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terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Sozinho no Espaço...

Resultado de imagem para bruce mcCandless, primeiro astronauta no espaço
A Mais Louca Aventura no Espaço (na imagem, Bruce McCandless, da NASA, em 1984): O primeiro homem que teve a coragem de desbravar sozinho aquela imensidão negra, aquela devassidão de tudo e nada, sem saber que se tornaria em imagem e progresso, na icónica mensagem de que o Homem tudo pode, basta acreditar...

"Eu queria dizer algo parecido com o que disse Neil Armstrong quando aterrou na Lua e, por isso, disse: «Pode ter sido um pequeno passo para Neil, mas foi o raio de um grande passo para mim». Isso aliviou um pouco a tensão."

            - Afirmação de Bruce McCandless, anos mais tarde, ao  recordar a sua caminhada espacial -

Reformular a Imaginação...
Tudo o que foi preciso para ter a coragem ou, sonegar medos, para se defrontar o mais afoito dos momentos e das circunstâncias-limite que, neste caso, se concentravam no Espaço. Ele foi bravo e guerreiro, ainda que silencioso e pioneiro em face ao desconhecido.

Bruce McCandless, foi o primeiro astronauta a andar livremente no Espaço sem qualquer ligação à nave, no que hoje recordaria ainda, não fosse a vida lhe ter expirado esse último momento em que de novo se sentiu pairar e, voar, sem qualquer limite, sem qualquer fronteira...

Há uma semana que, comemorando as festas natalícias de uma ocidental ocorrência de benemerência e certa pacificação - reiteradas ambas numa atmosfera de doce contemplação (semelhante a algodão doce e àquele aroma tão próprio do Natal em que se misturam todas as temperadas bonanças da infância à idade adulta) - e nada nos faria pensar, por um segundo que fosse, que heróicos homens do espaço nos deixariam sem se despedirem. Ainda que, oitenta anos, fosse a exacta e bonita idade de Bruce ao se ter entregue aos deuses ou, àquele negrume gélido, que um dia nos seus braços o teve e o sustentou em deambulante condição de um ser que se achou ser Deus...

Com o azul do planeta Terra como pano de fundo, planando na mais desconhecida escuridão cósmica, Bruce deu ao mundo (na época) o que ainda hoje nos faz sonhar de tanta espacial aventura mas igual solidão - ou afronta com o destino do ser humano que era, mas, em igual junção, a paralela ambição de um dia ser mais do que um simples ser, do que um «simples» astronauta, simplesmente por se ter feito passear sobre céus em que mais ninguém se aventuraria. Não, no imediato. Outros houveram depois disso, com êxito ou fracasso e, muitos deles, em igual apreensão, no que a História os não homenageia por feitos que não quer lembrar ou entretanto se faz esquecer.

E para a História nos ficou esta imagem, de «Sozinho no Espaço», a mais de 90 metros do vaivém espacial Challenger, sem qualquer cabo de ligação. Um susto! Para mim, sê-lo-ia; para muitos de nós também. Aqui fica então a nossa reverência, a nossa humana reverência a alguém muito especial.

"A foto icónica de Bruce a flutuar sem esforço no Espaço inspirou gerações de norte-americanos a acreditar que não havia limites para o potencial humano.»
      - Afirmação, em comunicação oficial, do senador republicano John McCain, que foi colega de Bruce McCandless, na Academia Naval dos Estados Unidos.

Nascido em Boston, McCandless foi um brilhante aluno do curso de Engenharia Eléctrica e Administração, tendo-se formado então na já mencionada Academia Naval dos Estados Unidos. Exerceu com brio e honra, certamente, o desafio que todavia lhe surgiu pela frente aquando a premente missão como aviador naval na crise dos mísseis de 1962 (do bloqueio cubano). Foi ainda um dos comunicadores da missão de controlo em Houston, quando Neil Armstrong e Buzz Aldrin efectuaram o famoso e mundialmente conhecido passeio lunar em 1969.

Tendo sido seleccionado para o Programa Gemini - Programa de Treinos dos Astronautas - sendo admitido e aí inserido com distinção, foi também piloto de reserva para a Primeira Missão Tripulada - Skylab - em 1973. Por meados de 1990, fez também parte da tripulação do vaivém espacial que colocou o não menos famoso Telescópio Hubble em órbita.

Depois de deixar a sua «casa-mãe» - NASA - Bruce McCandless trabalhou ainda com afinco e precisão sobre todos os conhecimentos adquiridos para a Lockheed Martin, no Colorado.

Bruce McCandless partiu assim para as estrelas no mês de Dezembro de 2017. O mundo ficou mais só e nós, com ele. Por entre outros que, sozinhos mas não no espaço, se vêm todos os dias em luta de gladiadores por buscar uma honra, um préstimo, ou uma pequena glória mesmo que em amadorismo ou voluntarismo, sobre a Terra que não sobre o Céu, que esse está longe, muito longe.

E, sentados no sofá da sala de uma qualquer habitação terrestre, vendo pela enésima vez o «Sozinho em Casa», nos não atrevemos a sequer pensar - ou sentir ser - como, um dia, naquele estóico dia, Bruce se viu a navegar pelas estrelas em céu nocturno, em céu que não sendo jamais nosso, nos poderá dar uma fatia, uma pequena fatia cósmica do seu enorme bolo de conhecimento.

A Bruce McCandless e a tantos outros que não conhecendo, prestarei apenas a minha humilde mas sincera homenagem por todos os pequenos grandes passos do Homem e, para a Humanidade, que todos eles nos prestam e prestarão no futuro anunciado.

Que 2018 nos traga outros mais e maiores voos pelas estrelas, outros mais bravos homens que se deixam assim deslumbrar sem perder a razão e os objectivos espaciais - e quiçá um dia, interestelares - por entre o negrume dos espaços e a luz das estrelas, sem perderem o pé e a lógica pelos quais valeu a pena estar-se ou não: «Sozinho no Espaço»...

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