da Terra / Este coração do Mundo / Rodeado por montanhas cobertas de neve /  O promontório de todos os rios / Onde os cumes são elevados e a terra é pura / Um país tão bom / Onde os homens nascem sábios e heróis / E agem de acordo com leis boas e justas.»
                                        - Ancestral descrição poética do Tibete do século IX EC  -
                                                                  (EC: Era Comum)

De todos os povos e de todos os locais sagrados do Mundo, o Tibete, é aquele que mais se define como o mais sagrado e possivelmente o mais resguardado do poder que os deuses lhe confiaram: na paisagem e no sentimento - únicos no planeta - de terem sido ambos (povo e geografia local) o epicentro de todo o poder místico que toca o Céu e que ampara a Terra.

Que poderes são esses, perguntar-se-à? Que magia é essa que só Dalai-Lama parece ter sido bafejado?! Que êxtase geofísico aí se encontra, aí se estabelece, para que o resto do mundo, este nosso pequeno mundo agora, tanto se achegue como se distancie - e simultaneamente se diminua perante toda essa grandiosidade intimista mas espiritual desta abençoada terra longínqua - e tudo se torne, emblematicamente fascinante e iluminado, como se só a Deus e ao Cosmos esta terra pertencesse....?!

Repleta de poderes místicos, paisagens sagradas e um povo não omisso ou consciente deste seu enorme poder interior, sobre montanhas e espaços de irrefutável domínio das divindades, que poderá o resto do planeta, o resto de todas as outras populações aprenderem com o seu silêncio, a sua sapiência, o seu poderoso e inviolável reconhecimento espiritual e não profano que os liga a Deus e aos céus, ao divino e ao Universo, no fundo, ao Todo que na Terra se aplica e no Céu se instiga?!

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Tibete: entre a magia e o insondável; entre o misterioso e o mítico; entre o Céu e a Terra de todos os segredos, de todas as confissões dos deuses que nos mostraram que é possível acreditar-se e, absorver-se, na plenitude e quiçá infinitude, esse mesmo poder da imortalidade... na Terra ou fora dela, ou seja, dentro ou fora do Tibete...

«O Tecto do Mundo»
É sabido pelos conhecedores e entendidos que o Tibete, último reduto puro dos homens de bem, se define como: «O Tecto do Mundo». E isto, por razões óbvias na concepção geográfica (topográfica e não raras vezes toponímica) deste país quase a roçar o Céu com a ponta dos dedos, neste caso das suas cordilheiras, das suas altas montanhas sobre trilhos que só aos deuses, por certo, eram dados percorrer; pelo menos até às últimas décadas.

Sendo o país mais elevado da Terra - e até mesmo Lassa, a sua capital, um dos seus pontos mais baixos, situando-se a 3590 metros acima do nível do mar - há a certeza porém, de nada ter sido conquistado ao acaso num dos mais míticos senão o mais enigmático lugar do planeta, em toda a sua imponente mas especial inferência deifica ante todos os outros. A deferência é inquestionável; antes mesmo de se observar essa mística, absorve-se em inconsciência algo que é intraduzível...

Reinos de deuses malévolos? A dureza (que segundo a crença tibetana revela todo um potencial de melevolência) de grande parte do meio ambiente do Tibete, regista-se como mais extrema no grande planalto setentrional - o Jang Tang - revelado aqui mais ostensivamente do que noutra qualquer parte do país.

Com uma elevação média de 4500 metros, trata-se de uma vasta região desértica a grande altitude. Salpicado de lagos de água salgada, o Jang Tang, é  famoso pelo seu clima duro e rigoroso de ventos cortantes - na verdade, tão violentos que se sabe que os viajantes que atravessam a região chegam ao seu destino com marcas de queimaduras solares num dos lados da face e, ulceração causada pelo frio no outro lado da face, em fenómeno algo estranho mas surpreendente.

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Palácio Potala, na capital do Tibete, em Lassa (Lhasa), a residência oficial dos dalai-lamas até 1959, altura em que os comunistas chineses forçaram Tenzin Gyatso, o décimo quarto Dalai-lama, ao exílio. A sua construção foi iniciada em 1645 (pouco depois de Ngag-Wang Lobsang Gyatso) - o quinto Dali-Lama, conhecido como o «Grande Quinto» devido à sua sabedoria, tolerância e eficiência como soberano - chegar ao poder.

O Potala, recebeu o seu nome em homenagem ao monte Potalaka, a residência celestial de Avaloquitexevara, o Bodisatva da Compaixão e a divindade padroeira do Tibete. Mais uma vez, inferindo-se um poder imensurável das estrelas, do Cosmos portanto, Tibete foi o lar dos deuses por alguns dias, meses, anos e porventura séculos e milénios que aqui se não deixarão morrer...

Território inóspito (fora de Lassa, capital do Tibete)
No Território de Jang Tang: Sabe-se, em particular nestes últimos tempos (de uma maior abertura para investigadores ou exploradores no território), de que apenas alguns guardadores de gado errantes habitam este local desolado e ermo. Outras partes do território são menos hostis. No entanto, só os muito corajosos ou atrevidos montanheses/escaladores internacionais se atrevem a desafiar tamanha severidade.

Apesar da sua Altitude, os vales meridionais do Tibete e as regiões férteis ao longo dos rios produzem Cevada, Aveia, feijão e outros géneros alimentícios básicos. Nas encostas das montanhas mais acima, todavia, sabe-se apenas ser possível a pastorícia sazonal, ao passo que os cumes elevados são completamente estéreis e, em geral, encontram-se cobertos de neve durante o ano inteiro.

Ou seja, terreno tão inóspito quanto desagregado de qualquer possível civilização aí se estabelecer, a não ser esporadicamente através dos mais impetuosos (como já se referiu) em retiro espiritual ou sequência de um qualquer ritual mais incompreendido, podendo inclusive não se regressar de tão difícil expedição...

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Templo Budista no Tibete (região de planalto da Ásia): a meditação e a urgência de se estar só, de se estar em paz, no total ou completo desprendimento do mundo material, no acalentado encontro entre o Espírito e o Mundo, o Divino e o Cosmos, e tudo, persistente e naturalmente, entre o que pode ser ou sempre será, de uma vivência dos deuses na Terra.

A Alma do Tibete
Segundo as caridosas mas mui assertivas palavras de Dalai-Lama: «O Tibete alberga uma cultura riquíssima e ancestral que tem sido objecto de muitas influências formativas. Entre elas, o nosso ambiente natural acalentou um espírito forte de liberdade e flexibilidade no carácter tibetano», o que pressupõe, claro está, que este povo se não deixa subverter ou quebrantar mesmo por máximos poderes (China). Ou por outros que dos céus advenham...

Protegidos pelas montanhas mais altas do mundo (e pelas «boas leis» do Budismo e dos cumes elevados dos Himalaias), assim como do que extraíram das civilizações vizinhas da Índia e da China apenas aquilo de que precisavam, os Tibetanos criaram uma sociedade, uma filosofia e uma arte únicas que desde há muito inspiram um profundo respeito e um digno fascínio sobre o que os rege.

A Alma do Tibete regida pele Iluminação, pelo estado mental único caracterizado pelo completo desprendimento do mundo material, releva os Tibetanos para a mais alta essência do chamado «Nirvana» (nirvana, à letra «sem desejo»).

Toda a estrutura Filosófica, Religiosa, Social e Artística da civilização budista do Tibete assenta sobre estes quatro princípios »As Quatro Nobres Verdades» que indicia que: «Todos os seres passam inevitavelmente pelo sofrimento (Dukkha); a causa (Samudaya) do sofrimento é o desejo; a causa do desejo pode ser contida (Nirodha); e, para conter a causa do desejo, um indivíduo deve seguir um caminho (Marga) do Buda.

Ou seja, não sendo o Budismo simplesmente uma escola de Filosofia (segundo os Tibetanos) mas uma incumbência de ordem prática que visa revolucionar a vida humana, colocará todos aqueles que buscam a via da iluminação no dito Nirvana.

Como diriam os Budistas, o Nirvana não é nem a plenitude nem o vazio, nem o Ser ou o não-Ser, nem a Substância ou a não-Substância. Atingir este estado de liberdade indescritível requer assim aplicação e dedicação - todo aquele que busca precisa de um estilo de vida e de um ambiente que esteja em conformidade com a pureza da Palavra, do Pensamento e das Acções!

Estes requisitos conduzem directamente à instituição do Monasticismo - uma característica fundamental do Budismo no Tibete, e noutros lugares. No entanto, é no Tibete que maior vínculo este atinge.

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Yumbu Lagang: um fortificado palácio (fundado pelo primeiro rei do Tibete, Nyatri Tsenpo) que já conheceu diversas reconstruções (a mais recente iniciada em 1982, no seguimento da Revolução Cultural da China). As capelas existentes no seu interior contêm imagens do Buda e estátuas de figuras históricas, incluindo os Reis de Yarlung e seus ministros.

Que nos diriam eles (Buda, reis de Yarlung e seus ministros) se acaso retomassem a vida ali deixada,  e nos revelassem os feitos, as agruras, mas também as majestosas e selvagens práticas de outrora....? Que segredos esconderão de nós, simples mortais? Ou nem tanto assim...

A História do Tibete
O Tibete tornou-se um reino unificado no século VII EC. (Era comum), sob o domínio do rei Songsten Gampo, ou Srong-Tsan-Gampo, um líder dinâmico que conduziu os seus exércitos até junto das fronteiras da China e da Índia.

Songsten Gampo (ou Srong-Tsan-Gampo), cujos antepassados eram oriundos do vale Yarlung, não era um budista praticante, mas as suas rainhas consortes - desde o Nepal até à China -  mandaram construir o primeiro templo budista em Lassa (Lhasa) e equiparam-no com imagens.

O Império Yarlung dissolveu-se no século IX e o Tibete passou a ser um conjunto de reinos e de Principados dispersos. O interesse pelo Budismo permaneceu limitado até ao século X, altura em que os Tibetanos foram para a Índia a fim de estudarem os textos sagrados.

Os Mestres, ou professores indianos, também foram para o Tibete, sendo o mais famoso deles Atisha, cuja chegada em 1042 assinala tradicionalmente a «Segunda Propagação» do Budismo no país. Os seguidores de Atisha fundaram a ordem religiosa Kadampa, que salientava a importância da aplicação dos ideais de um Bodisatva na vida quotidiana do praticante.

Outras Ordens Religiosas fundadas por esta cultura incluíram a Sakyapa, que conquistou poderosos aliados (ou convertidos) no Império Mongol, em especial o próprio Imperador Kubilai Cã (1215-1294). A queda do referido império, em meados do século XIV, pôs termo ao domínio da ordem Sakyapa, dando assim início a uma era de reavaliação e de renovação no seio do Tibete.

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A Arquitectura da Iluminação: O Templo de Utse, em Samye (no centro do complexo monástico do século VIII EC.), no Tibete. No que é o mosteiro mais antigo do Tibete, o Samye, a sua arquitectura representa a a visão renovada do Universo (toda a fundação monástica constitui um gigantesco diagrama cósmico budista - um mandala).

Uma nova dinastia - os Pamotrupa - procurou reviver a glória dos Reis de Yarlung, ao mesmo tempo que a descoberta de alguns textos «ocultos» por parte de Padmsambava que conferiu então uma nova frescura e, um vigor renovado, à ordem de Nyingmapa que este havia fundado.

O Estudioso, Erudito e Reformador mais influente da época foi Tsong Khapa, ou Tsong-Kha-Pa (1357-1419). Inspirado por Atisha, defendia uma observância estrita da disciplina monástica. As suas doutrinas motivaram os seus discípulos a fundarem a ordem religiosa Gelugpa, ou do «Chapéu Amarelo».

De início, a ordem Gelugpa evitou o envolvimento directo nos assuntos seculares, mas a sua piedade atraiu a atenção mongol. Em 1578, o líder mongol Altan Khan atribuiu a um eminente lama desta ordem o título de Dalai-Lama. Meio século mais tarde, com a ajuda da Mongólia, o Dalai-Lama tornou-se o líder sagrado e, secular, do Tibete. O seu sistema teocrático de governo sobreviveu até 1959, altura em que os comunistas chineses forçaram o décimo quarto Dalai-Lama ao exílio.

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«Yamdrok Yumtsu»: Lago sagrado do Tibete. Ao fundo as águas, ao cimo os enfeites das gentes sãs e humildes, sobre os cultos votivos adornados pela cor e pela sobranceria de quem do cimo vê os deuses a cumprimentarem quem, tão distante está de outros ventos, outras cercanias cósmicas. Um dia se banharam nestas águas, um dia se elevaram delas e jamais voltaram... (sente-se a sua gente dizer...) e nós, acreditamos.

O Cosmos Sagrado
O Povo Tibetano concebe o seu país como sendo um Cosmos Sagrado numa paisagem sagrada guardada por deuses poderosos e, repleta de centros de ritual, de elevado poder místico. No seio desta paisagem, cada traço característico natural, cada edifício e cada acção estão impregnados de um significado religioso.

As Montanhas são, muitas vezes, consideradas como sendo o domínio das divindades que inspiram temor e respeito; as cavernas, como locais de meditação, e os seus trilhos sinuosos são emblemáticos do caminho rumo à Iluminação.

Ao assinalarem a paisagem com marcos de pedra, inscrições, pinturas na rocha, estandartes e oferendas votivas (como os que se vêem na imagem acima reportados), os Tibetanos reinventam incessantemente o seu mundo, reafirmando as vidas dos antigos santos e sábios, cujos actos heróicos infundiam um portentoso significado espiritual ao Universo!

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O Rio Tsangpo ou Bramaputra («Filho de Brama»): um dos rios mais extensos e imponentes de toda a Ásia! Tem mais de 2900 quilómetros de comprimento desde a sua nascente, no Oeste do Tibete, até à sua confluência com o rio Ganges, nas vastas planícies aluviais do Bangladesh. Navegável por mais de 600 quilómetros a parti de Lartse, perto de Dingri, as viagens ao longo do rio e as suas travessias são feitas em embarcações de fundo chato.

Em Busca de Solidão e Recolhimento...
Os locais de peregrinação do Tibete devem a sua importância a um ancestral sentido de lugar, um sentimento profundamente enraizado de que, as Montanhas, os Lagos e os Rios, são locais inerentes de pureza e de poder. Nada a opor, até porque, se concorda em pleno.

Sabe-se que nenhum outro sitio é mais sagrado do que o monte Kailas (onde reside eternamente Shiva, o grande deus hindu), sendo este um local de transcendência e de renovação pessoal, na região ocidental dos Himalaias.

A partir de um ponto mais próximo do cume coberto de neve do monte Kailas correm quatro grandes rios asiáticos: o Indo, o Sutlej, o Tsangpo (Bramaputra) e o Karnali (sendo este último um afluente do Ganges). Ao longo dos séculos, os peregrinos seguiram estes rios até à sua nascente, conferindo assim à região uma série de significados religiosos justapostos e competitivos.

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Milarepa (em estatueta dourada): o santo mais amado do Tibete! Na sua juventude ele foi vingativo por natureza, praticando artes de bruxaria e de magia negra. No entanto, pleno de remorsos sobre os seus actos pérfidos e malévolos, Milarepa recorreu a Marpa, um mestre, um professor do Sul do Tibete, que depressa lhe fez ver o tão errático percurso havido até então.

Invocar o Divino
O Mundo Sagrado do Tibete está repleto de cânticos celebrando os textos budistas, da recitação da mantras, do repicar de sinos e de címbalos, do sopro de trombetas e do rufar de tambores. Todas elas essenciais na vida e nos rituais budistas. Mas tempos houve em que Buda e os seus seguidores apenas tivessem ouvido o «barulho» ensurdecedor do silêncio...

Sob um extenso código de regulamentos - o Vinaya - da época de Buda até ao momento presente, a maioria dos monges vivendo em mosteiros altamente organizados, compõe esta mística religiosa ou de alto valor ritual, seguindo de acordo este rigoroso código de honra budista.

A despeito da importância do Monasticismo, o Budismo também nunca descurou o facto de que o Buda atingiu o Nirvana enquanto deambulador solitário, assim como, sobre todos aqueles que se esforçam por alcançar tal, ou seja, no caminho da iluminação.

Iluminação essa, que cada um tem de procurar de entre si mesmos, arroga esta corrente. Infere-se então que, cada um dos grandes Mestres do Budismo Tibetano, tenha permanecido e durante longos períodos de tempo em locais solitários ou grutas isoladas, tentando assim buscar a perfeição e a libertação. Tê-lo-ão conseguido? Pensa-se que sim, ou pelo menos tentaram...

Milarepa foi um deles. Estudando por longos períodos nos maiores mosteiros budistas da Índia Oriental (iniciado nos segredos da meditação budista, em especial nas práticas místicas de Naropa, o mestre e mentor indiano de Marpa), Milarepa fez a perfeita travessia, não a do deserto mas, a do recolhimento e meditação na demanda espiritual a que então se propôs.

Milarepa aperfeiçoou os ensinamentos que vertiam percepções extra-sensoriais e inúmeros poderes sobre-humanos. Santo ou deus, Milarepa mais perto deles assim ficou, vencendo o seu próprio demónio passado. Suportou os Invernos amargamente frios dos Himalaias, conferindo em si uma surpreendente força física, além da psíquica que porventura conquistou, ao banir e subjugar  as outras forças enfurecidas e malévolas (existentes dentro do coração humano) e de antigas divindades inimigas do Budismo.

Entregue à vida contemplativa em total isolamento no monte Kailas ou na gruta de Namkading, perto de Nayalam (onde passou tão grandes períodos de meditação que existem ainda hoje marcas na rocha onde costumava sentar-se, afirmam os crentes),  Milarepa tornou-se um «deles», um Buda.

Milarepa é actualmente venerado pelos Tibetanos (juntamente com Padmsambava e Buda), como um dos membros do grande trio dos conquistadores iluminados, que utilizavam o seu poder espiritual interior para transformar os deuses hostis em protectores da fé budista. Um aplauso então para Milarepa!

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Budistas Tibetanos: os seguimentos de Buda na escala máxima da meditação e envolvimento espirituais. O Budismo Tibetano: A religião aparentemente politeísta, com inúmeras divindades e outros seres sobrenaturais, o que se nos oferece dizer ou inquirir se, não seriam eles (Buda, Padmsambava e Milarepa), os eleitos dos tais seres vindos das estrelas?... E que, sobre estas montanhas sagradas, estas grutas endeusadas e estes rios beatificados, consagraram o bem instado na Terra, na oferta suprema de todas as coisas! Ou será presunção pensar-se tal...? Certamente que não.

Os Budas Cósmicos
Intuindo-se de que todos os deuses pertencem ao Mundo dos Fenómenos e estão portanto - à semelhança de todas as coisas - sujeitos à mudança, à morte e à reencarnação, sabe-se também que a verdade suprema é Imortal, Imutável, Absoluta e Eterna! Esta verdade suprema é conhecida como: «Adi Buda», ou «Buda Primordial».

Diz-se que a sua essência é «pura consciência» - a mesma consciência que reside no coração de todos os indivíduos. Por esta razão, pensa-se que toda a população possui um portão de acesso ao Adi Buda, à Verdade Suprema, dentro de si mesma. Confiamos que sim, esperando muito proximamente requisitar resultados...

A escola Nyingmapa descreve Adi Buda como sendo Samantabhadra (Inteiramente Auspicioso); para a ordem Kadampa, a realidade suprema é Vajra Sattva (Ser de Diamante); ao passo que a escola Gelugpa vê Adi Buda como Vajra Dhara (Detento do Diamante). Muito embora sejam entendidos como divindades, não são deuses competidores, mas sim aspectos ou abordagens, diferentes do Ser Supremo. Seriam deuses vindos dos céus...? Certamente!

Tanto Vajra Sattva como Vajra Dhara são representados a empunhar o diamante vajra - ou relâmpago (uma arma laser, atómica ou nuclear de elevada tecnologia?) - em símbolo de indestrutibilidade de Sunyata - o nome atribuído pelos budistas ao «estado final». Ou, na imperecível da realidade, que não se encontra intimamente ligado à existência. Ou seja, algo sobrenatural e supostamente sobre-humano, apenas consignado aos deuses do Cosmos!

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(Dakini witn Nagas - Sera Monastery, em foto de Graig Lovell) sobre o poder do «Dakini» de todos os Budas; das ferozes deusas conhecidas no Tibete como Dakinis. Do Cosmos para a Terra e da Terra para o Cosmos (voando em idênticas Vimanas?), estas eternas deusas de altos conhecimentos, de altos ensinamentos mas também caridade, compaixão e entrega aos povos da Terra, dando-lhes a sorver poderes que jamais voltariam a ter...

As Ferozes Dakinis
Existe uma velha crença no Tibete de que todas as mulheres que adquirem poderes sobrenaturais se transformam em ferozes deusas conhecidas como: Dakinis. Esta crença encontra-se bem ilustrada na história de Ghantapa, um grande adepto (mahasiddha) que é muito admirado no Tibete.

Residiu na Universidade Monástica de Nalanda durante o século IX EC, e tomou a filha de um cortesão local como sua companheira e consorte ritual. No entanto, uma vez que os monges estão obrigados ao voto do celibato, estas atitudes causaram um grande escândalo público. Quando confrontado com esta aparente violação das regras monásticas, Ghantapa e a sua consorte elevaram-se no ar, transformando-se nas divindades Chakra Samvara e Vajra Dakini.

Indissolúvel a questão que permanece no ar: Quem seriam estes dois seres que se elevaram então? Seres das estrelas? Seres sobrenaturais que hoje se chamam de extraterrestres? A questão é pertinente sem dúvida, mas ainda assim merece uma resposta plausível. Vulgares seres humanos é que não seriam certamente...

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Estatueta/escultura representando a deusa Vajra Dakini ou Vajra Varahi, uma Dakini do Tibete, nos Himalaias. Poderes sobrenaturais, mulheres da Terra que se transformam em deusas...?! E que mais se poderá aludir que não seja, o terem-se dado de conhecimentos e ensinamentos dos deuses e com «eles» terem subido aos céus, depois de infernizarem na Terra, os seus múltiplos e estranhos dotes estelares?! Que mulheres eram estas? De onde vieram e para onde foram???

As Viajantes Etéreas...
Conhecidas no Tibete como Khagro-ma («viajantes etéreas»), as ferozes Dakinis são muitas vezes mencionadas na literatura da ordem Nyingmapa, que narra a maneira como elas eram capazes de voar pelos céus como anjos, transportando sábios através de longas distâncias.

Enquanto Consortes, ou «Companheiras de Sabedoria» - dos Budas ou Supremos -  as Dakinis possuíam um conhecimento íntimo e, imediato, sobre os mantras especiais, as práticas de Ioga e os Ritos Esotéricos. Por esta razão, os grandes adeptos aproximavam-se das Dakinis para aprenderem as técnicas secretas e os rituais que lhes poderiam proporcionar ou granjear percepções sobre-humanas e poderes incríveis, só comuns de facto aos deuses!

Vajra Dakini, também conhecida como Vajra Varahi, foi considerada como sendo especialmente acessível, uma vez que era famosa pela sua compaixão maternal e altruísmo. A própria Vajra Dakini encarna na figura da abadessa de Samding, a encarnação feminina mais venerada do Tibete! As ruínas do Mosteiro de Samding erguem-se nas margens do lago Yamdrok, a leste de Gyantse.

Concluindo: estas formosas e não tão ferozes assim Dakinis, viajantes entre o Céu e a Terra, que é como quem diz, entre o planeta Terra e algures no Cosmos como viajantes interestelares (já na época citada) foram, exemplarmente, as propulsoras de todos os conhecimentos, de todas as sapiências e alquimias estelares na Terra. Abençoadas sejam por isso!

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A Morte no Budismo: não é um fim, antes um início para outro começo, outra entrada num outro mundo. O Livro Tibetano dos Mortos explica-o. Compreendendo-o ou não, e não enjeitando a meditação, a introspecção e mesmo a reflexão sobre o que fazemos na vida de bom ou de mau, guiar-nos-à para esse outro caminho fora da Terra; ou seja, como num livro aberto, longe de tudo o que conhecemos até aqui.

O Caminho das Almas
No Budismo, a morte não se limita de facto a ser um fim; a ter um abrupto ponto final sobre todas as coisas. A Morte para os Budistas não passa de uma simples passagem para uma nova reencarnação como é sabido por todos os entendidos ou os que estudam estas matérias; inclusive psiquiatras que têm na sua especialidade o tema e as práticas usuais das sessões por hipnose em que se faz a regressão a vidas passadas dos seus clientes/utentes. Daí que seja natural a abordagem desta temática mesmo por parte dos actuais médicos nesta área.

Tal como Buda um dia o encetou, todos nós o podemos fazer intervir; ou para todos aqueles que para tal se sintam suficientemente preparados - para completar a já mencionada Libertação.

O período que se segue à morte do corpo físico é referido como sendo um «estado intermédio» (bardo, em tibetano) e é descrito numa série de fontes, sendo a mais famosa de todas a que data de cerca do século XIV e que, é conhecida no Ocidente, pelo título utilizado pelos primeiros tradutores: «O Livro Tibetano dos Mortos».

Para os Budistas Tibetanos, a Morte e o Bardo, proporcionam uma oportunidade excelente de expulsar as ilusões engastadas no corpo físico (e por vezes libertação da dor física), assim como de ficar frente a frente com a Realidade! Seja ela qual for...

O Budismo Vajrayana recriou o «bardo» através dos rituais e das técnicas mentais que imitavam a experiência da morte. Fazia-se isto a fim de preparar os indivíduos para o inevitável confronto - ou passagem - e para lhes permitir assim reflectirem sobre a vida com muito mais clareza.

Esta Realidade é conhecida como a «Natureza do Buda». Encontra-se latente em todos os indivíduos e manifesta-se na forma das Divindades Pacíficas - e furiosas! - que se acredita residirem na mente e no coração.

Nos dias que se seguem à morte, à medida que o Falso Universo de um indivíduo desmorona, essas divindades aparecem numa sucessão de poderosas visões. No caso de se ser cristão-católico será Jesus, se for judeu, será Moisés porventura, e no caso dos islamitas, será Maomé e por aí fora. A figura amena e libertadora será aquela com que nos identificaremos mais.

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A Morte/Vida ou, a entrada no Cosmos, nessa outra dimensão para a qual todos nós entraremos um dia, e que sentiremos, estou em crer, que será a triunfal porta de entrada para outros mundos, outras dimensões ou outras vibrações de tantas outras cores e emoções; basta deixarmo-nos ir... basta contemplar o que vem ter connosco, sabendo que do Cosmos ao Cosmos (em tantos outros planetas existentes nele), ou entre Deus e o Universo só estamos nós... e outras muitas biliões, triliões ou tanto mais de almas por ali...

A Morte: apenas uma viragem de página...
Muitas pessoas - população em geral e por todo o globo, e mesmo sem qualquer referência religiosa - aquando se deparam com o estado de quase-morte, ficam aterradas pelo que vêem surgir de dentro de si, ou não, encontrando a paz e a harmonia jamais sentidas. Nas experiências havidas de retorno à vida, são muitos os testemunhos de uma tranquilidade sem limites e uma vontade inquestionável de aí permanecerem sem querer voltar.

No entanto, no Código Budista, legitima-se esse certo terror inicial no que é comum a todas as pessoas esse sentimento de fragilidade mas também alguma vulnerabilidade (lembrem-se que estamos a falar somente da parte cognitiva e emocional, sem haver a parte física, logicamente), elas tendem a fugir em direcção às coisas que lhes são familiares e que as fazem sentir bem - ligações que, inevitavelmente, as conduzem ao Renascimento!

Ainda segundo o Budismo, as Almas Boas e Virtuosas, podem mesmo renascer no Céu e o mal poderá acabar por ir parar ao Inferno. Note-se que, neste caso, existe mesmo o Inferno! Convém então não prevaricar, acreditamos.

Nenhum destes Outros Mundos (supostamente coesos e imbuídos de muitas outras almas!) é permanente e, a Reencarnação, é considerada como sendo inevitável e incontornável.
No entanto, os Puros e os Heróicos, são capazes de ver para além das aparências e, procurando refúgio junto do Buda, alcançam uma libertação completa dos laços que os unem à existência condicionada.

Sendo irreversível o processo da Morte, assim como o da Vida (a não ser em casos extremos ou pontualmente de interrupção, divina ou não) o processo é mesmo imparável mas, inegavelmente também, uma sugestão optimista de se estar continuamente a criar vida, a gerar algo mais do que uma só vida. Aqui também, existe um ciclo interminável até se atingir a perfeição...

Havendo a percepção e, sensibilidade de se possuir uma Alma, então o caminho é esse, no que é de facto mirabolante e tão estrondoso (ou fantástico!) quanto o das estrelas no céu que nos guiam e nos identificam como parte de si. Na Terra ou algures no Cosmos, seremos sempre parte integrante desse todo. Esse Todo que é Tudo do Uno, é mesmo uma parte de nós, e isso, ninguém nos tira!

Só temos de acreditar e, desejar, que assim seja. Entre o Cosmos e o Divino, Deus e o Universo, ou, essa idêntica e pujante força do Uno que se encarrega de nos dar sabedoria e inteligência, raciocínio e assimilação para saber o que fazemos no mundo (seja ele que mundo for...) então, o caminho está traçado, possivelmente há muito.

Seja na Terra ou por aí... nesse tão vasto e maravilhoso Cosmos que é de todos nós, a nossa alma irradiará em maravilhoso arco-íris; mesmo que Deus não seja Deus e o Universo outros Universos... Brevemente o saberemos...

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